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Tirando o Mofo – Streets of Rage 1 e 2

Fala moçada, beleza? Depois de muito tempo eu resolvi ressucitar a seção “Tirando o Mofo”, mas dessa vez com uma pegada mais voltada pra nostalgia ao invés do puro debate como nos outros textos. Pra você que nunca leu ou que é novo por aqui, senta ai, fica confortável e se prepara que lá vem a história.

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O jogo escolhido de hoje é o clássico do Sega Genesis ou Mega Drive, Streets of Rage, considerado por muitos como o pai do gênero Beat n’ Up, mesmo não sendo o primeiro jogo desse gênero a ser lançado.

Naquela época, em 1991 o clássico Final Fight já havia saído para arcades e acabou conquistado muitos fãs devido ao fato de ter sido projetado inicialmente como uma continuação espiritual de Street Fighter -isso da pauta suficiente para outro texto, inclusive-, mas mesmo assim, Streets of Rage ou SOR como é popularmente conhecido acabou chamando muita atenção por juntar inúmeros fatores de forma bastante inovadora e divertida. Os jogos posteriores da série também inovaram bastante e continuram o legado de forma satisfatória, e nesse texto eu pretendo abordar os dois primeiros títulos da série, vamos lá!

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Streets Of Rage (1991)

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O primeiro jogo da série trazia até os jogadores um futuro distópico bastante infeliz e complicado. Até da pra dizer que alguns elementos do jogo foram claramente inspirados no filme Robocop de 1987, mas a informação nunca foi confirmada pela Sega. O plot é bastante simples, uma cidade que outrora já foi bastante feliz foi dominada pelo sindicato, uma organização criminosa bastante poderosa que se colocou acima dos poderes políticos e até mesmo da polícia, e cabe a três policiais renegados e com sede de justiça acabar com essa farra toda.

Já deu pra perceber que o enredo é bem de filme dos anos 80 né? Eu consigo estabelecer uma conexão direta entre o já citado Robocop com o clássico testoterônico do Charles Brownson, Desejo de Matar, mas acredite, fica melhor ainda. Pra cair na porrada com os punks malditos do sindicato, você deve assumir o papel de algum dos três personagens do jogo: Adam Hunter, Axel Stone e Blaze Fielding, todos eles são na verdade ex-policias que ficaram de saco cheio de serem fantoches do sindicato e resolveram tentar acabar com toda a organização, sozinhos, e no braço.

Cada personagem possui características diferentes o que acaba mudando a forma como você enfrente os inimigos. Claro que não é nada exorbitantemente significativo, mas para os padrões do jogo e da época, a diferença é bem significativa.

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Tela de seleção de personagens
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Adam era o mais forte entre os três, mas em compensação era também o mais lento e por isso exigia uma certa agilidade do próprio jogador para que não se perdesse muita vida para inimigos rápidos. Axel também era bastante forte mas possuía a vantagem de ser mais rápido e geralmente era o preferido de muita gente, seu único problema era o pulo que não era lá essas coisas e atrapalhava bastante nos ataques aéreos. E a Blaze, bom, o que se pode falar de uma das únicas musas de videogames que faz parte de um jogo beat n’ up? Blaze era rápida e tinha excelentes ataques aéreos, porem não causava muito dano, mas na minha opinião, era de longe a personagem mais fácil de se jogar. Alem disso, ela gostava muito de lambada, o que infelizmente não foi suficiente para que uma das trilhas do jogo fosse uma versão eletrônica de “Chorando se foi”.

Aliás, por falar em trilha sonora, ta ai um dos grande diferenciais de SOR. A trilha era algo simplesmente espetacular e consistia em um eletrônico rápido e empolgante composto por Yuzo Koshiro. Seu trabalho ficou tão bom, que ele era um dos únicos a ter o nome citado como criador do jogo fora dos créditos e mais tarde acabou trabalhando em outros títulos como Sonic e o épico Shenmue.

