Em Berserk, de Kentaro Miura, Griffith é apresentado como um líder carismático, de cabelos prateados e armadura branca reluzente. Porém, por trás dessa imagem quase angelical, existia uma ambição implacável. Desde a infância pobre, ele sonhava em alcançar um castelo distante, símbolo de um reino moldado apenas pela sua vontade. Esse sonho foi a força motriz para a criação do Bando do Falcão, mas também a semente da tragédia que viria.
Cada vitória apenas alimentava ainda mais esse objetivo, transformando amigos em peças de um tabuleiro. O próprio brilho de Griffith servia como contraste ao lado sombrio de seus planos, prenunciando o Eclipse — evento que selaria a traição do Bando. Assim, a queda não aconteceu de forma repentina, mas como a conclusão inevitável de uma ambição que não permitia rivais ou iguais.
A relação entre Griffith e Guts
A entrada de Guts no Bando do Falcão intensificou essa trajetória. Um mercenário imenso, de espada colossal, cuja força bruta acelerou os planos de Griffith. Desde o primeiro duelo entre eles, Miura mostra que Griffith não via apenas um aliado: via um recurso valioso, alguém que poderia servir ao seu sonho.
Mas essa relação sempre teve um desequilíbrio. Enquanto Guts buscava reconhecimento como igual e amigo, Griffith enxergava nele uma peça indispensável para a conquista de seu reino. A cena em que Guts ouve Griffith dizer que só considera amigo quem tem sonhos próprios deixa claro o conflito: Guts deseja ser visto como par, mas Griffith jamais aceitaria dividir o mesmo patamar.
Esse contraste é intensificado nas conversas íntimas e nas batalhas, com a arte de Miura explorando olhares de orgulho, posse e até medo. A ligação entre eles oscilava entre irmandade, rivalidade e dependência, mas sempre com uma sombra: o risco de Guts destruir o equilíbrio da ambição de Griffith.
O ponto de ruptura e o Eclipse

A ruptura acontece quando Guts decide deixar o Bando, inspirado pelas próprias palavras de Griffith sobre independência. Para Griffith, a partida de Guts é sentida como a maior traição, abalada por um medo irracional de perder o rumo do sonho.
Essa perda de controle leva a sua queda: um encontro impensado com a princesa Charlotte resulta em prisão, tortura e a destruição de seu corpo físico. Quebrado, sem fala e sem movimento, Griffith encara o Behelit — o artefato que oferece a chance de concretizar seu desejo a um custo terrível.
Quando o Behelit desperta e transporta o Bando para a dimensão do Eclipse, Griffith recebe a escolha derradeira: sacrificar todos os seus companheiros em troca de se tornar Femto, uma entidade demoníaca entre a Mão de Deus.
A escolha consciente da traição
O momento decisivo não é mostrado como destino inevitável, mas como uma decisão. Diante dos gritos desesperados de Guts e Casca, Griffith pronuncia “Eu sacrifico” e entrega o Bando do Falcão à morte.
Essa transformação em Femto revela o verdadeiro sentido da traição: não foi por raiva ou vingança, mas pela convicção absoluta de que nada era mais importante do que o próprio sonho. Para Griffith, vidas sempre foram degraus para erguer o castelo que idealizava.
O Eclipse apenas concretizou aquilo que já estava implícito desde o início: Griffith nunca hesitou em colocar sua ambição acima de tudo, e a relação com Guts, por mais intensa que fosse, não seria suficiente para freá-lo.
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