Em O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, a recusa de Sauron em dizer seu nome verdadeiro é um elemento significativo de sua caracterização, profundamente enraizado na obra de J.R.R. Tolkien. Ao longo das temporadas 1 e 2 da série, Sauron, que se disfarça usando nomes como Halbrand e Annatar, nunca menciona a palavra “Sauron” ao ser questionado sobre sua identidade. Quando confrontado, ele responde com a frase: “Tive muitos nomes.” Essa escolha narrativa reflete um aspecto importante do personagem, já que Tolkien descreveu o vilão como alguém que evita usar o próprio nome, o qual tem um significado negativo que ele rejeita.
O nome “Sauron” foi dado a ele pelos Elfos quando ele se uniu ao maligno Morgoth, e deriva da língua Quenya, significando “o abominável”. Desde que adotou essa aliança e começou a corromper a Terra-média, o nome tornou-se uma marca de seu envolvimento com as trevas e a destruição. No entanto, para Sauron, que se enxerga como um grande ser que traria equilíbrio e cura ao mundo, o título é uma afronta. Ele deseja ser visto como um salvador, um agente de ordem e perfeição, e não como um ser abominável e destrutivo.
Esse distanciamento de seu nome verdadeiro não é exclusivo de Os Anéis de Poder. No próprio universo de O Senhor dos Anéis, há menções de que Sauron evita o uso de seu nome entre seus próprios seguidores. Aragorn, por exemplo, explica que Sauron “não usa seu nome verdadeiro, nem permite que seja escrito ou pronunciado” entre suas forças. Isso reflete o quanto ele despreza a identidade que lhe foi imposta. Sauron não aceita que o vejam como uma figura de terror; ele quer ser admirado e reconhecido por sua grandeza, mesmo que seu conceito de “cura” para a Terra-média seja através do domínio e controle absoluto.
A rejeição do nome Sauron também está ligada à sua história pessoal. Antes de se tornar o tenente de Morgoth e o grande antagonista de O Senhor dos Anéis, Sauron era conhecido como Mairon, que significa “o admirável” em Quenya. Ele era um Maia, uma entidade espiritual poderosa e de grande habilidade, originalmente visto como belo, honrado e virtuoso. Este nome reflete a imagem que Sauron mantém de si mesmo, mesmo após sua queda: ele ainda deseja ser o grande salvador e senhor da Terra-média. A transição de Mairon para Sauron marca sua corrupção, mas também o permanente conflito interno sobre como ele deseja ser percebido versus como ele é visto pelos outros.
Apesar de sua relutância em usar o nome Sauron, ele adota uma série de outros títulos ao longo de sua trajetória, adequados aos papéis que desempenha em suas manipulações. Quando tenta conquistar a confiança dos Elfos de Eregion, ele assume o nome Annatar, “Senhor dos Presentes”, acreditando que está oferecendo algo valioso e magnífico a eles, quando na verdade está conduzindo-os à destruição. Em Númenor, ele adota os nomes Zigûr, “o feiticeiro”, e Artano, “alto ferreiro”, ressaltando suas habilidades extraordinárias. Mais tarde, quando atinge o ápice de sua influência em Númenor, ele se autodenomina Tar-Mairon, que significa “rei adorado” — uma tentativa de se consolidar como o governante venerado que sempre acreditou ser.
Em Os Anéis de Poder, apesar de evitar o nome Sauron, ele também não exige que o chamem de Mairon, seu título original. Em vez disso, mantém uma postura ambígua, usando seu refrão característico, “tive muitos nomes”. Isso pode estar relacionado a questões legais, já que a série possui os direitos de adaptação dos livros de O Senhor dos Anéis e O Hobbit, mas não de todas as obras da Segunda Era, como O Silmarillion, onde o nome Mairon é mencionado. Embora a série tenha conseguido negociar o uso de alguns termos adicionais, a manutenção de Sauron como uma figura que evita qualquer nome fixo reforça sua natureza enganosa e enigmática.
Se passando milhares de anos antes dos eventos de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, a série ocorre durante o período conhecido como a Segunda Era da Terra Média, mostrando a ascensão de Sauron ao poder e a criação dos Anéis do Poder. A produção foi criada por J. D. Payne e Patrick McKay com base na obra de J. R. R. Tolkien.
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