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The Last of Us – Review

Ah… o apocalipse. De mega sucessos como The Walking Dead a fracassos como The Walking Dead: Survival Instinct (sim, escolher dois jogos da mesma franquia foi de propósito), o gênero de “e se a humanidade como a conhecemos acabasse por causa de alguma catástrofe” nunca esteve tão em alta como atualmente. Tem muita gente tentando se aproveitar desse gênero para fazer alguns trocados rápidos, mas criar algo que realmente entre na nossa cabeça e nos deixe pensando sobre isso por um bom tempo, é para poucos. The Last of Us consegue mais do que isso.

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Antes de começar o review propriamente dito, eu vou tocar em alguns pontos da história, mas não se preocupem, não colocarei nenhum spoiler que estrague a experiência de vocês. É só algumas pinceladas necessárias da história para que eu possa comentá-la decentemente.

The Last of Us não é só um jogo, é uma pintura genial dada a nós pela Naughty Dog. Nele, a humanidade foi desolada por conta de uma infecção fungal do gênero “Cordyceps” (não achei a tradução para o português) que toma conta das funções cerebrais dos humanos (ele existe de verdade, procurem por formiga zumbi ou tarântula zumbi para vocês se apavorarem com essa possibilidade) e os torna irracionais, violentos e sedentos por apenas uma coisa: comida, de preferência humana.

Para sobreviver, os Estados Unidos se dividiram em duas facções, uma controlada pelo Exército Americano e outra pelos Vaga-lumes, uma organização paramilitar “boazinha” bem entre aspas mesmo.

Nesse mundo, você conhecerá Joel e Ellie, os dois personagens centrais da trama. Joel é um senhor de meia idade que já passou por tudo. Ele viu a humanidade sendo exterminada pela infecção e teve que fazer de tudo para sobreviver. Joel perdeu muito durante esses 20 anos que se passaram desde o começo do fim. No começo da história, ele “trabalha” como contrabandista de armamentos, comida e outros bens necessários para se viver dentro de um campo de refugiados. Você deve cumprir uma missão nada usual para os Vaga-lumes para receber o seu carregamento de armas que acabou ficando com eles: levar Ellie, uma garota de 14 anos, até o outro lado do país para que ela seja estudada. O motivo? Ellie é imune ao fungo.

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Ellie, além de imune, é uma garota que nasceu após o mundo “ter acabado”, então ela não chegou a conhecer como era a sociedade antes do fim de tudo. Ela é uma garota boca grande (e que fala palavrões pra cacete) e que não leva desaforo para casa, criando algumas situações bem engraçadas durante o jogo.

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Esse é só o começo da jornada empregada por vocês. Durante a viagem, Joel e Ellie acabam conhecendo-se melhor e batendo a cabeça várias vezes. É aí que entra a habilidade da Naughty Dog de como contar uma história. As interações de Joel e Ellie podem ser feitas de duas formas: as forçadas pelo jogo e as opcionais. Uma das conquistas do jogo é entrar em todas as conversas opcionais. Em muitos jogos, dá vontade de cortar todo o falatório e partir logo para a ação por ele ser chato demais. Em The Last of Us é bem o contrário. O jogo conta com personagens tão carismáticos e com diálogos tão bons que às vezes eu tinha vontade de parar tudo o que eu estou fazendo só para ver se Joel e Ellie não iriam começar uma conversa do nada. Algumas vezes isso acontece, já outras, infelizmente não.

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Além da beleza da narrativa, que eu não consigo frisar como é boa, só jogando para entender mesmo, o jogo também conta com gráficos muito bonitos. Eu não sabia que essa geração era capaz de entregar visuais tão bem feitos seis ou sete anos depois do seu início. Há alguns serrilhados aqui e ali e algumas cores meio estranhas em alguns momentos, mas tudo isso é perdoado tanto pelo tamanho dos ambientes como pela riqueza de detalhes que eles oferecem. Parece que a Naugthy Dog cuidou para que todo cantinho do jogo fosse diferente do outro. Um trabalho muito caprichado.

