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Game of Thrones – Daenerys pode ser o que você quiser, mas ela não é louca (opinião)

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O penúltimo episódio de Game of Thrones foi sem dúvida um dos que mais deixou o fandom da série dividido. A principal reclamação se focou nas apressadas soluções de roteiro, que acabaram abusando de diversas conveniências para o andar da história e de várias decisões questionáveis para os personagens.

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Talvez o maior exemplo disso seja Daenerys Targaryen, que mesmo após ter derrotado praticamente todo o exército Lannister e com Porto Real completamente rendida, escolheu queimar a cidade inteira, não se importando nem um pouco com os inocentes. Imediatamente, após o fim do episódio, esse era o assunto mais comentado no Twitter, com alguns fãs indignados com a decisão de transformá-la na Rainha Louca e outros apontando que já haviam várias pistas que indicavam a sua possível loucura.

Bem, antes de qualquer coisa, vamos buscar a definição exata de “Loucura”. O Dicionário Michaelis define Loucura como: “1 – Doença mental caracterizada pela alienação total do indivíduo em relação aos fatos que lhe são pertinentes; 2 – Ato, estado ou dito que revela falta de senso ou de juízo; maluquice, piração.”

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Na própria obra de George R. R. Martin temos um exemplo muito claro de loucura, o rei Aerys II, também conhecido como O Rei Louco, que é o pai de Daenerys e o avó de Jon Snow. Assim, como é comum do sangue Targaryen, Aerys já possuía uma propensão para a loucura, mas o começo do seu reinado foi de bastante prosperidade e paz. No entanto, tudo mudou depois de um evento conhecido como o Desafio de Valdocaso, em que o Lorde Denys Darklyn contestou os altos impostos pagos pela sua família à coroa, e conseguiu capturar o rei.

Tywin Lannister cercou a cidade, mas Denys ameaçou que qualquer movimento das tropas o faria matar Aerys. Toda essa situação durou alguns meses, até que Sor Barristan Selmy da Guarda Real conseguiu se infiltrar na cidade de Valdocaso e libertar o rei sem muitos problemas.

Depois desse longo período em cativeiro a loucura de Aerys foi ficando cada vez mais evidente, com ele começando a ter alucinações, se recusando a deixar a Fortaleza Vermelha e criando uma verdadeira paranoia, achando que todos ao seu redor eram seus possíveis inimigos. O rei desenvolveu uma fascinação específica por fogovivo e ordenou aos seus piromantes que criassem uma grande reserva desse material inflamável para basicamente explodir a cidade caso Robert a invadisse.

Voltando para Daenerys, a nossa Mãe dos Dragões não apresentou em nenhum momento da série esses aspectos, mesmo tendo passado por momentos bem difíceis. Indo para o começo do penúltimo episódio, vemos que Tyrion vai contar para a Rainha que existe um traidor, mas quando chega lá Daenerys afirma que já sabe que Jon Snow a traiu. Tyrion indaga que na verdade foi Varys, mas Daenerys responde perfeitamente quem vazou a informação sobre a verdadeira origem de Jon Snow.

Jon contou para Sansa, Sansa para Tyrion, Tyrion para Varys e Varys foi o responsável por começar a espalhar o segrego. Veja bem, ela não estava imaginando inimigos ou traições, ela sabia exatamente o que tinha acontecido e quem tinha feito o que. Além disso, Daenerys sabia sobre o plano de Varys de a envenenar, tal que ela se recusa a comer qualquer coisa, demonstrando que estava completamente no controle da situação.

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Avançando para o ponto mais polêmico da queimar da cidade, em uma primeira olhada pode ficar a impressão de que ela tomou a decisão de colocar fogo no parquinho de última hora, como um ato impulsivo após ouvir os sinos. Mas em uma análise mais profunda é possível perceber que tudo isso já estava premeditado.

Quando Tyrion tenta convencer pela última vez a Daenerys não colocar fogo na cidade, ele diz que quando os sinos tocarem, Porto Real se renderá e ela finalmente conseguirá a sua vitória sem precisar tirar vidas inocentes. No entanto, neste mesmo momento Daenerys virá para o Verme Cinzento e diz “Você vai saber quando for hora”. Bem, a hora foi justamente quando Daenerys começou a colocar fogo em tudo, ou seja, ela já havia combinado com o Verme Cinzento o que aconteceria.

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Sobre o seu momento de hesitação, ele realmente existiu, no entanto, é mais provável que ela estivesse refletindo se dessa vez teria misericórdia ou se seguiria com o seu plano de Fogo e Sangue.

Mas agora você deve estar afirmando, “mas olhe só que ato de tamanha crueldade, ela queimou a cidade completamente rendida, inclusive os inocentes”. Você está completamente certo, o que Daenerys fez foi abominável e terrível, mas ainda não podemos definir isso como loucura.

Voltando um pouco para os livros, durante a Rebelião do Robert, houve um grande evento chamado o Saque de Porto Real, em que Jaime Lannister matou o rei Aerys, e Tywin liderou o exército Lannister em um grande saque na cidade rendida, que resultou na morte de milhares de inocentes, inclusive do resto da família real.

Parecido com o que vimos penúltimo episódio, né? Mas nem por isso Tywin é chamado de louco, na verdade muitos o acham um dos personagens mais inteligentes desse universo. Então, se mesmo com essa crueldade não discutimos se Tywin era louco, por que Daenerys seria?

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João Victor Albuquerque
João Victor Albuquerque
Apaixonado por joguinhos, filmes, animes e séries, mas sempre atrasado com todos eles. Escrevo principalmente sobre animes e tenho a tendência de tentar encaixar Hunter x Hunter ou One Piece em qualquer conversa.