Lançado como uma continuação direta de um dos mangás mais influentes da história, Boruto herdou um universo vasto, personagens icônicos e uma base de fãs apaixonada. No entanto, apesar de já contar com duas fases — Boruto: Naruto Next Generations e, mais recentemente, Boruto: Two Blue Vortex — a obra ainda luta para se firmar com identidade própria e superar comparações inevitáveis com Naruto, sua origem.
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Mesmo após algumas melhorias narrativas e visuais na segunda fase, a série ainda enfrenta críticas intensas. Para conquistar definitivamente o público e merecer um espaço ao lado do original, Boruto precisa encarar algumas falhas centrais em sua estrutura, construção de mundo e tratamento de personagens.
Otsutsuki: o salto para o sci-fi que afastou a essência ninja
Uma das decisões mais polêmicas de Boruto foi aprofundar ainda mais a trama dos Otsutsuki — seres alienígenas superpoderosos que já dividiam opiniões em Naruto. Em vez de amenizar esse caminho, a nova fase optou por abraçar totalmente essa mitologia cósmica, incluindo a própria herança genética de Boruto como parte dessa linhagem extraterrestre.
Embora a expansão tecnológica do mundo ninja — com vilas modernizadas e computadores portáteis — tenha trazido elementos interessantes, muitos fãs apontam que a essência dos combates estratégicos e da filosofia ninja se perdeu no processo. A substituição do misticismo e da disciplina shinobi por biotecnologia alienígena transformou o clima da obra. A comparação entre Kara, grupo antagonista de Boruto, e a Akatsuki, de Naruto, ilustra bem essa diferença de abordagem: enquanto a Akatsuki surgia de conflitos humanos e políticos, Kara parece surgir de um plano de dominação interplanetário.
Para reconquistar os fãs mais tradicionais, Boruto precisa reencontrar o equilíbrio entre inovação e raízes — e resgatar o “espírito ninja” que conquistou o mundo na era anterior.
O combate perdeu o fio: excesso de poder e ferramentas quebradas
Desde o auge de Naruto, o problema da escalada de poder já era perceptível. A introdução do Modo Bárion, por exemplo, levou os personagens a níveis quase divinos. Boruto não apenas manteve esse ritmo, como o acelerou. O uso indiscriminado de ferramentas científicas, como os dispositivos que absorvem jutsus, tornou o sistema de lutas confuso e, por vezes, previsível.
O conceito das Ferramentas Ninja Científicas até tem potencial, mas sua aplicação desequilibra a dinâmica de batalhas. Técnicas antes raras e impactantes, como a absorção de chakra, viraram recurso corriqueiro. Para piorar, as lutas passaram a depender mais de confrontos físicos (taijutsu), não por opção criativa, mas pela incapacidade de manter a coerência no uso de ninjutsu.
É essencial que a série estabeleça regras claras para seus poderes, se quiser retomar a emoção estratégica dos combates e evitar que tudo vire uma corrida por “quem tem o jutsu mais absurdo”.
Elenco de apoio abandonado: um desperdício de legado
Personagens queridos como Rock Lee, Shino, Orochimaru e Kabuto, que contribuíram imensamente para o carisma e a profundidade de Naruto, são agora deixados de lado ou usados apenas como fan service. Isso é especialmente frustrante quando se percebe que o próprio sistema de poder em Boruto — mais centrado em combate físico — favoreceria a ascensão de personagens como Rock Lee.
Além disso, a nova geração introduzida na série raramente consegue carregar o mesmo peso dramático ou carisma de seus predecessores. Fica claro que parte do público continua emocionalmente vinculado à geração de Naruto, e esperava ver uma transição mais cuidadosa, com desenvolvimento verdadeiro em vez de aparições esporádicas.
Naruto: o herói que virou símbolo… e foi maltratado
Entre as decisões mais controversas do universo de Boruto, poucas são tão impactantes quanto o tratamento dado a Naruto Uzumaki, o protagonista original. Após toda uma saga para realizar seu sonho de se tornar Hokage, o personagem é retratado em Boruto como um líder desgastado, desconectado e, por vezes, até impotente frente aos novos desafios.
O período em que Naruto exerce seu mandato como Hokage é pouco explorado e, quando aparece, revela uma Konoha que não mudou tanto quanto prometido. Amegakure continua esquecida. Estruturas autoritárias permanecem firmes. Em sua ausência, Shikamaru assume medidas que transformam a vila em um estado de vigilância. Tudo isso mina a trajetória do protagonista, colocando em xeque o legado de suas escolhas.
Há momentos em que o próprio Naruto se pergunta se fez a escolha certa ao se tornar Hokage. E a resposta que a narrativa dá, até aqui, parece ser um incômodo “não”.
Uma chance para consertar o passado
Ainda assim, nem tudo está perdido. Boruto tem a oportunidade de aprender com os erros do passado e construir algo novo. Ao invés de tentar repetir a fórmula de Naruto, a série pode se dedicar a explorar aspectos que o original jamais aprofundou: as consequências sociais da guerra, o impacto da tecnologia na vida dos cidadãos comuns, e as realidades fora do campo de batalha.
Narrativas mais humanas — como a vida dos comerciantes, dos moradores de vilas menores, ou dos genins que não se tornaram heróis — poderiam trazer à franquia uma profundidade inédita. Boruto não precisa apenas brilhar como sucessor: pode se destacar como algo próprio, com temas e questionamentos modernos, conectando-se com um novo público sem esquecer quem pavimentou o caminho.
Para isso, será necessário mais do que combates impressionantes e poderes sem limites. Vai ser preciso coragem narrativa, maturidade e um olhar mais crítico sobre o mundo ninja — algo que, ironicamente, Naruto sempre defendeu, mas nunca teve tempo de executar plenamente.
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- Boruto: Naruto Next Generations – Episódios e Arcos que valem a pena
- Naruto Shippuden – Fillers e episódios canônicos do anime
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Naruto Shippuden foi exibido entre os anos de 2007 e 2017 e contando a segunda fase do anime.
Nela, Naruto retorna após dois anos de treinamento com a missão de combater a Akatsuki e então resgatar Sasuke das garras de Orochimaru.
Enquanto isso, a Akatsuki começa sua busca pelas Bijuus e o mundo ninja está prestes a enfrentar a maior crise que já viu em sua história.
Ao todo, o anime tem 500 episódios (incluindo os fillers de Naruto Shippuden), e finaliza a história de Naruto, Sasuke, Sakura e Kakashi. Além disso, o anime prepara o terreno para a continuação direta da história.
Você pode acompanhar Naruto na íntegra no Crunchyroll. No post de hoje, listamos todos os personagens que Sasuke Matou em Naruto.
