InícioReviewsTomb Raider: A Origem - Review

Tomb Raider: A Origem – Review

Tomb Raider é uma das franquias mais queridas de diversas gerações de gamers, seja pelo pioneirismo de Lara Croft como uma protagonista mulher no mundo 3D, pelo fato de que Tomb Raider sempre foi uma excelente franquia, ainda mais desde que a Square Enix e a Crystal Dynamics resolveram reiniciá-la em 2013. Nada mais natural do que reiniciar também a franquia de filmes e (graças a deus) esquecer os filmes da Jolie, não é mesmo? Mas será que o filme merece mesmo ser chamado Tomb Raider? É isso o que vamos descobrir agora.

PUBLICIDADE

Atenção: falamos sobre spoilers do filme no review, mas a parte onde realmente tratamos sobre isso fica no final do texto e há um aviso antes. Fora isso, há uma pequena sinopse do filme no começo.

PUBLICIDADE

Tomb Raider: A Origem começa de uma forma bem diferente do reboot de 2013. Aqui, vemos Lara ainda na Inglaterra vivendo uma vida não de luxo e de exploradora, como o pai dela gostaria que ela tivesse seguido, e sim a vida de uma jovem que tenta se manter e se nega a acreditar que o próprio pai morreu. É uma mudança interessante e que ajuda a desenvolver um pouco a personagem antes da ação recomeçar.

As principais diferenças do jogo e do filme no começo são os caminhos que Lara trava para ir para Yamatai, a ilha onde Himiko está, e o fato de que a tripulação dela diminuiu de vários amigos para um conhecido que ela fez logo antes de partir para a ilha. Essa parte meio que adianta o que vamos esperar do filme: uma espécie de experiência de Tomb Raider compactada.

O filme tem cerca de duas horas, então seria impossível comprimir toda a experiência do jogo original em tão pouco tempo, e para isso, a Warner Bros decidiu cortar um monte de coisas. Como era de se esperar, isso acabou revertendo na qualidade e no desenvolvimento dos personagens em si.

Apesar de boa parte do jogo ter sido cortado no filme, ainda há algumas cenas que remetem à aventura de Lara nos consoles e no PC, como aquela cena do para-quedas, a lenda de Himiko (que teve a sua parte sobrenatural cortada para algo mais plausível no mundo real, o que acabou sendo uma decisão interessante) e a primeira morte causada por Lara.

Aqui, eu gostaria de falar um pouco mais sobre a cena, que merece ser comparada com a do jogo. No game, Lara parece muito mais traumatizada ao tirar uma vida, além do fato da cena ser muito mais dramática do que no filme. Ao tentar fazer uma cena diferente, a direção do filme acabou criando uma releitura inferior, que acaba dando a entender que a Lara tinha um parafuso solto na cabeça desde o começo, afinal de contas, ela pouco sente o fato de ter matado uma pessoa, e logo depois já está atirando em capangas com o arco e flecha dela sem dó nem piedade, algo que o jogo não chega a fazer, gastando um pouco mais de tempo nessa transição.

PUBLICIDADE

Essa cena é mais uma das que ajudam a mostrar como a história foi comprimida e como isso acabou tirando um pouco da qualidade do enredo de Tomb Raider, já que as transições são rápidas demais e há pouco tempo para que o que é proposto amadureça na tela. Logo após essa cena e Lara ter virado uma assassina, começa a parte da exploração do mito da Himiko e em menos de 40 minutos a Rainha da Morte já é descoberta e a situação meio que já se resolve. No jogo, esse desenvolvimento é muito menos linear e muito mais demorado.

Atenção, aqui começam os spoilers.

PUBLICIDADE

Para completar, o arco da Lara com o pai dele me pareceu que não combina exatamente com a personagem Lara Croft. Mesmo nos jogos, ela não chega a saber o que aconteceu com o pai dela, e ela encontrá-lo no filme e só se despedir dele lá pro final dá a entender que ela ainda não superou de fato a morte dele e não se deu conta de que ela consegue realmente fazer o que ela precisa fazer para sobreviver e desvendar os segredos que ela procura.

No final das contas, essa parte do filme acaba parecendo que estamos ainda na origem da origem de Lara Croft, e que ela vai dar um passo adiante mesmo é no próximo filme, afinal, Tomb Raider: A Origem acaba com toda a cara de que ele vai ganhar uma sequência, se essa for a decisão financeiramente aconselhável para a Warner Bros.

Além disso, eu também não gostei muito do fato dela ter apenas andado de arco e flecha pelo filme todo. O arco é uma das armas características dela no Reboot? Até é, mas fica totalmente estranho ela comprar duas pistolas no final do filme com o dinheiro que ela herdou da família e dizer que prefere dessa forma. Esse não é o estilo dela. As armas que ela obteve não foram compradas numa loja de penhores que mais parece uma paródia de Trato Feito, e sim obtidas dos inimigos dela, à custo de sangue e suor.

PUBLICIDADE

Aqui terminam os spoilers.

Finalmente, tocando num ponto de debate desde que o filme foi anunciado: Alicia Vikander é uma boa Lara Croft? Sim, ela é. A atriz interpretou bem a personagem e nos remete à Lara da nova trilogia em diversas partes do filme. Fisicamente eu nem vou entrar no debate da Lara atual contra a Lara da época do PlayStation, mas eu sinceramente achei que fisicamente ela não se parece tanto com a Lara do reboot principalmente por causa do rosto dela. Acabou parecendo que a Lara Croft do cinema é uma versão teen da Lara atual e em alguns momentos ela parece mais Wandinha Addams do que Lara Croft

PUBLICIDADE

Dito isso, Tomb Raider: A Origem é um bom filme? Olha, sinceramente? Ele é um bom filme sim. Ele vai divertir quem está procurando uma adaptação fiel dos novos jogos da Lara Croft, mas provavelmente vai ser uma opinião unânime de quem jogou esses jogos em dizer que o filme é um produto inferior a eles. Não que ele seja ruim, não é, Tomb Raider: A Origem diverte, tem ótimos momentos de ação e algumas partes engraçadas. Ele poderia ser muito pior (olá, filmes da Jolie) mas também poderia ter sido melhor se os pontos que eu citei acima fossem observados.

Resumo para os preguiçosos

Tomb Raider: A Origem provavelmente vai agradar quem é fã da franquia de videogames, mas dificilmente alguém vai achar o filme melhor do que os jogos, seja por causa da restrição de tempo, que acabou simplificando bastante a história do primeiro jogo, seja por algumas escolhas dentro do filme que poderiam ser diferentes. Como eu disse na análise em si, o filme poderia ser muito pior, mas também poderia melhorar em alguns aspectos chave.

Nota final

70
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Alicia Vikander é uma boa Lara Croft e nos lembra da personagem dos games em diversos momentos do filme
  • Recheado de ação, explosões e quebra cabeças, como todo bom Tomb Raider deve ser
  • Aparentemente é o primeiro filme de uma sequência definida, algo que pode ser bem interessante
  • Um bom filme baseado num jogo

Contras

  • Algumas escolhas de enredo duvidosas
  • O filme acabou ficando inferior à sua contrapartida nos jogos nos momentos em que tentou fazer a sua releitura de algumas cenas chave do jogo. Eles deveriam ter recriado quadro a quadro elas, ficaria bem melhor
  • Por causa da restrição de tempo, a história e o desenvolvimento dos personagens acabou comprometida
PUBLICIDADE
Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.