A pandemia da Covid 19 foi um dos momentos mais dramáticos enfrentados pela humanidade nas últimas décadas, e como era de se imaginar, jogos que retratassem esse período começaram a surgir, e Punhos de Repúdio é um destes games. Desenvolvido aqui no Brasil e levando a nossa realidade em conta, a ideia do jogo é criar uma versão satirizada de algo que muita gente gostaria de ter feito na época: soltar a porrada nos negacionistas que ajudaram a disseminar o vírus por aqui. Mas será que o jogo vale a pena e se sustenta em cima dessa ideia?
Em Punhos de Repúdio, encontramos uma ideia de jogo bastante simples: o um vírus mortal existe, pessoas querem andar pelas ruas sem máscara e espalhar ele ao máximo e você deve encher esses negacionistas de porrada e acabar com essa disseminação do vírus.
Para isso, você precisa escolher entre quatro moças que possuem visuais distintos, mas que controlam basicamente da mesma forma, e passar por fases que satirizam tanto os estereótipos bolsonaristas, como os patriotas da camiseta da seleção, os crentes e assim por diante, como também cenários comuns de toda a discussão política da pandemia da covid, como numa fase onde invadimos uma igreja evangélica para descer a porrada em todo mundo que participava dos cultos sem máscaras ou um centro de pesquisa de vacinas que foi invadido por negacionistas, além de um comício e outros lugares.
Como dá pra ver, é evidente que esse jogo tem como público alvo quem ficou do lado da ciência durante a pandemia e que lutava para tentar mitigar a disseminação do vírus, e a ideia de satirizar o outro lado tem seus momentos e tiradas bem engraçadas que eu não vou entrar em detalhes para não estragar as piadas e referências que o jogo faz, mas eu sinceramente achei que a equipe de desenvolvimento se preocupou mais com isso do que com o jogo em si, porque infelizmente a experiência que eu tive em Punhos de Repúdio não foi lá das mais positivas.
Começando pela escolha de botões, eu sinceramente achei o esquema de controle do jogo meio estranho. A escolha do botão para agarrar ser o botão tradicionalmente escolhido para o pulo em jogos de Beat them Up causa confusão em quem já está acostumado com esse tipo de jogo. Além disso, a falta de golpes básicos que a gente costuma encontrar nesses jogos, como uma voadora que não faça o personagem ficar parado no lugar onde ele estava no ar, e sim cobrir parte da tela, também acaba incomodando na fluidez do game.
Alguns desses golpes vão sendo obtidos conforme você avança pelo jogo e os desbloqueia (pegando colecionáveis que são partes de uma carteira de trabalho, a cada três partes, você desbloqueia um golpe novo), mas aqui entramos em mais uma parte que parece ter sido ignorada no game design: há pelo menos um golpe que quebra o jogo completamente, que é a rasteira que você consegue usar quando desliza. Depois que você desbloqueia ela, basicamente você só precisa usar ela para matar os inimigos, já que você derruba eles com ela e depois que eles estão no chão, é só ficar usando ela com eles ainda caídos pois ela continua atingindo e você vai transformando os inimigos em uma bola de pingue-pongue os atirando pela tela.
Outra coisa que eu não gostei muito também é o tempo que leva para que o personagem levante após ser derrubado. Você não deveria precisar ter que apertar um botão para agilizar essa ação, e até você poder esmurrar os inimigos caídos no chão, leva mais tempo do que o ideal para que eles levantem também, e num jogo onde você basicamente repete os 5 minutos iniciais de gameplay do começo ao fim, ter um bom ritmo de combate ajuda a torná-lo mais agradável, o que infelizmente parece ser constantemente interrompido em Punhos de Repúdio. Mesmo com o jogo tendo menos de duas horas de duração, essas constantes interrupções no combate acabam fazendo o jogo parecer arrastado em diversos momentos.
Para completar, os chefes do jogo têm seus altos e baixos. Teve alguns que eu gostei de enfrentar, mas outros que basicamente atiram o seu personagem longe com apenas um golpe e raramente ficam atordoados com os ataques que você causa neles, então acaba sendo uma tarefa chata vencer esses, ainda mais se você está jogando sozinho.
Graficamente, Punhos de Repúdio é um jogo com gráficos bem bonitos, e que ficaram bem legais de se ver na tela do Nintendo Switch OLED, console que usamos para essa revisão.
Para completar, a trilha sonora do jogo é bem sem graça. Eu não sei se ela foi comprada de uma biblioteca de músicas de fundo ou composta, mas ela é sem inspiração nenhuma, além de repetitiva. Além disso, a versão em português do jogo é cheia de palavrões, o que com certeza vai gerar dor de cabeça pro público mais jovem que der o azar de ser pego jogando esse jogo na frente dos pais, e que parece fazer o jogo querer aparentar ser muito mais hardcore do que ele é de verdade.
Mas e aí, Punhos de Repúdio vale a pena?
Punhos de Repúdio é um beat them up que parece aquele tipo de jogo que surgiu de uma piada que acabou sendo levada a sério e transformada em jogo. No fim das contas, parece que a desenvolvedora se preocupou mais em fazer chacota dos negacionistas da pandemia do que em criar um jogo divertido de se jogar, já que o esquema de botões do controle é meio confuso, golpes que a gente já está acostumado em beat them ups precisam ir sendo desbloqueados ao longo do caminho e o jogo se esforça para quebrar o próprio ritmo dele em diversos momentos do combate.
Felizmente ele é curto, durando cerca de duas horas, mas mesmo apenas essas duas horas de jogo não foram lá das mais positivas.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecido pela publisher. Jogo disponível para PC e Nintendo Switch.
Resumo para os preguiçosos
Punhos de Repúdio é um beat them up que parece aquele tipo de jogo que surgiu de uma piada que acabou sendo levada a sério e transformada em jogo. No fim das contas, parece que a desenvolvedora se preocupou mais em fazer chacota dos negacionistas da pandemia do que em criar um jogo divertido de se jogar, já que o esquema de botões do controle é meio confuso, golpes que a gente já está acostumado em beat them ups precisam ir sendo desbloqueados ao longo do caminho e o jogo se esforça para quebrar o próprio ritmo dele em diversos momentos do combate.
Felizmente ele é curto, durando cerca de duas horas, mas mesmo apenas essas duas horas de jogo não foram lá das mais positivas.
Prós
- Belos gráficos
- Diversas referências ao momento político do Brasil entre 2019 e 2022
Contras
- Gameplay cheio de quebras de ritmo
- Esquema confuso de botões
- Trilha sonora fraquíssima