Chrollo Lucilfer, líder da Trupe Fantasma em Hunter x Hunter, é um dos vilões mais fascinantes e complexos do anime. Ele não se encaixa no estereótipo do antagonista “puro mal” típico dos shonen. Ao contrário, ele é uma figura fria, estratégica e cheia de nuances, que atua em uma zona moral cinzenta. Vamos explorar por que chamar Chrollo simplesmente de “maligno” é reduzir a profundidade de seu personagem.
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A moralidade de Chrollo: lealdade seletiva e raízes em Meteor City
A liderança de Chrollo na Trupe Fantasma revela muito sobre seus princípios. Ele valoriza profundamente a lealdade dentro do grupo, demonstrando verdadeiro pesar pela morte de membros como Uvogin. Porém, essa empatia não se estende a quem está fora da Trupe — civis e inocentes são meramente descartáveis.
Essa moralidade seletiva tem raízes em Meteor City, um local esquecido pelo mundo, onde os habitantes não são reconhecidos oficialmente pela sociedade. Lá, Chrollo aprendeu que a força e o roubo eram justificáveis diante da rejeição. O lema local, “Não rejeitamos ninguém, então não tire nada de nós”, reflete essa mentalidade: seus crimes são vistos como uma forma de recuperar identidade e dignidade negadas pelo mundo exterior.
A busca existencial de Chrollo por identidade
O aspecto mais intrigante de Chrollo está em seu uso da habilidade Skill Hunter para roubar os poderes de outros usuários de Nen. Ele não parece buscar apenas poder pelo poder, mas sim uma construção existencial de identidade. Para alguém vindo de um lugar sem história reconhecida, cada habilidade roubada representa mais do que força — representa apropriação de significado, propósito e trajetória.
Durante sua luta contra Hisoka, vemos um lado ainda mais filosófico de Chrollo: ele reflete sobre a natureza da vida e da morte, enquanto manipula espectadores inocentes para alcançar seus objetivos. Ele é capaz de apreciar a beleza enquanto causa destruição, demonstrando um equilíbrio desconcertante entre contemplação e brutalidade.
A ambiguidade moral desconfortável de Chrollo
O autor Yoshihiro Togashi constrói em Chrollo um símbolo máximo da complexidade moral que permeia Hunter x Hunter. Em uma narrativa onde heróis podem ser egoístas e vilões podem ter princípios, Chrollo representa a pergunta definitiva: é possível reduzir seres humanos a categorias simples como “bem” e “mal”?
O desconforto que sentimos ao ver suas lágrimas, sua lealdade genuína e seus pensamentos profundos mostra que os vilões mais perigosos são aqueles que justificam atrocidades com base em empatia seletiva. Ele não se enxerga como um vilão — e talvez seja isso que o torna tão aterrorizante.
Hunter x Hunter é uma série de mangá escrita e ilustrada por Yoshihiro Togashi e publicada na revista Weekly Shōnen Jump desde 3 de março de 1998, apesar do mangá ter entrado em frequente hiato desde 2006.
A história tem como protagonista Gon Freecss, um menino de 12 anos que quer encontrar o seu pai a todo o custo, então ele decide se tornar um “Hunter”, assim como ele, e de alguma forma encontrar o seu paradeiro.
Conforme a história avança, Gon faz amizade com outros três Hunters aspirantes: Leorio, Kurapika e Killua, que o acompanham em suas aventuras. No Brasil, o mangá é licenciado e publicado pela editora JBC desde 2008.
Hunter x Hunter possui duas adaptações em anime, uma lançada em 1999 e outra em 2011. A mais recente delas está disponível na Crunchyroll. Já o mangá de Hunter x Hunter é publicado no Brasil pela JBC.