A epopeia porradeira é divida em oito fazes que são chamadas de Rounds, e um dos detalhes interessantes é que nesse primeiro título nenhum personagem tem nome próprio alem dos protagonistas e do chefe final. Alem disso, somente os chefões possuem barra de life, e pode-se dizer que foi SOR o responsável por fortificar o hábito de se colocar um boss no final de cada fase. Ao chegar no último nível, você tinha de enfrentar todos os chefes e depois cair na porrada com o Mr. X, o cara por trás de todo o sindicato. O mais interessante de tudo é que após a derrota do chefe final, você poderia escolher o lado corrupto da força e tomar conta do sindicato, mas pra isso, precisava estar jogando com um amigo e sair no braço pra decidir quem seria o novo chefe do pedaço.

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Outro detalhe importante é que nesse primeiro jogo não existia nada de poderes ou firulas sobrenaturais, de forma que o “especial” do jogo -uma artimanha pra dar uma força para os jogadores num momento de tensão- consistia na aparição de um carro de polícia e de um policial equipado com uma metralhadora ou uma bazooka -dependia se você era o player 1 ou o player 2- que fazia uma limpa na tela, matando a grande maioria dos inimigos ou dando uma grande quantidade de dano aos que sobrevivessem. O policial que aparecia por ali não possui nome e nem é citado em nenhum jogo posterior da série, mas ele seria a princípio um “compadre” que não quis abandonar a corporação, mas que tenta te ajudar conforme pode.

Rapaz nervoso esse.
Rapaz nervoso esse.

Eu só joguei o primeiro Streets of Rage algum tempo depois de ter jogador o Streets of Rage 2, mas mesmo assim gostei bastante do jogo. A história e a jogabilidade evoluiu bastante de um jogo para o outro, mas mesmo assim é possível se divertir bastante até por que, eu acho o primeiro bem mais difícil do que o segundo.

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Streets Of Rage 2 (1992)

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Esse é de longe o meu preferido. Gráficos melhorados, jogabilidade aprimorada e o fato de ter sido o primeiro jogo que ganhei dos meus páis para o meu Mega Drive faz com que SOR 2 tenha um lugar especial na minha memória. Passei horas descendo a porrada nos punks, e nem lembro de quantos domingos eu me juntava com o meu primo pra zerar o jogo durante as tardes tediosas da cidade pequena em que eu morava.

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Mas largando a nostalgia pessoal e indo direto ao que interessa, SOR 2 começa um ano após o final do primeiro jogo, quando os protagonistas já haviam retornado as suas vidas normais e devolvido a cidade as autoridades competentes. Axel acabou virando segurança pessoal de um magnata, Blaze tornou-se uma professora de dança -provavelmente ensinando as novas tendências da Lambada Eletrônica- e Adam retornou ao antigo emprego de policial e trouxe seu irmão Skate para morar na sua casa. Aliás, que destino tosco para os heróis que salvaram a cidade, nem um cargo na prefeitura ou a chave da cidade os caras receberam, lamentável.

Um belo dia, Axel recebe uma ligação de Skate dizendo que Adam foi raptado pelo sindicato e decide que é hora de descer o braço nos criminosos de plantão mais uma vez. Para isso, ele conta com a ajuda de Blaze, de Skate e de Max, um antigo amigo forte pra caramba com a incrível habilidade de criar cabelo do nada em pouquíssimo tempo, já que na capa do jogo ele é careca e dentro dele o cara possui até topete.

Bate no cara e ainda posa pra foto, esse max é nervoso.
Bate no cara e ainda posa pra foto, esse max é nervoso.
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As fases são praticamente as mesmas, sendo que alguns até ousam dizer que o segundo título é na verdade um remake do primeiro, o que não é verdade. A quantidade de inimigos foi ampliada significativamente o que da uma sensação de variedade e de poder ao sindicato, haja vista que agora os caras foram capazes de contratar ninjas, motoqueiros granadeiros, jogadores de beisebol obesos e lutadores profissionais ao invés de punks sem vergonhas metidos a encrenqueiros.