A parte sonora se encaixa muito bem com o jogo, com trilhas que casam com os momentos de tensão e que colocam um pano de fundo muito adequado a todas as conversas e interações do jogo. Não teve nenhuma música que realmente ficasse na minha cabeça, mas de um modo geral, a trilha está longe de atrapalhar.

Bom, passada a parte da história, falemos um pouco sobre a ação do jogo. Em The Last of Us, você vai ter poucos momentos de descanso e, pior, qualquer coisa pode lhe matar facilmente caso você não use a cabeça ao invés dos músculos. O jogo conta com adversários infectados e humanos, cada um agindo de uma forma diferente. Os infectados são três: os Runners (corredores), Clickers (clickers) e Bloaters (Vermes). Cada um deles age de uma maneira diferente e requer uma estratégia diferente para derrotá-los.

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Os Runners são os tipos mais simples de infectados. Eles correm contra você e tentam matá-lo na base da porrada e mordidas. Para vencê-los, você pode agir de duas maneiras, tanto pegá-los por trás e estrangulá-los ou simplesmente chamar a atenção deles e meter bala.

Já os Clickers requerem um pouco mais de habilidade. Eles são infectados que passaram por um bom tempo de infecção, então o fungo cresceu na cabeça deles e os deixou cego. Para se movimentarem, eles usam um sonar, semelhante ao dos morcegos. Isso parece uma vantagem, certo? Bom, eles te matam ao encostar em você, então requerem toda a paciência e discrição para serem mortos. Ou, caso você prefira, também dá pra sentar a bala neles, mas eles são bem resistentes e geralmente são acompanhados de outros clickers e runners, então é melhor usar a estratégia silenciosa para matá-los.

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Finalmente os Bloaters são pessoas que viraram um fungo gigante. Elas também te matam em uma porrada como os Clickers, caso cheguem muito perto de você, mas também atiram bombas de fungos que causam dano. São o inimigo mais perigoso do jogo de longe.

Já os humanos agem seguindo alguns padrões pré-definidos. Como eles geralmente encontram-se em maior número que você, eles vão tentar cercá-lo e te atacar por todos os cantos possíveis. A maioria dos encontros com humanos no jogo, seja sobreviventes, seja Vaga-lumes, seja soldados são diferentes, oferecendo uma variedade bem grande de formas de combate e nunca fazendo você cair na mesmice de “puta merda, mais um encontro chato”.

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Aliás, algo que vale para todos os tipos de combate em The Last of Us: os ambientes. O jogo aproveita-se bastante dos ambientes para oferecer formas variadas de combate. Esconder-se é um dos movimentos fundamentais dos combates, afinal de contas, você não quer morrer em dois tiros. O jogo passa longe de ser um “cover shooter genérico”. A necessidade de esconder-se, recuar e avançar na hora certa é um fator decisivo para sobreviver às batalhas, já que o jogo oferece recursos limitados.

Durante o jogo, você controla dois personagens, Joel e Ellie. Joel tem vantagens evidentes, afinal de contas, ele é um veterano no assunto. Já Ellie é mais frágil e é controlada em ocasiões especias do jogo. Felizmente até lá você já melhorou o suficiente para não ficar trancado nas partes dela, pois elas são claramente mais difíceis que as de Joel.

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Falando de recursos, o jogo oferece uma boa gama de armas, com pistolas, rifles, escopetas e até uma metralhadora, mas não ache que a coisa vai ser no estilo “Rambo 2” onde é só meter bala e pronto. A munição é limitadíssima, fazendo que você tenha que usar mais a cabeça do que o gatilho para sobreviver. Além de armas, você também pode usar pedaços de pau, canos, tijolos e garrafas para defender-se. Além de, claro, os punhos.

O combate em The Last of Us é bem violento. Para sobreviver, você dará socos no pescoço, esmagará cabeças com os pés, baterá cabeças de inimigos em quinas de mesas e outros atos nada bonitos. Tudo pela sobrevivência.

