A terceira temporada de One Punch Man chegou com enorme expectativa, mas rapidamente mergulhou em críticas por conta da animação irregular e falta de impacto visual. Desde sua estreia em 2015, a série se destacou justamente pelo oposto — a combinação perfeita entre sátira e espetáculo, elevando as batalhas de Saitama a um patamar quase lendário. Hoje, no entanto, a franquia corre o risco de perder o brilho que a tornou icônica.
O problema não está apenas na mudança de estúdio — do elogiado Madhouse para o criticado J.C. Staff —, mas na ausência de uma direção criativa consistente. A nova temporada adapta o Arco da Associação dos Monstros, um dos momentos mais intensos do mangá, mas a falta de fluidez nas lutas e o uso excessivo de quadros estáticos minam toda a emoção da história.
O caso mais emblemático é a cena de Garou deslizando por uma colina, que virou motivo de piada entre os fãs por parecer um recorte imóvel sendo arrastado pela tela.
Apesar das falhas, o maior erro que a produção ainda pode corrigir não está na técnica, mas na priorização narrativa. A equipe precisa concentrar seus recursos nos momentos decisivos, especialmente na luta entre Saitama e Garou, que será o clímax da temporada. Se os animadores conseguirem entregar um episódio de altíssimo nível nessa sequência — mesmo que à custa de cenas mais simples antes —, a série ainda pode se redimir aos olhos do público. Como aconteceu com outros animes de produção instável, um episódio memorável pode salvar toda uma temporada.
Culpar apenas os animadores é injusto, já que a indústria japonesa enfrenta prazos e orçamentos cada vez mais apertados. O diretor Shinpei Nagai reconheceu as limitações da produção e pediu compreensão, afirmando que o anime está “repleto de esforço e dedicação”.
No fim, One Punch Man precisa resgatar o espírito criativo da primeira temporada — aquele que equilibrava humor, impacto e crítica — e concentrar toda sua força no momento certo. Só assim a terceira temporada poderá sair do campo da decepção e voltar a fazer história.
