A polêmica em torno da terceira temporada de One Punch Man expôs de forma dolorosa o quanto a vida dos animadores japoneses é marcada por pressão e esgotamento. Após seis anos de espera, a estreia da nova temporada, produzida pelo estúdio J.C. Staff, foi recebida com forte rejeição por parte do público devido à queda drástica na qualidade da animação.
O que deveria ser o retorno triunfante de Saitama acabou se transformando em um exemplo de como a toxicidade nas redes e os problemas estruturais da indústria de anime se entrelaçam.
O diretor Shinpei Nagai, responsável pela nova fase da série, se tornou o principal alvo da frustração dos fãs. Após receber uma enxurrada de mensagens de ódio e assédio nas redes sociais, ele decidiu desativar sua conta no X (antigo Twitter), mencionando o impacto que o episódio teve em sua saúde mental. O caso gerou enorme repercussão dentro da comunidade de animadores, com diversos colegas expressando apoio e denunciando o ambiente hostil criado pelos ataques virtuais.
Shinpei Nagai, director of One Punch Man (S3), did not deserve any of the hateful and abusive comments he received.
Part of you is sick, for real, not in a figurative sense. This is not the first time that a director has deactivated his own account.
I feel like you guys will… pic.twitter.com/11qmLxQsQo
— 🇧🇷 (@Hatchofly_) October 22, 2025
Contas conhecidas no meio da animação, como @Hatchofly_, compartilharam depoimentos de profissionais que vivem situações semelhantes, destacando o quanto as críticas exageradas e o assédio online afetam quem trabalha nos bastidores. Muitos lembraram que os animadores não têm total controle sobre as decisões criativas, já que os comitês de produção — formados por empresas e investidores — são quem realmente definem prazos, orçamento e direção artística. Ainda assim, são os animadores e diretores que acabam se tornando os rostos da insatisfação dos fãs.
A situação de One Punch Man – Temporada 3 não é um caso isolado, mas um reflexo da crise de condições de trabalho da indústria de anime. Jornadas longas, baixa remuneração e prazos impossíveis tornam o processo de produção exaustivo, e quando o resultado não agrada, os próprios criadores são expostos a ataques pessoais. A polêmica, portanto, vai além da qualidade visual da série: ela revela um problema estrutural que ameaça o bem-estar dos profissionais e a sustentabilidade da animação japonesa.
Você pode assistir a One Punch Man (boa sorte) no Crunchyroll.