Um probleminha que o combate meio que resolveu quase ignorando-o é o fato de você andar pelos EUA com uma garota de 14 anos. Ela morreria em 5 segundos no meio de um tiroteio, certo? Bom, o jogo às vezes ignora Ellie completamente, fazendo que o foco dos tiros e dos infectados seja você. Ainda há momentos onde você deve salvá-la, mas se eu tivesse um defeito para apontar, seria esse.

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Por falar em sobrevivência, tudo o que é encontrado nos ambientes pode ser usado para o seu proveito. O jogo conta com um sistema de “craft” onde é possível fazer kits de primeiros socorros, coquetéis molotov, bombas de pregos e outros itens em tempo real. É bom sempre procurar em todos os ambientes por coisas que vocês podem usar.

Além de criar as próprias armas, você também pode melhorar os atributos físicos de Joel por meio de pílulas encontradas durante o jogo. Algo como suplementos ou algo assim. Prefiro acreditar nisso a acreditar que foi confiado a um cara que fica se drogando o tempo todo a tutela da salvação da humanidade.

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O jogo oferece cerca de 15 a 17 horas de diversão na primeira campanha. Terminado o jogo, você recebe o modo New Game Plus, onde é possível começar o jogo novamente com todas as armas e itens adquiridos na campanha anterior. Alguns desbloqueáveis só saem após o fim do New Game Plus e, não, para os que querem saber, o jogo não é como Uncharted, onde você termina uma vez e não quer saber mais. The Last of Us dá aquela vontade de ser jogado novamente, até porque, pelo menos no meu caso, eu melhorei bastante desde o começo do jogo em técnicas de sobrevivência, então eu estou louco para ver como seria o jogo no começo se eu tivesse as mesmas habilidades que eu tenho agora.

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Além da campanha Single Player, The Last of Us também oferece um modo multiplayer que casa bem com o jogo. Nele, você pode escolher duas facções, os sobreviventes ou os Vaga-Lumes num combate para ver quem vai sobreviver. Além disso, você pode aumentar o seu grupo dia após dia de campanha, personalizá-los e ainda colocar o nome dos seus amigos do Facebook nos sobreviventes. Nada como mandar aquele parente chato que comenta todos os seus status para alguma missão suicida, certo?

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Como eu disse no começo do review, eu não vou colocar nenhum Spoiler aqui, mas só um comentário sobre o fim do jogo (sem revelar nada): ele é um soco no estômago.

The Last of Us recebeu um tratamento bem legal aqui no Brasil com legendas em português e dublagem em português. Eu joguei a campanha com a dublagem em inglês e as legendas em português. As legendas estão bem-feitas, apesar de alguns erros em algumas partes, como Joel estar falando com um homem e aparecer “ela” na legenda. Parece que elas foram feitas de uma vez só e não foram revisadas, mas nada que deixe o jogo incompreensível. Quanto à dublagem, bom, eu preferi jogar sem porque eu tenho horror a dublagem em português e não queria ver se o Joel tinha a voz do cara que dubla o Goku ou do cara que dubla o Shiryu, porque esses tão em todas.

O jogo está à venda nas principais lojas por R$ 150,00, se considerarmos a cotação do dólar hoje e o preço do jogo lá fora (60 obamas) estamos pagando 20 reais a mais apenas do que os gringos, caso você compre no boleto, dá para conseguir o jogo por 140~137, o que já torna o jogo ainda mais perto da realidade de lá. Ótimo trabalho da Sony em conseguir um preço competitivo para o jogo.

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Review elaborado com uma cópia de PlayStation 3 adquirida pelo Critical Hits

Resumo para os preguiçosos

The Last of Us é, de longe, o melhor jogo em 2013 que eu joguei até agora. Tá certo que eu ainda não tive a oportunidade de jogar BioShock Infinite, mas até o momento, nenhum jogo lançado nesse ano que eu toquei as mãos conseguiu me convencer e me absorver do jeito que The Last of Us conseguiu. Compra mais do que recomendada para todo mundo que tiver um PlayStation 3. Ou melhor, compra obrigatória, façam esse favor a vocês mesmos. O jogo é demais.

Nota final

100
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Jogabilidade refinada
  • Narrativa soberba
  • Ellie
  • Gráficos muito bonitos

Contras

  • Nada a declarar
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.