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Pharaoh: Total War – Análise – Vale a Pena – Review

Lançado há 23 anos, o pioneiro da série Total War marcou o início de uma jornada que continuamente nos encanta com inovações, temáticas variadas e mecânicas refinadas. Total War: Pharaoh, a mais recente obra da Creative Assembly, destaca-se por sua proposta audaciosa, mecânica de jogo envolvente e uma das ambientações mais imersivas já vistas na série.

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Recentemente, a Creative Assembly tem direcionado seus esforços para aprimorar o realismo em combate e gestão na série Total War. Esse refinamento exige uma consideração meticulosa de diversos fatores, que variam sobretudo conforme o período histórico representado no jogo, visto que elementos como economia, clima e outros contextos evoluem ao longo das eras.

Total War: Pharaoh talvez seja o jogo que mais consegue capturar a essência de sua época dentro de toda a vasta coleção da série Total War. Ambientado logo após o início da ascensão de Ramessess II ao poder faraônico, o jogo oferece liberdade ao jogador, permitindo a escolha entre três generais distintos: egípcio, cananeu ou hitita.

Reprodução: Total War: Pharaoh

O cerne do jogo se baseia na premissa de tentar passar ao jogador uma sensação de realismo histórico. Apesar de este não poder ser considerado um ponto negativo, a alta carga de fatos históricos pode fazer com que Total War: Pharaoh proporcione experiências totalmente diferentes para alguém que conheça o contexto histórico do antigo Egito e para alguém que não conheça quase nada.

A campanha, por exemplo, se passa totalmente durante o colapso da Idade de Bronze, um dos períodos mais conturbados e revolucionários da humanidade. Entender o contexto histórico da época é saber que alguns dos desafios desta era são a ameaça do Povo do Mar, além de uma série de mudanças políticas dentro do próprio Egito. Este que vos escreve não sabia praticamente nada sobre esse período e acabou descobrindo alguns bons fatos históricos pelo próprio contexto do jogo, mas em alguns momentos me senti um tanto perdido, como se tivesse começado a ler a Trilogia do Senhor dos Anéis pelo segundo livro.

Reprodução: Total War: Pharaoh
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No entanto, a forma como a Creative Assembly conseguiu inserir os Povos do Mar dentro de Total War: Pharaoh foi criativa e divertida. Após alguns turnos, o jogador se dará conta de que tribos estrangeiras começarão a desembarcar e avançar por todos os territórios, com uma ferocidade que só aumenta com o passar do tempo. Você pode não saber quem são os Povos do Mar, mas com certeza vai temê-los.

Outro ponto interessante de Total War: Pharaoh é que tornar-se o Faraó do Egito não é o objetivo final, mas apenas o começo da sua jornada. Lá pelo décimo segundo turno, o jogo te oferece um novo sistema chamado “O Poder da Coroa”, que basicamente permite ao jogador escolher seu próprio caminho: tornar-se Faraó ou o Grande Rei de Hatti. Em termos práticos, os dois caminhos apresentam algumas diferenças sutis entre si, mas só podem ser alcançados vencendo uma sangrenta guerra civil.

Reprodução: Total War: Pharaoh
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Diferentemente de outros jogos, como o Rome original, em que a guerra civil era apresentada como uma reviravolta narrativa no terceiro ato, as guerras civis em Total War: Pharaoh são mais sistemáticas e podem ocorrer a qualquer momento. Você pode iniciá-las ou elas podem ser desencadeadas por uma facção controlada pela IA. Se você decidir participar, seu nome é adicionado a uma tabela de pretendentes ao trono. A partir daí, você tem um número determinado de turnos para chegar ao topo, ganhando o máximo de Legitimidade possível. A Legitimidade é um recurso que define os poderes de seu governante. Pode ser obtida vencendo batalhas, conquistando terras sagradas para sua facção, construindo certos edifícios e monumentos e envolvendo-se em intrigas cortesãs.

Além disso, o Faraó mantém um tribunal com várias posições ilustres, como Viceroy of Kush, Grand Vizier (mestre espião) e First Commander. Cada uma dessas posições vem com seus próprios benefícios. Por exemplo, o viceroy recebe um salário anual pago em ouro, enquanto o Vizier pode assassinar outros membros do tribunal. Você pode ganhar o favor dos atuais detentores dessas posições para usar seus poderes ou pode conspirar para tirar vantagem deles de outras maneiras, como chantageá-los por favores adicionais, desacreditá-los para prejudicar sua legitimidade ou forçá-los a abandonar sua posição, talvez para que você possa assumi-la.

Reprodução: Total War: Pharaoh
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A série Total War também tem tentado diversificar seu estilo de jogo, fazendo com que nem sempre o jogador com a maior quantidade de exércitos seja o vencedor. No caso de Total War: Pharaoh, a religião desempenha um papel fundamental na jogabilidade, fazendo com que o jogador possa obter a vitória através da construção de templos e da conversão de populações ao seu panteão.

