Com adaptações de sucesso como Solo Leveling e Tower of God conquistando cada vez mais espaço, o manhwa tem ganhado destaque no cenário global. Isso levanta a questão: será que os webtoons e manhwas podem competir com o tradicional mangá japonês?
Editoras japonesas como a Shueisha já reconhecem essa crescente popularidade e até começaram a investir no formato digital, como visto com a criação do JUMP TOON e a versão webtoon de títulos populares como Haikyuu!!, Hell’s Paradise e Blue Box.
Mas, no final das contas, qual dos dois é superior? Essa é uma questão difícil de responder de forma objetiva. Ambos os formatos possuem pontos fortes e fracos, e a preferência entre um e outro varia de acordo com o gosto do leitor. No entanto, há diferenças estruturais e artísticas que podem influenciar essa escolha.
Mangá ou Manhwa: Quem veio primeiro?
O mangá tem uma longa história no Japão, com suas origens frequentemente associadas ao pós-Segunda Guerra Mundial. Obras como Astro Boy de Osamu Tezuka e Sazae-san de Machiko Hasegawa ajudaram a moldar o formato moderno, mas registros indicam que histórias ilustradas já existiam no Japão desde o Período Edo (1603-1868).
O manhwa também tem raízes antigas, tendo surgido nos anos 1920 como um termo para histórias ilustradas voltadas ao público infantil. No entanto, o formato ganhou notoriedade durante a Guerra da Coreia, tornando-se um meio de expressão popular no país. O manhwa moderno, tal como o conhecemos hoje, se consolidou no início dos anos 2000 com o boom da internet, dando origem ao termo webtoon—o formato digital de leitura vertical que se tornou a principal forma de consumo de quadrinhos na Coreia do Sul.
Diferenças entre Manhwa e Mangá
A principal distinção entre os dois formatos está na estrutura e no método de leitura:
- O mangá segue o formato tradicional de páginas e painéis lidos da direita para a esquerda. Embora alguns títulos modernos, como Dr. Stone, sejam desenhados digitalmente, a maioria ainda é feita com papel e tinta, sendo lançada em preto e branco. Algumas séries, como One Piece, recebem versões coloridas posteriormente, mas isso não é o padrão.
- O manhwa, por outro lado, é 100% digital e apresenta cores vibrantes, além de ser estruturado para leitura vertical, deslizando para baixo, o que facilita o consumo em dispositivos móveis. Essa praticidade rendeu ao formato o apelido de “smartoon” no Japão.
Diferenças no Estilo Artístico
O mangá se destaca pela variedade de estilos. Cada mangaká imprime sua identidade visual e narrativa, criando uma grande diversidade artística dentro do meio. Já o manhwa tende a seguir um padrão mais homogêneo dentro de cada gênero:
- No gênero de ação e fantasia, personagens costumam ter queixos afiados, olhos expressivos e cabelos volumosos, um estilo visto em obras como Solo Leveling.
- No romance e isekai otome, os designs são geralmente extravagantes e detalhados, com personagens femininas de traços delicados e figurinos elegantes. Esse padrão se repete bastante, criando uma identidade visual marcante, mas menos diversificada que a do mangá.
Acessibilidade: A Grande Vantagem do Manhwa
Se há um ponto onde o manhwa supera o mangá, é na acessibilidade. Como seu formato foi projetado para o digital, ele é muito mais fácil de consumir em qualquer lugar.
As plataformas de webtoon dominam os rankings de aplicativos de quadrinhos mais baixados. Na Coreia do Sul e no Japão, apps como Piccoma e Line Manga lideram o mercado, enquanto nos Estados Unidos serviços como Tapas, Webtoon e Tappytoon são os mais populares.
Por outro lado, o mangá ainda é muito voltado para o formato impresso, e sua transição para o digital não foi tão fluida. Algumas editoras japonesas, como a Shueisha, oferecem alternativas como o Manga Plus e o Shonen Jump Plus, mas a experiência de leitura nesses aplicativos nem sempre é ideal.
Além disso, muitas séries não estão disponíveis digitalmente de forma oficial. Um exemplo clássico é Berserk, de Kentaro Miura, que possui disponibilidade limitada em plataformas online. Outro caso é o de mangás shoujo e josei, que sofrem ainda mais com a falta de opções digitais fora do Japão. Enquanto a Kodansha disponibiliza alguns títulos em seu app K-Manga, editoras como a Hakusensha ainda não possuem uma plataforma global para esses gêneros.
Já o manhwa, por ser projetado para o digital desde o início, é muito mais acessível para todos os públicos, seja shoujo, shonen, seinen ou josei.
O Problema do Manhwa: Atrasos na Localização
Apesar da popularidade global do manhwa, há um desafio significativo que ainda impede seu crescimento: os atrasos nas traduções oficiais.
Enquanto a Weekly Shonen Jump, da Shueisha, possui um sistema de lançamentos simultâneos em vários idiomas, o mesmo não acontece com os webtoons coreanos. Muitas séries estão dezenas ou até centenas de capítulos à frente da versão traduzida, o que leva muitos leitores a recorrerem a traduções feitas por fãs.
Embora o sistema da Jump também tenha seus problemas, como vazamentos e spoilers antes do lançamento oficial, ainda é uma solução mais eficiente para leitores internacionais. O manhwa precisa melhorar nesse aspecto para consolidar sua posição no mercado global.
Então, qual é melhor?
No final das contas, não há uma resposta definitiva. Tanto o mangá quanto o manhwa possuem características únicas que os tornam especiais.
Se você busca narrativas variadas e estilos artísticos diversificados, o mangá pode ser a melhor escolha. Mas se prefere uma experiência mais acessível, em cores e adaptada ao digital, o manhwa oferece uma leitura mais fluida e prática.
E se ainda não conseguir decidir entre os dois, sempre há a alternativa dos manhuas chineses, que também trazem histórias incríveis e podem ampliar ainda mais seu repertório!
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