A jornada de Kaiju N.° 8, o mangá escrito e ilustrado por Naoya Matsumoto, chegou ao fim após cinco anos de publicação. Com 129 capítulos no total, a obra se destacou no cenário dos mangás shonen ao colocar como protagonista Kafka Hibino, um homem na casa dos 30 anos que sonhava em se juntar à Força de Defesa do Japão para combater ameaças monstruosas conhecidas como Kaiju.
Mesmo com o encerramento da série, a proposta de unir monstros, ação e dilemas existenciais ganhou continuidade espiritual em uma nova obra: Tokyo Fears Rhapsody, que vem conquistando leitores por sua abordagem criativa e inesperadamente emotiva.
Kafka Hibino: um herói fora dos padrões
Kafka Hibino, protagonista de Kaiju N.° 8, foi um marco no gênero por romper com o estereótipo do herói adolescente comum nas obras shonen. Mesmo já adulto, Kafka manteve uma postura idealista e determinada, características que normalmente definem os jovens sonhadores do gênero.
Transformado em Kaiju após um evento misterioso, Kafka se vê dividido entre a humanidade que deseja proteger e a monstruosidade que carrega dentro de si. Esse contraste conduz boa parte da narrativa, marcada por ação intensa, laços de amizade, superação e dilemas pessoais.
Tokyo Fears Rhapsody: o herdeiro não oficial
Com o fim de Kaiju N.° 8, os leitores órfãos da série encontram em Tokyo Fears Rhapsody uma continuidade temática que vai além das aparências. Criado por Akira Sugito e atualmente publicado no portal Wild Hero’s, o mangá começou como uma produção independente nas redes sociais, até ganhar espaço oficial e tradução em inglês pela Viz Media.
A história acompanha Hachiro, um monstro recém-emergido em Tóquio, classificado como um “Fear”. Designado para espalhar caos e destruição como os demais de sua espécie, Hachiro tem seu destino alterado por um momento inusitado: ao provar sorvete pela primeira vez, ele se encanta pela sociedade humana e decide que, em vez de aterrorizar, quer apenas viver uma vida comum repleta de doces.
Paralelos entre monstros e humanidade
As semelhanças entre Hachiro e Kafka vão além da aparência física. Ambos os protagonistas alternam entre personalidades infantis e momentos de maturidade, carregando o peso de serem seres monstruosos que, ironicamente, agem com mais humanidade do que muitos humanos. Visualmente, Hachiro se assemelha à forma Kaiju de Kafka, mas com um toque que remete ao estilo de Kamen Rider, conferindo originalidade à obra.
Assim como em Kaiju N.° 8, as cenas de ação são equilibradas por momentos cômicos. É comum ver Hachiro esquecendo o quão assustador parece, provocando desmaios e reações exageradas nas pessoas ao seu redor, o que rende cenas divertidas e absurdas.
Uma nova força de combate: o Esquadrão de Contenção
Outro ponto em comum entre as duas obras é a presença de uma organização militar. Em Tokyo Fears Rhapsody, surge o “Esquadrão de Contenção (e Erradicação) de Fears”, um grupo humano equipado com trajes especiais e treinado para enfrentar essas criaturas. Hachiro rapidamente se sente inspirado por esse grupo, passando a querer se aproximar deles — comportamento que ecoa o respeito que Kafka nutria pela Força de Defesa.
Apesar de não ter o mesmo prestígio militar da organização em Kaiju N.° 8, o esquadrão em Rhapsody tem papel crucial na formação do protagonista e funciona como catalisador para seu desenvolvimento pessoal.
Temas sombrios, abordagem única
A grande diferença entre as duas séries está na origem dos monstros. Em Tokyo Fears Rhapsody, os Fears são gerados a partir do medo, conceito que lembra obras como Chainsaw Man e Jujutsu Kaisen, nas quais emoções negativas tomam forma física. Essa abordagem oferece mais camadas de simbolismo, permitindo que a narrativa explore sentimentos humanos sob o disfarce do grotesco e do sobrenatural.
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