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Redfall vale a pena? Análise – Review

A Arkane Studios é uma das desenvolvedoras mais bem conceituadas dentro da publisher Bethesda, e desde que Redfall foi anunciado, o jogo chamou bastante a atenção de fãs dos jogos desenvolvidos por esse estúdio, afinal de contas, ele prometia trazer o melhor de Dishonored e Deathloop aliado a um coop sólido onde você e amigos poderiam se juntar para caçar ameaçadores vampiros. Mas será que esse jogo vale a pena?

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Em Redfall, você controla um de quatro personagens que possui poderes especiais para enfrentar estes vampiros e encontrar uma forma de você e outros sobreviventes da cidade de Redfall de encontrarem uma forma de fugir desse local e também de descobrirem como essa raça de vampiros surgiu e o que vocês podem fazer para exterminá-los.

Logo de cara você vai perceber que esse é um jogo muito mais puxado para a ação do que para a furtividade de jogos como Dishonored. O jogo quer que você combata os inimigos, e cabe a você encontrar formas de fazer isso, mas na maioria dos casos uma abordagem mais direta é o mais fácil de se fazer, até porque depois do primeiro tiro, uma certa quantidade dos inimigos próximos a você vão se dar conta que há algo errado acontecendo e o combate vai começar de qualquer forma.

Para enfrentar essas ameaças, você contará com um arsenal composto por armas tradicionais como pistola, escopeta, rifle sniper e metralhadora, que funcionam bem contra os humanos dos cultos que seguem e adoram os vampiros, e também contra eles, além de armas específicas para enfrentar os sugadores de sangue, como sinalizadores, lançadores de estaca e lançadores de raio ultra-violeta, que petrificam os vampiros.

Como é de se imaginar, Redfall por ser um jogo focado em combate, precisa de um combate interessante para ser bem sucedido, e aqui infelizmente começa o primeiro problema deste jogo da Arkane: o combate dele é completamente sem sal, e o motivo disso é uma combinação de um ritmo meio quebrado de lutas e também de um gunplay que simplesmente não é gostoso de operar. Você vai errar muitos dos seus tiros, principalmente no começo do jogo, contra os adversários, e a compensação de mira do jogo é bem ruinzinha também, sendo bem menos efetiva do que a de Deathloop, por exemplo, onde era uma delícia trocar tiros contra os adversários.

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Mesmo depois de me acostumar com a mira do jogo e errar bem menos tiros do que antes, a sensação que eu acabei ficando mesmo é a de que parece que tem algo errado, que tiros que poderiam entrar, não entram e coisas do tipo, fazendo você desperdiçar muito mais munição do que o necessário em diversos dos combates do jogo.

Além das armas, você ainda tem acesso a habilidades especiais, que sinceramente não ajudam em quase nada a facilitar o combate, e também não tornam ele mais dinâmico. Na maior parte do tempo eu joguei com o Jacob Boyer, um personagem que possui um corvo que serve para detectar inimigos, além de possuir uma habilidade de ficar invisível e um especial onde ele ganha um rifle sniper que acerta headshots automaticamente, e só, ou seja, com uma hora e meia de jogo, você já conhece todas as habilidades do personagem, e a única coisa que pode fazer é melhorá-las e colocar outros pontos de atributo em características como carregar mais munição ou curar mais vida ao usar um kit de primeiros socorros.

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Outro problema que Redfall também apresenta, e aí parece ser um problema geral do jogo, é que parece que ele está incompleto em alguns sistemas, principalmente no sistema de inteligência artificial dos inimigos e também na detecção não só dos tiros, mas também de algumas ações como cravar as estacas nos vampiros. Para vencer os chupadores de sangue, você tem duas alternativas, ou usa as armas matadoras de vampiros que eu comentei anteriormente, ou tira a vida toda deles na bala e depois crava uma estaca no peito deles, algo que pode ser feito com uma escopeta ou uma metralhadora, já que os personagens colocam estacas nelas como se fossem baionetas para finalizar esses inimigos.

O problema é que nem sempre o jogo detecta que você quer cravar a estaca no adversário, e às vezes acontece de você dar um soco no vampiro atordoado ao invés de cravar a estaca. Isso não atrapalha muito quando só há um vampiro na tela, mas quando você está rodeado deles e tendo que agir rapidamente, isso é um sério problema, pois você pode acabar perdendo a janela de oportunidade de finalizar um adversário incapacitado, que se não for morto, vai logo voltar com a vida no máximo.

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Além desse problema, outro que eu apenas citei mais acima foi o da inteligência artificial dos adversários. Aqui não dá pra usar meias palavras, a inteligência artificial de Redfall é uma das piores inteligências artificiais que eu já vi num jogo de videogame, no nível de você atirar com um rifle de precisão num inimigo, ele morrer, e outro inimigo a passos de distância dele simplesmente ignorar que isso aconteceu e continuar parado, esperando pela vez dele de levar o tiro.