Os inimigos também foram batizados em SOR 2, pois agora possuem alem da barra de life, nomes e cores de roupas diferentes. Os chefes estão mais bem trabalhados e possuem habilidades bem mais exploradas do que os do primeiro jogo. O boss da primeira fase por exemplo, é especialista na briga de facas e me lembro até hoje de como foi a sensação de enfrenta-lo pela primeira vez. O cara sai de um beco escuro e já começa jogando faca pra tudo quanto é lado, e como eu era apenas um moleque acostumado a matar meus inimigos na base do pulo do Sonic, levei meu primeiro game over ali mesmo, naquele beco escuro. Mais pra frente, você acaba percebendo todo o cuidado que a equipe de desenvolvimento teve para deixar os personagens mais únicos e desafiadores, e o “chefe da faca” não é o único a ter uma habilidade única.

A trilha sonora continua épica e condizente com o clima do jogo, mudando conforme se passa de fase e ficando mais tensa conforme os chefões vão aparecendo. Alem disso, os efeitos sonoros também foram aprimorados fazendo com que o simples efeito de soco ficasse muito mais interessante. Os efeitos de chuva, das motos, das granadas e até dos gordinhos apanhando merecem destaque especial juntamente com as vozes dos protagonistas ao soltarem seus respectivos especiais.

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Por falar em especial, o segundo jogo da franquia tem uma característica boa e outra ruim. A boa é que de alguma forma dois personagens ganharam poderes especiais, pois Axel agora é capaz de dar um soco envolvido em energia e Blaze pode soltar um protótipo de Hadouken. Pode parecer meio estranho que do nada isso apareça sem ter sido mencionado em nenhum momento no primeiro título mas acredite, isso é muito legal. Em contrapartida, a má notícia é que o policial que te auxiliava no primeiro foi completamente esquecido no segundo e não há nenhuma possibilidade de você fazer com que todos os inimigos da tela sejam mortos ou percam life com ajuda desse companheiro valoroso.

Afinal de contas é um raio, um dragão ou uma mistura dos dois??
Afinal de contas é um raio, um dragão ou uma mistura dos dois??

Algumas fases lembram muito o primeiro jogo mesmo, mas existem alguns momentos especiais e memoráveis do segundo jogo. Lembro de quando cheguei pela primeira vez na parte do parque de diversões em que você entra numa espécie de tunel do terror. Ao invés de monstros e afins, você encontra ovos de aliens e o escambau a quatro lá dentro, e eu me borrava de medo de que o Alien do filme saísse de algum lugar por ali e me arrebentasse. Inclusive o dono da locadora da minha cidade dizia que se você passasse a fase inteira sem levar um hit, era possível enfrentá-lo como se fosse um sub chefe, mas eu nunca tive o interesse em descobrir se o fato era verídico ou não, pois era mais cagão do que gostava de admitir.

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Outra coisa inovadora nesse segundo título foi a melhoria no sistema de combate. No primeiro jogo você só tinha a sua disposição o soco normal e o agarrão, mas no segundo você tinha a possibilidade de combinar alguns botões e acertar um golpe diferente. O Axel por exemplo, soltava o lendário “RASTAPÁ” ao se apertar dois pra frente e soco. Outra novidade foi a possibilidade de se “pular” por cima do inimigo depois do agarrão, podendo alternar o que você gostaria de fazer com o inimigo após conseguir imobilizá-lo.

O chefe final mais uma vez é o cafajeste do Mr. X, que dessa vez volta mais forte do que nunca e nem sequer te da bola quando você o desafia da primeira vez. O lazarento fica sentado na sua confortável poltrona enquantoto seus capangas tentam te arrebentar e só levanta de lá quando você vence todos eles. Após a luta final, você finalmente liberta Adam que fica extremamente feliz em rever seus amigos e seu irmão, e a princípio, acreditava-se que o sindicato nunca mais seria capaz de atormentar a cidade. Acontece que dois anos depois, Mr. X e seus capangas voltam com força total, mas isso é só no próximo Tirando o Mofo, onde vou abordar Streets of Rage 3, a lenda do Streets of Rage 4 e de quebra, o sensacional Streets of Rage: Remake. Aguardem!

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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.