Isidor Isaac Rabi, interpretado por David Krumholtz no filme Oppenheimer, é um dos muitos nomes que aparecem de forma breve, mas marcante, na cinebiografia dirigida por Christopher Nolan. O longa, que estreou originalmente em julho de 2023 nos cinemas e chegou à Netflix apenas na última segunda-feira (7), acompanha a vida de J. Robert Oppenheimer, criador da bomba atômica. No entanto, figuras como Rabi, que desempenharam papéis cruciais ao longo daquela jornada, acabam ganhando menos destaque nas telas. Fora delas, porém, sua trajetória científica e política foi igualmente notável.
De aliado no Projeto Manhattan a liderança científica nos Estados Unidos
Rabi nasceu em 1898 e iniciou sua carreira acadêmica com forte atuação em física nuclear. Ele e Oppenheimer se conheceram ainda na Europa, antes da Segunda Guerra Mundial, e mantiveram uma amizade duradoura. Durante o Projeto Manhattan, Rabi teve papel importante no desenvolvimento das tecnologias que levariam à criação da bomba atômica. Mais tarde, tornou-se um dos poucos que se posicionaram publicamente em defesa de Oppenheimer nos polêmicos julgamentos de segurança conduzidos pelo governo norte-americano.
Com o fim da participação de Oppenheimer na Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Rabi assumiu seu posto como presidente da Comissão Consultiva Geral (GAC, na sigla em inglês) em 1952. Durante seu mandato, que durou até 1956, ele se opôs firmemente à proposta de desenvolvimento da bomba de hidrogênio, o que gerou atritos com figuras influentes, como o então presidente Harry Truman. Ainda assim, sua liderança no comitê reforçou seu prestígio no meio científico.
A chegada à Casa Branca como conselheiro presidencial
Logo após sua atuação na Comissão de Energia Atômica, Rabi foi convidado a integrar o Comitê Consultivo de Ciência, passando a assessorar diretamente o presidente Dwight D. Eisenhower. O lançamento do satélite Sputnik pela União Soviética, em 1957, intensificou a corrida científica da Guerra Fria, e Eisenhower passou a recorrer ao grupo com mais frequência. Rabi teve papel fundamental na reformulação do comitê, transformando-o no Comitê de Assessoria Científica do Presidente.
Nesse novo cargo, Rabi foi o primeiro cientista a ocupar oficialmente a posição de conselheiro científico da presidência norte-americana. Durante esse período, também passou a integrar o Comitê Científico da OTAN e defendeu a ampliação de investimentos em engenharia de software, algo ainda emergente na época. Sua capacidade de articular ciência e política o colocou entre os nomes mais influentes do pensamento estratégico dos Estados Unidos nos anos 1950.
Um legado reconhecido até o fim da vida
Isidor Rabi morreu em janeiro de 1988, aos 89 anos, vítima de câncer. Ao longo da vida, acumulou prêmios de prestígio, como o Nobel de Física, recebido em 1944 por seus estudos em ressonância magnética nuclear, tecnologia que viria a se tornar base para os modernos exames de ressonância magnética (MRI). Também foi condecorado com a Medalha por Mérito e a Medalha Barnard da Universidade Columbia, onde atuou como professor por grande parte da carreira.
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