Além disso, de vez em quando a IA dos adversários simplesmente para de responder, e eles ficam parados no mapa esperando para você descarregar a sua arma na cara deles, ou as vezes eles trancam em partes do cenário também e ficam num loop tentando encontrar o caminho para chegar até você e aí sim começar o combate. Não vai ser uma nem duas vezes que você vai poder tomar vantagem dessa IA defeituosa para prosseguir no jogo.

Outro problema que eu encontrei também é no sistema de mortes de Redfall. Toda vez que você morre, o jogo te coloca de volta ou num marco histórico, na base ou numa safehouse, e você que se vire se lembrando onde morreu pra ir até o local continuar o que estava fazendo. Isso na maioria das vezes não é um problema, mas aconteceu comigo uma situação bem específica onde eu matei um subchefe que era opcional e morri pisando no fogo logo depois, e não deu tempo de pegar o loot dele. Se Redfall é um looter shooter, e ao que tudo indica ele é, saber onde você estava para poder continuar o serviço é algo que deveria ter sido antecipado pela equipe de desenvolvimento do jogo.

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Mas Redfall poderia ser um jogo interessante se tivesse um mundo legal e um design de missões bons, não é mesmo? Bom, não é bem isso o que acontece também, infelizmente. O mapa do jogo é composto por uma série de mini mundos abertos onde você tem que ir cumprindo uma série de missões principais para avançar pela campanha.

Essas missões na maioria das vezes envolvem ir até alguma estrutura do cenário como um cinema ou uma capela, ou ainda uma casa, matar quem você encontrar pela frente (ou usar uma entrada pelo telhado ou pelo subsolo para pular parte dos combates), chegar a alguma sala em específico, encontrar um item chave e assim encerrar a missão, ou ser levado para o próximo lugar. Às vezes, o objetivo da missão ainda vai estar trancado atrás de alguma chave, e você que procure pelo cenário até encontrar ela, porque o destacamento de itens em Redfall é bem ruinzinho também. Numa das missões, inclusive, eu fiquei mais de meia hora tentando encontrar uma chave que simplesmente eu não achei, para conseguir entrar onde eu queria pelo telhado. Se não houvesse essa opção, eu provavelmente estaria até agora procurando a maldita da chave.

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Sem brincadeira, cerca de 90% das missões de Redfall seguem esse mesmo tipo de template, tendo apenas algumas missões que variam o script, onde você tem que encontrar itens espalhados pelo cenário para desbloquear alguma entrada ou algo do tipo. Além dessas missões especiais, cada um dos mini mundo abertos de Redfall também tem uma série de atividades secundárias, como missões sob encomenda para certos personagens da sua base de operações do mapa que fazem você conhecer melhor a história de alguns dos NPCs do jogo e também da cidade de Redfall e as missões das safehouses do jogo, locais onde você pode usar para fast travel (junto com os marcos históricos da cidade).

Essas missões das Safehouses envolvem basicamente diminuir a força dos vampiros no bairro em que elas se encontram, e aí você tem alguma missão de matar tudo o que você vê pela frente ou algo do tipo, e depois dessa, você tem que matar um vampiro subchefe do distrito, que geralmente é uma versão turbinada de algum vampiro especial que você já encontrou por aí.

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A pegadinha do jogo é que para você enfrentar o chefe de cada um dos mapas do jogo, você precisa ter matado uma quantidade de subchefes em específico, para oferecer os crânios deles num ritual de entrada do lugar onde esses chefes moram, então o jogo acaba obrigando você a fazer essas missões que em teoria seriam opcionais para conseguir avançar na história.

Outra mecânica que o jogo também apresenta os ninhos de vampiros, que são desafios especiais onde você deve localizar esse ninho, entrar nele e ir para uma espécie de cenário gerado proceduralmente composto por partes coladas de cenários que você já visitou. Neles os vampiros são muito mais fortes do que o normal, e após matar todos lá dentro, você precisa destruir o coração do local e aí ter cerca de um minuto pra conseguir pegar o loot que der tempo de pegar e fugir antes de tudo desabar. Esses ninhos vão surgindo aleatoriamente no cenário, e a zona de influência deles vai expandindo quanto mais tempo você leva para derrotá-los, então a ideia do jogo é que você faça isso o quanto antes, até porque os vampiros dentro desse raio dos ninhos ficam bem mais poderosos.

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Para completar, depois de um certo progresso dentro da campanha, os “deuses vampiros” começam a ficar furiosos com você, e cada ação que você faz dentro do jogo aumenta uma barra de irritação que, após concluída, invoca um vampiro especial chamado Trovão, que deve ser derrotado por você para aplacar essa fúria toda. Inicialmente é bem tranquilo manejar isso, já que o primeiro mapa do jogo não tem muita coisa pra fazer, mas do segundo pra frente, é tanta missão em sequência que você vai enfrentar um Trovão desses a cada 3 ou 4 missões, e como eles não são tão fortes assim, acabam sendo só um estorvo mesmo no seu progresso.

Ao matar o chefe do local, você é convidado para seguir para o próximo cenário de combate de Redfall, e o template do jogo basicamente repete o da primeira área, com um novo centro de comando, novos NPCs, novas missões e mais vampiros especiais que você deve enfrentar, ou seja, o que você vê nas primeiras horas de Redfall, é exatamente o que você vai ver até o final do jogo, ele praticamente não evolui mesmo.

