Brian Johnson, conhecido como Rei do Fígado, construiu um império milionário promovendo seu chamado “estilo de vida ancestral”, baseado em dietas extremas e desafios corporais radicais. O influenciador norte-americano se tornou famoso por consumir xarope de bordo, ovos e carnes cruas — incluindo fígado, coração, cérebro e testículos — enquanto envolvia toda a família na rotina. Contudo, a imagem de “homem natural” ruiu após Johnson ser exposto publicamente e acusado de fraude, culminando em sua recente prisão por ameaças terroristas.
Ascensão e construção do mito do Rei do Fígado
Johnson cresceu no Texas sem o pai, que faleceu quando ele era bebê. Sem uma figura paterna, encontrou no irmão mais velho um modelo de masculinidade, o que o levou a desenvolver problemas de autoestima. Determinado a não ser mais “fraco”, passou a frequentar academias ainda criança, chegando ao ponto de relatar que teve seu primeiro orgasmo durante um treino de supino. Filmes de ação como Rambo alimentaram ainda mais o ideal de corpo e força que perseguia obsessivamente.
Movido pela saúde frágil dos filhos, Rad e Stryker, Johnson adotou hábitos radicais baseados no chamado “modo de vida ancestral”, inspirado em Mark Sisson. Ele e a esposa eliminaram todos os alimentos industrializados e passaram a alimentar os filhos apenas com carnes cruas, ovos e caldo de osso. Os meninos, hoje adolescentes, também dormem em camas próximas ao chão para “evitar radioatividade” e chegam a consumir 15 ovos crus por dia. Muitos críticos apontam que essa imposição configura abuso infantil.
De empresário milionário a influenciador exibicionista
Johnson fundou a Ancestral Supplements, empresa que vendia suplementos derivados de órgãos de animais. O sucesso inicial levou o influenciador a criar canais no TikTok e Instagram, onde passou a exibir façanhas como arrastar picapes com correntes e levantar pesos gigantescos. Com mais de 250 mil clientes, consolidou-se como símbolo do “homem primal” e ficou conhecido globalmente como Rei do Fígado (Liver King).
O influencer também criou os chamados “9 dogmas ancestrais”, com preceitos como “Luta”, em que defende o dever de proteger a própria “tribo” e ostenta armas em vídeos. A exibição extrema passou a ser uma marca registrada, transformando o estilo de vida em um verdadeiro espetáculo online.
A queda: esteroides, mentiras e desmascaramento
Em novembro de 2022, e-mails vazados revelaram que Johnson usava Omnitrope, hormônio de crescimento, contrariando seus discursos de vida 100% natural. O próprio admitiu o uso de esteroides em vídeo, pediu desculpas e confessou que mentia sobre o corpo e a rotina. A revelação custou seguidores, clientes e a credibilidade do “rei”.
No documentário Untold: O Rei do Fígado, Johnson detalha como começou a usar substâncias ainda jovem e explica que mentir fazia parte do “jogo” que ele acreditava precisar jogar para ter sucesso. Após o escândalo, reformulou a dieta para incluir frutas e vegetais cultivados em casa, tentando manter a narrativa de vida ancestral “repaginada” e alegando se sentir mais livre.
Prisão por ameaças terroristas contra Joe Rogan
Recentemente, Brian Johnson foi preso após ameaçar o podcaster Joe Rogan em sua conta no Instagram e viajar até a cidade onde Rogan reside. Johnson foi detido em um hotel, enquanto a esposa deixava o local com seus pertences. O motivo das ameaças permanece incerto, mas Rogan já havia ironizado Johnson em seu podcast, chamando-o de “fraude”.
Depois da prisão, Johnson recebeu ordem de restrição que o impede de se aproximar de Rogan e foi obrigado a passar por avaliações psiquiátricas periódicas. Apesar de liberado, enfrenta repercussão negativa intensa.
O que restou do legado do Rei do Fígado?
Atualmente, Johnson continua ativo nas redes e ainda vende produtos, mas o público se tornou majoritariamente crítico. Os vídeos recentes acumulam piadas e comentários sobre o envelhecimento precoce do influenciador. Embora mantenha uma base fiel, o “rei” perdeu sua coroa e hoje carrega o peso de um personagem que virou símbolo de mentira e excesso.