A adição destas mecânicas adiciona novas camadas de complexidade à já conhecida jogabilidade da série Total War. Não espere nada tão profundo quanto visto em Crusader Kings, mas temos um bom sinal de que a Creative Assembly tem procurado evoluir em sistemas secundários de jogo.

Total War: Pharaoh
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No entanto, o sistema de combate de Total War: Pharaoh não pode ser considerado como o melhor de toda a série. Em termos práticos, podemos dizer que o combate foi simplificado e lembra muito o apresentado em Troy: Total War. É compreensível que sistemas de combate mais simples possam ser mais contundentes para angariar a atenção e o apreço de jogadores mais casuais, no entanto, alterar um dos principais pilares de uma série como Total War nem sempre é uma boa ideia.

Apesar de simples, o combate é bem divertido e conta com algumas novidades interessantes. Pessoalmente, gostei muito da mecânica de incêndio, já que agora é possível tentar evitar emboscadas inimigas queimando toda a vegetação ao seu redor e, ao mesmo tempo, carbonizando qualquer oponente escondido. Além disso, o fator climático adiciona uma camada extra de imprevisibilidade e emoção às batalhas. Uma tempestade de areia pode surgir inesperadamente, alterando a dinâmica do combate e desafiando a estratégia do jogador. Esse elemento climático não apenas aumenta a empolgação, mas também reforça a ambientação única e a sensação de estar realmente batalhando nas terras do antigo Egito.

Total War: Pharaoh
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Embora já tenha comentado que o combate me pareceu simplificado, não se pode dizer o mesmo dos terrenos e cidades onde as batalhas ocorrem. Os cenários estão mais detalhados do que nunca e parecem influenciar ainda mais a estratégia e a efetividade das ações de qualquer general.

Por falar em Generais, este é outro aspecto que poderia ter sido melhor trabalhado em Total War: Pharaoh. A maioria dos Generais disponíveis no jogo carece de carisma e personalidade, algo que não é comum em jogos da série. Em Three Kingdoms, por exemplo, os generais possuíam falas, animações e características únicas que os tornavam memoráveis e marcantes, mas em Total War: Pharaoh eles se comportam de maneira simplista e sem graça, o que afeta a imersão e a afeição entre o jogador e seus próprios personagens.

Total War: Pharaoh
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Também é preciso mencionar que Total War: Pharaoh conta com alguns problemas técnicos e de desempenho. Em alguns momentos, a taxa de quadros por segundo parece cair drasticamente sem motivo aparente. A inteligência artificial do jogo também não parece ser das melhores, já que durante a minha experiência notei algumas decisões bem questionáveis sendo tomadas pela IA, o que quebrou um pouco a qualidade da imersão.

Em suma, Total War: Pharaoh é um bom jogo, mas não pode ser considerado o melhor da série. Com uma grande carga histórica, o jogo falha em gerar e manter o interesse do jogador mais casual, além de apresentar um sistema de combate visivelmente simplificado. Apesar das novas mecânicas que adicionam novas camadas de complexidade, é possível que Total War: Pharaoh não se destaque como um dos melhores trabalhos da Creative Assembly, principalmente por se mostrar abaixo de jogos como Three Kingdoms e Warhammer.

Resumo para os preguiçosos

Pharaoh: Total War, o mais recente título da série Total War, mergulha profundamente na era do Antigo Egito, focando na ascensão de Ramessess II. O jogo introduz mecânicas inovadoras, como a escolha entre se tornar Faraó ou o Grande Rei de Hatti e a importância da religião na jogabilidade. No entanto, apesar de suas inovações e ambientação rica, o jogo apresenta falhas, como um sistema de combate simplificado e generais sem carisma, que afetam a experiência geral.

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Nota final

75
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Ambientação imersiva no Antigo Egito.
  • Liberdade de escolha entre diferentes generais e caminhos de ascensão ao poder.
  • Introdução do sistema “O Poder da Coroa”.
  • Importância da religião na jogabilidade, oferecendo novas estratégias
  • Cenários de batalha detalhados e influentes na estratégia.
  • Mecânica de incêndio inovadora no combate.
  • Novas camadas de complexidade adicionadas à jogabilidade.

Contras

  • Combate simplificado em comparação com outros títulos da série.
  • Generais carecem de carisma e personalidade.
  • Problemas técnicos e quedas na taxa de quadros por segundo.
  • Inteligência artificial por vezes questionável.
  • Alta carga histórica pode ser desafiadora para jogadores casuais.
  • Falta de afeição e conexão com os personagens do jogo.
  • Não se destaca tanto quanto outros títulos aclamados da série, como “Three Kingdoms” e “Warhammer”.
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.