Além do modo single player, Redfall tem um modo cooperativo contra adversários, mas aqui novamente o jogo dá a impressão de ter sido lançado antes de realmente estar pronto, porque ele não tem um modo de matchmaking. Você é obrigado a jogar apenas com quem você conhece, e se você não conhece ninguém que tenha o jogo, azar o seu, pois você vai ter que sair atrás de outras pessoas dispostas a jogar com você. Além disso, o jogo também tem aquele ponto polêmico de progressão anunciado antes do lançamento, onde as missões só contam para quem é o host da partida. Quem jogar com você vai manter apenas os níveis e itens ganhos, e vai ter que refazer as missões sozinho depois.

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A justificativa dada pela Arkane é que o jogo possui uma estrutura de progresso não linear, mas sinceramente, isso é uma besteira imensa, porque apesar de você seguir as missões na ordem que você quiser, o que o jogo poderia fazer era simplesmente é achar o progresso mínimo entre os jogadores e as missões que alguém não tiver concluído serem concluídas após você fazer elas para você progredir nas áreas (como Destiny 2 faz por exemplo), ao invés de obrigar você a jogar a mesma campanha desinteressante de duas a quatro vezes dependendo do número de pessoas com quem você está jogando. Mesmo que as missões fossem as melhores do mundo, e esse não é o caso em Redfall, essa abordagem de ter que repeti-las à exaustão é algo que parece feito mais pra inflar o tempo de jogo do que realmente para qualquer outra coisa.

Graficamente, Redfall é um jogo ok. Eu joguei o jogo em todas as versões disponíveis dele, ou seja Xbox Series S e X além de Windows. As versões de console funcionam bem na maior parte do tempo, e o maior problema delas são os pop-in de texturas, que levam mais tempo do que deveriam para carregar às vezes, além de um engasgo ou outro de performance aqui, mas na maior parte do tempo, os 30 quadros por segundo das versões de console são bem ok.

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Já a versão de PC foi a que eu mais encontrei instabilidade. A primeira coisa que me incomodou de fato é que não há como estabelecer um teto de framerate dentro do jogo. Eu uso no meu PC um monitor de 2,5k que roda a 165 hertz, ou seja, ele poderia entregar até 165 quadros por segundo de performance, e o jogo até tenta, mas na maior parte do tempo ficou variando entre 55 e 80. Se desse, o ideal seria travar em 60 ao invés de tanta instabilidade acontecendo na maior parte do tempo.

Há alguns momentos em que o framerate do jogo caía para menos de 30 também, e pelo menos um momento no PC onde a neblina não carregou e o que apareceu na tela foi um grande pixelado muito extenso, mas eu não lembro de mais de uma vez em que isso aconteceu. Além disso, o jogo também apresentou alguns bugs como personagens trancados no mapa, personagens flutuando de braços abertos e o mais irriatante de todos foram os vampiros que não estavam ali, mas as imagens deles apareciam na tela e eles ficavam se movimentando, apesar de não te atacarem e não registrarem os tiros também. A trilha sonora do jogo é boa, e a dublagem, tanto em português quanto em inglês também está bem feita, só que você não pode escolher independentemente o idioma da dublagem do jogo e dos menus e legendas, é tudo em português ou tudo em inglês.

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Mas e aí, Redfall vale a pena?

Redfall é aquele tipo de jogo que dá pra jogar do começo ao fim na inércia e achar mais ou menos, ou jogar com os amigos e até se divertir, se não tiver nenhuma outra opção melhor de jogo no gênero, mas mesmo assim, fica aquela sensação de que estava faltando algo para o jogo realmente ser bom. Mesmo nos melhores momentos do jogo, Redfall é entediante, e está longe de ser o melhor e mais inspirado trabalho da Arkane Studios.

Review elaborado com uma cópia do jogo no PC, Xbox Series X e S fornecida pela publisher. Configuração do PC: AMD Ryzen 7 5800x, 32gb de RAM DDR4 2400MHz, GeForce RTX 2080 Super, SSD com capacidade de leitura e gravação de 3500mb/s.

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Resumo para os preguiçosos

Redfall é aquele tipo de jogo que dá pra jogar do começo ao fim na inércia e achar mais ou menos, ou jogar com os amigos e até se divertir, se não tiver nenhuma outra opção melhor de jogo no gênero, mas mesmo assim, fica aquela sensação de que estava faltando algo para o jogo realmente ser bom. Mesmo nos melhores momentos do jogo, Redfall é entediante, e está longe de ser o melhor e mais inspirado trabalho da Arkane Studios.

Nota final

65
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Boa performance na maior parte do tempo nos consoles
  • O jogo melhora no coop

Contras

  • Sistema de tiroteio sem graça
  • Missões repetitivas e pouco originais
  • IA com bugs demais
  • Diversas mecânicas que servem só pra inflar o tempo de campanha
  • Falta de matchmaking
  • Sistema de progressão que mais atrapalha que ajuda
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.