Cyberpunk: Mercenários perdeu a grande oportunidade de ter uma experiência verdadeiramente imersiva

22/09/2022

Cyberpunk: Mercenários é a animação baseada no jogo Cyberpunk 2077, e apesar da animação ter pontos positivos excelentes, ela também perdeu a oportunidade de ter uma experiência verdadeiramente imersiva.

Cyberpunk: Mercenários perdeu a grande oportunidade de ter uma experiência verdadeiramente imersiva

De muitas maneiras, Cyberpunk: Mercenários é uma carta de amor para Cyberpunk 2077. Não apenas David tem fortes paralelos narrativos com o protagonista de Cyberpunk 2077, V , mas até os episódios são estruturados de forma a se assemelhar às missões do jogo. Da mesma forma que as missões de V no jogo parecem histórias independentes que fazem parte de uma narrativa maior, cada um dos 10 episódios de Mercenários é uma história independente que se desenvolve em direção a um enredo abrangente. Dada essa estrutura narrativa, parece que o anime teria se beneficiado fortemente de uma abordagem mais interativa com o usuário, semelhante a outro filme da Netflix, Black Mirror: Bandersnatch.

Para os espectadores não familiarizados com o programa de televisão britânico, Black Mirror é uma série de antologia ambientada em um futuro alternativo, onde a tecnologia é altamente avançada, mas também funciona em detrimento da humanidade. Embora ambientado no mesmo universo, cada episódio é uma história independente que se concentra em um elenco diferente de personagens e satiriza os aspectos tecnológicos da vida cotidiana da pior maneira possível.

Como se concentra em satirizar o avanço tecnológico, Black Mirror cobriu tudo, desde mídias sociais, aplicativos de namoro, compartilhamento de viagens, trollagem na Internet, videogames e até política britânica. Era apenas uma questão de tempo até que Black Mirror satirizasse os jogos de RPG de uma maneira inteligente, e isso aconteceu com Black Mirror: Bandersnatch de 2018.

O enredo de Bandersnatch é bastante simples: em 1984, um adolescente inglês chamado Stefan Butler (Fionn Whitehead) decide adaptar um romance de aventura chamado Bandersnatch para um videogame e falha. Como Stefan falha, no entanto, depende do espectador, já que o filme interativo da Netflix permite que os espectadores tomem decisões por Stefan, levando a muitos caminhos e finais de vida possíveis. Um dos finais do filme mostra Stefan descobrindo que ele é um personagem de um filme da Netflix com milhões de espectadores controlando suas ações.

Como os jogadores jogam como V em Cyberpunk 2077 e controlam sua aparência e ações ao longo do jogo, a Netflix perdeu uma grande oportunidade de capitalizar a premissa de RPG do jogo com Cyberpunk: Mercenários. Para uma experiência verdadeiramente imersiva, Mercenários poderia ter sido transformado em outro filme interativo no qual os espectadores controlam as ações de David e exploram diferentes caminhos e finais de vida para ele, assim como os jogadores fazem com V. Na verdade, uma das vantagens de jogar como V em 2077 é que os jogadores podem escolher o gênero do personagem – masculino, feminino ou não binário – e personalizar sua aparência.

Permitir que os espectadores escolham o gênero e a aparência do personagem principal em Mercenários os investiria facilmente no enredo e permitiria que eles escolhessem os caminhos de vida do personagem. Isso é outra coisa que os jogadores fazem com o V: eles podem escolher um dos três caminhos de vida para eles, neste caso, Corporativo, Streetkid ou Nomad. Como David em Mercenários acaba cumprindo todos os três caminhos de vida à medida que sua história avança, seria uma experiência mais emocionante para os espectadores escolher um desses caminhos e ver para onde sua história vai, enquanto pode escolher os outros dois caminhos mais tarde.

Permitir que os espectadores escolham os caminhos da vida de David também manteria sua história imprevisível com a oportunidade de explorar muitos finais para ele, assim como os jogadores fazem com V.