A Primeira Guerra Mundial não costuma ser um tema muito abordado pelos jogos de videogame, afinal, por que escolher esse período da história se há uma guerra com proporções muito maiores e com um final muito mais bang (foi mal pela piada, japoneses) cerca de vinte anos depois? Apesar disso, também foi um evento cheio das próprias peculiaridades, como a Guerra de Trincheiras, o surgimento de táticas modernas e a primeira vez que um conflito teve uma escalada global. Aproveitando-se desse cenário todo, Valiant Hears tenta trazer uma abordagem totalmente diferente do tradicional exército de um homem só e tocar você com uma história que apela para o nosso lado humano.
No jogo, você controla cinco protagonistas, mas a história inicia-se com Emile, um camponês que vive na França e que parte para a Guerra, deixando a própria mulher em casa e sentindo mais saudade de sua vida anterior a cada passo que ele dá. Pouco depois disso, Emile acaba sendo capturado pelas tropas alemãs e deve tentar voltar para o seu pelotão e sobreviver a uma guerra onde as metralhadoras são uma das menores ameaças.
O jogo em si funciona praticamente sem diálogos de fato. Boa parte das ações dele são tomadas com balões ilustrativos ou expressões dos próprios personagens. Valiant Hearts dá bastante ênfase a esse tipo de interação, e está sempre colocando você frente a puzzles e a situações que vão fazer você ter que pensar um pouco para avançar. O jogo em si não apresenta muitas cenas de ação, a ideia aqui é outra, é fazer você usar a cabeça e se sensibilizar com o conflito guerra e com os próprios conflitos pessoais de cada um dos personagens.
Apesar de não haver diálogos falados, Valiant Herts tem um narrador que conta alguns dos eventos do jogo conforme ele vai avançando, principalmente durante as cutscenes. Eu não sei se isso foi uma ideia da Ubisoft para permitir que crianças que ainda não saibam ler e escrever joguem esse jogo (até por causa do estilo de arte mais infantilizado) ou algum outro motivo, mas quem esperava diálogos bem elaborados no nível Telltale vai acabar ficando um pouco decepcionado.
Ainda assim, Valiant Hearts traz uma bela narrativa, que certamente vai tocar você, mas aí entra um pequeno problema: o jogo é narrativa e puzzles apenas, e os puzzles são simples demais, o que acaba tornando o jogo num filme interativo de seis horas que tem seus momentos, mas que, pelo menos para mim, acabou falhando em me fazer grudar no jogo e não querer parar até saber como é o fim da história exatamente por não apresentar nenhum grande desafio. Para um jogo do tipo conseguir esse tipo de atenção do jogador, é necessário bem mais do que é apresentado aqui, talvez até exatamente por causa dessa escolha de design que a Ubioft fez ao eliminar os diálogos do jogo.
Graficamente, Valiant Hearts apresenta uma direção de arte bem interessante. Os gráficos são infantis, é claro, mas valem-se de todos os recursos que eles têm para fazer você conectar-se sentimentalmente com os personagens e seus dramas pessoais. Vale notar aqui que o jogo é bidimensional até no cenário, ou seja, não há profundidade, ou você anda para frente, ou para trás. A trilha sonora de Valiant Hearts é interessante e bem composta também, e os efeitos sonoros ajudam bastante a criar o clima que o jogo quer construir.
Resumo para os preguiçosos
Valiant Hearts dá outra abordagem à guerra, uma onde você conecta-se emocionalmente com mais de um personagem e quase que vive na carne os horrores de uma guerra mundial. Apesar disso, o jogo não apresenta muito mais do que narrativa, tendo puzzles bastante simples e poucos desafios em si. Ainda assim, o jogo é recomendado tanto para crianças quanto para adultos, despertando emoções diferentes em cada um deles.
Prós
- Faz uma abordagem diferente da primeira guerra
- Ótima direção de arte
- Narrativa ótima
Contras
- Puzzles muito simples
- Pouco desafio e ação
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