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Uma análise psicossocial da vida dentro e fora dos games

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psico

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Dentro dos games eu posso ser a pessoa que eu não sou fora dele, é um mundo totalmente novo e diferente da realidade sofrida, da sociedade opressora e brutal do dia-a-dia. Verdade ou mentira? Porra nenhuma, caro leitor, que franze as sobrancelhas enquanto lê essa negativa. Nesse post pretendo mostrar-lhe que você é a mesma ameba que é fora dos games, e ainda reforça toda a triste realidade que tanto odeia, com simples atitudes ingame.

Aviso: Esse post pode, ou não, conter um ou outro exagero esteriotipado, mas apenas por motivos pseudo-científicos. Se for ler, certifique-se de ler até o fim.

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item1

Você, querido leitor fora do peso ideal, abaixo da estatura média de sua roda de amigos, desprovido de repertório intelectual e com a destreza e músculos de um pardal: é com você que eu quero falar. Você, que provavelmente sofre calúnias diárias por algum defeito físico ou tique nervoso que o faz assoviar sempre que vê alguém comendo pastel, eu sei que tipo de personagem você escolhe. Não é o Orc, cujo poder é gritar e espantar amigos e inimigos, que não é bem vindo em cidades nem para comercializar bens conquistados em quests, que sofre para subir de nível, mas no fim do jogo pode ser um ótimo personagem. Não, o Orc não. O Orc parece comigo. Ele é feio, tem dentes tortos. Eu vou escolher o Guerreiro, ele tem bônus de ataque, é loiro e me lembra aquele garoto popular da escola que eu sempre invejei.

item2

Aqui eu vou te dar uma colher de chá, já que você não tem muita escolha e o mundo da moda está em alta nos games. As armaduras, assim como as roupas de grife, são algo que fazem a diferença até mesmo no modo de você jogar. Ela pode até não te dar bônus algum de proteção, mas você está todo de preto e com uns espinhos saindo das costas e da cabeça. Cara, isso afeta seu psicológico. Você começa a jogar melhor, estuprar seus inimigos com sua espada longa +15, andar no meio da cidade e podendo jurar que todas as gatas de Windhelm estão te olhando de rabo de olho. Você simplesmente se sente bem. E aquela armadura mágica de ferro e couro élfico, feia, mas que te possibilita respirar embaixo d’água e correr 10% mais rápido? Ah, ela pode esperar lá no fundo do meu inventário, por uma missão que envolva água, que nunca vai chegar.

item3

Até nos games não dão chance prazamiga. Você, querida lagarta que está esperando virar uma borboleta, assim que o ciclo da sua menstruação estabilizar – “são hormônios”, você diz para todos, tentando se convencer – e parar de encher sua face de horrorosas acnes: você não quer jogar com uma versão de você mesma, né? Não, a Lara Croft me representará muito bem. Ela corre por uma ilha inteira sem cansar, enfrenta hordas de mercenários satanistas, salva todo mundo da morte iminente e tem uma pele linda e hidratada. Ok, você sabe que ao falar de pele linda e hidratada, eu estou falando de peitos maiores que minha cabeça, certo? Enfim, todas as aventureiras de video-games são lindas, não suam as axilas e tem dentes branquinhos. Bem parecidas com aquela inimiga recalcada do Facebook, sem conteúdo, que você tanto odeia.

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item4

Você precisa salvar o mundo, que está a beira da destruição por causa de um dragão antigo que despertou, e… espere. Aquela senhora absolutamente sem importância para o enredo da história principal parece precisar de ajuda para encontrar um tipo de flor que só nasce perto da casa do caralho, logo ao lado de um acampamento de gigantes. Preciso ajudá-la, isso vai me dar dinheiro, poder e quem sabe um item raro! De quê adianta salvar o mundo, se eu não vou poder chegar na festa de comemoração com um alazão zumbi que cospe fogo e uma armadura mágica que me deixa invisível quando eu quiser? Eu jamais faria algo esperando alguma coisa em troca, mas essa velhinha parecia precisar tanto…

item5

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De vez em quando, talvez raramente, ou as vezes com uma certa frequência – de 5 em 5 minutos-, gostamos de atacar cidadãos pacatos da cidade sem nenhum motivo aparente. Não é porque eles nos fizeram algum mal, ou porque se deitaram com nossa bela donzela, quando ela se dopou com um elfo negro em uma taverna qualquer. Não. A gente ataca porque pode, porque é divertido. Meu personagem é tão imponente, tão forte e superior que seria uma desperdício passar por esse vendedor inocente e não lhe descer uma machadada e dividir sua coluna cervical.

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Engraçado ou não, exagero ou não, os jogos imitam a vida real mais fielmente do que a gente gostaria. Aquele esteriótipo que você tanto odeia é sempre a opção mais atraente para você. Atitudes que você repudia, são as exatas atitudes que você escolhe tomar dentro do jogo. O fato é que confirmamos e reafirmamos todas as coisas que consideramos erradas na vida em sociedade. Mas CALMA, isso é bom.

O video-game, de certa forma, te faz experimentar a vida, te faz lidar com situações boas e ruins. Não podemos, e nem conseguiríamos, nos desligar da vida real, por isso é tão difícil pensar em um jogo onde a vida corre como num mundo de fadas e unicórnios alegres. O video-game pode ser um professor, e você, querido Orc, pode se transformar no personagem mais forte do server se jogar da maneira certa.

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