Klaus Fuchs, interpretado de maneira discreta mas fundamental no filme Oppenheimer, não teve grande destaque em cena, mas sua importância histórica é inegável. Cientista teórico de origem alemã e cidadão britânico durante a Segunda Guerra Mundial, ele integrou o Projeto Manhattan ao lado de nomes como J. Robert Oppenheimer. No entanto, o que o longa de Christopher Nolan apenas sugere é o papel real de Fuchs como espião da União Soviética dentro do maior esforço científico dos Aliados na guerra.
Com a chegada de Oppenheimer à Netflix, o interesse por personagens históricos como Fuchs se renovou. E sua trajetória após os eventos retratados no filme é tão intrigante quanto sua atuação nos bastidores da corrida nuclear.
Dois anos de espionagem no coração do Projeto Manhattan
Klaus Fuchs esteve infiltrado no Projeto Manhattan por aproximadamente dois anos. Inicialmente, chegou aos Estados Unidos em 1943, ao lado do físico Rudolf Peierls, para trabalhar na Universidade de Columbia. No ano seguinte, foi transferido para o Laboratório de Los Alamos, no Novo México, onde colaborou diretamente com a equipe de Oppenheimer. Ali, sob a supervisão de Hans Bethe, Fuchs contribuiu para o desenvolvimento do mecanismo de implosão da bomba atômica, uma das etapas mais cruciais do projeto.
No entanto, seu verdadeiro papel era muito mais sombrio. Desde antes de sua chegada à América, Fuchs já operava como espião a serviço da União Soviética. Seus contatos com a inteligência soviética começaram ainda no Reino Unido, em 1941, quando foi recrutado pela agente russa Ursula Kuczynski. Durante sua passagem pelos Estados Unidos, repassou informações sigilosas que permitiram à União Soviética desenvolver sua própria bomba atômica em tempo recorde, alterando para sempre o equilíbrio geopolítico global.
Julgamento relâmpago e prisão no Reino Unido
Em 1950, após investigações intensas lideradas pelos serviços de inteligência britânicos e norte-americanos, Klaus Fuchs foi finalmente identificado como traidor. Confessando seus crimes sob a justificativa de que desejava equilibrar o poder entre as nações para evitar uma hegemonia nuclear dos Estados Unidos, foi julgado por violar o Ato de Segredos Oficiais britânico.
O julgamento durou menos de 90 minutos. Fuchs foi condenado a 14 anos de prisão, mas cumpriu apenas nove, beneficiado por uma lei que permitia redução da pena por bom comportamento. Em 1959, deixou a prisão e retornou à Alemanha Oriental, onde continuaria sua carreira científica.
De traidor a cientista respeitado na Alemanha Oriental
Mesmo após sua passagem pela prisão, Klaus Fuchs reconstruiu sua vida profissional com impressionante rapidez. Na Alemanha Oriental, foi recebido como herói e logo passou a ocupar cargos de prestígio na comunidade científica do país. Em 1967, tornou-se membro do comitê central do Partido Socialista Unificado (SED). Já na década de 1970, liderou pesquisas em física nuclear e ciências dos materiais na Academia de Ciências, além de atuar como vice-diretor do Instituto de Pesquisa Nuclear em Rossendorf.
Seu trabalho foi amplamente reconhecido pelo regime da República Democrática Alemã, que o condecorou com honrarias como a Ordem Patriótica do Mérito, a Ordem de Karl Marx e o Prêmio Nacional da Alemanha Oriental.
Klaus Fuchs faleceu em 1988, aos 76 anos, na Alemanha Oriental. A causa da morte não foi amplamente divulgada. Seu legado permanece profundamente ambíguo: por um lado, foi peça-chave na aceleração da corrida armamentista nuclear; por outro, manteve uma carreira produtiva e elogiada na ciência após seu retorno à Europa Oriental.
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