This War of Mine – Review

Games de guerra, caros gamers e leitores. Todos os anos somos bombardeados com centenas e centenas de títulos com uma coisa em comum… a guerra, afinal, que cenário seria mais atrativo para um enredo de um mercado que 99% dos titulos giram em torno de armas e mortes e mais mortes? Guerras com robôs, guerras antigas, guerras medievais, guerras com espaçonaves, guerras no espaço, guerras com exoesqueletos que pulam altão, guerras com cachorros, guerras com armas futurísticas, guerras modernas… enfim, é guerra pra caramba, isso tudo em apenas um ano, e claro, chega uma hora que isso enche o saco. Poxa, não tem nada de novo a oferecer?

Eis que no meio de tanta guerra, claro que cabe ao papel das pequenas empresas desenvolvedoras de games lembrar que acima de tudo, games além de divertidos, podem ser verdadeiras obras de arte totalmente imersas no que o ser humano realmente é, e o papel de traduzir este ponto ficou nas mãos da pequena 11 bit studios.

Esqueça tudo que você sabe sobre games de sobrevivência. This War of Mine leva esse delicioso nicho do mundo dos games a um novo patamar. Sempre que começamos o jogo somos apresentados há 3 sobreviventes que você decidirá suas ações, e cada passo significa vida ou morte, sem mais.

Situado em algum país estranho do leste europeu, os três sobreviventes devem, além de sobreviver ao horror da guerra civil, encarar o inverno, doenças e mais centenas de cidadãos largados ao relento que descobriram que a melhor maneira de sobreviver é matar. Seu “outpost” é uma velha e abandonada casa em ruinas. Como no mais dos padrões dos games de sobrevivência, você deve melhorar sua casa, protege-la e claro, arrumar comida e remédio para os sobreviventes. Mas, é só isso? Não!

Um jogo sobre escolhas e graves consequências

Quando fui apresentado aos meus sobreviventes – Bruno, Pavle e Marko (cada um como um ser humano comum sem nenhuma super habilidade a não ser aquilo que faziam antes da guerra), me deparei com a precaria e caótica situação inicial de uma guerra. Se sentir imerso neste ambiente é desolador. Uma das minhas primeiras tentativas de sobrevivência foram umas das mais fáceis, afinal, a água da chuva escorria pelo purificador caseiro, fazendo ága potável, pequenos animais eram capturados em armadilhas também caseiras colocadas no porão, eu tinha um “workshop” para construir materiais essenciais (camas, lareiras, rádios… qualquer porcaria que torne a vida um pouco melhor), e um pequeno workshop de plantas para fazer remedios caseiros. Sobreviver era fácil… era.
Um dia a noite meu outpost foi invadido por saqueadores, um de meus sobreviventes foi gravemente ferido e tudo que tinha roubado. Minha única escolha a partir daí foi buscar em novos pontos da cidade atrás de remédios e antibióticos, além de comida e água potavel, e são nesses árduos pontos que esse jogo se constroi.

Enquanto alguns terrenos são como playgrounds de saqueadores, outros são bases armadas com bandidos e milicias. Encara-los é sua opção, assim como seu funeral, afinal, por melhor que seja seu equipamento, você não é, nunca foi e nunca será um soldado. Por outro lado, existem locais com sobreviventes tranquilos recheados de suprimentos, como um casal de velhinhos que se encontra ao norte do seu outpost. Eu tive que saquea-los em uma noite, e enquanto o velho implorava para você não machucar ele, nem sua esposa, a velha gritava por socorro e perguntava porque você estava fazendo aquilo. Não só o saqueador, mas como o grupo todo sofreu as consequências desse ataque. A depressão tomou conta do grupo, e sem muitas forças Marko morreu duas noites depois.

Um ambiente sombrio e caótico

O ambiente do jogo foi construído em uma visão 2D, com modelos altamente detalhados. Os estilos de desenho lembram sketchs artísticos, com muitos riscos e formas angulares. Eu realmente não sei porque a escolha desse estilo, mas pode ter certeza que agrada muito a todos os olhares. Os detalhes de fundo como prédios destruídos e casas em chama aumentam o caos e ajudam na imersão ao jogo. É muito fácil se ver totalmente envolvido com seus personagens e o clima de sobrevivência. Perder um de seus queridos sobreviventes dói na alma.

A trilha sonora apesar de simples e padrão, ajuda muito no clima de tensão. O som ambiente foi construído de forma espetacular, e cada som noturno quando se faz uma ronda atrás de suprimentos faz travar cada musculo do seu corpo e te desafia a ir em frente, ou não.

Decisões e saques

Como qualquer jogo de sobrevivência, tudo que você precisa fazer é explorar e pegar suprimentos. Os pontos mais clássicos do estilo, como construir barricadas, meios de suprimento fácil como armadilhas e bancadas de trabalho para aprimorar seus itens atuais não ficam de fora, mas vão muito além do que já conhecemos. Em seu “outpost” destruído há opções de conforto, como construir camas e um rádio a pilha. Estes itens são opcionais, mas a moral do seu grupo paga caro caso decida não optar por esses itens. É importante também ter uma boa estratégia para manter seus personagens aquecidos no inverno, assim como explorar a fundo as nobres habilidades de cada, sempre lembrando que ninguém é um heroi, todos são simples seres humanos tentando se manter vivos.

Decidir qual que deve sair a noite para catar suprimentos, quem fica de vigilha e quem dorme é tão importante quanto achar comida. Uma decisão errada pode significar no final da noite menos itens de saque do que o esperado, alguém do seu membro machucado, seu “outpost” saqueado até o zero, ou pior, algum personagem morto. Fique esperto!

Um ponto a desejar do jogo são os save game. O jogo é salvo automaticamente após cada noite de saque, evitando que você volte atrás de erros noturnos. Tudo bem, isso é legal, mas passar um dia inteiro fazendo coisas e de alguma forma desligar seu computador significa que um dia de avanço estratégico foi perdido. Outro ponto estranho são incongruências do tipo, somente é possível levar um personagem por vez a noite, quando dois poderiam cobrir um ao outro e levar mais saque.

Outro ponto a desejar são as mochilas dos personagens que não podem sem evoluídas. Se por algum acaso você não pegar um bom personagem no começo do jogo (eles sempre são sorteados aleatoriamente), terá que pagar com isso até o fim com personagens fracos para saque, que não possuem muito espaço para carregar itens, o que torna o jogo mais desafiador… sim… mas um tremendo fardo também.

Review elaborado usando a versão de PC do jogo. Cópia fornecida pelo desenvolvedor