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Necropolis – Review

Cuspindo no prato que comi. É mais ou menos assim que me sinto tendo que analisar Necropolis, o roguelike da Harebrained Studios que me agradou bastante e até me divertiu, mas que esbarra em tantos erros bobos que acabam tornando a experiência com ele esquecível e às vezes entediante.

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Necropolis parte de uma premissa interessante de te colocar para explorar dungeons geradas proceduralmente e evoluir enquanto vai mais fundo no mundo obscuro cercado por enigmas e uma mitologia esquecida pelo tempo. Tratando-se de lore, Necropolis brilha com uma história de fundo bem feita. Um mago maligno chamado Abraxis construiu uma estrutura gigantesca formada por labirintos, um lugar onde ele poderia praticar sua magia negra e esconder-se da civilização. Nós somos aventureiros sem nome que têm como único objetivo explorar esses labirintos e enfrentar as criaturas criadas por Abraxis, além de coletar todo o tesouro possível, é claro.

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Inicialmente o design das dungeons é bem simples e sempre a mesma coisa, uma repetição de paredes e labirintos sem fim que se unem num ponto onde podemos comprar itens, melhorar nossos personagens de alguma forma e descer ao próximo nível. Após alguns níveis podemos ver uma diferenciação nas dungeons, mas que continuam mais do mesmo por mais algum tempo.

Morrer significa voltar do início do jogo, tendo que fazer as mesmas coisas no começo, pegar as mesmas armas novamente e lutar contra os mesmos inimigos em cenários diferentes. Parece que o sistema de geração procedural com o estilo roguelike funcionaria bem, mas com Necropolis é justamente ao contrário e onde a geração procedural deveria garantir sempre campanhas diferentes a nós, temos repetições e mais repetições.

Os inimigos variam de tempos em tempos e progridem conforme vamos aprendendo os macetes do jogo, adquirindo conhecimento e melhores armas. Há uma grande variedade entre eles, que têm diversos estilos de luta e diferentes formas de serem vencidos. Eles são um desafio real e são o que realmente me divertiu no jogo. Porém enfrenta-los sozinho será um completo porre e morrer tendo que começar tudo do início será BEM frustrante. Jogar com um ou mais amigos é uma opção melhor, mas não o ideal, já que o jogo também esbarra em uma série de erros no combate.

O principal destes problemas é a falta de impacto e precisão que os golpes têm, assim você nunca sabe se vai acertar o inimigo que está atacando seu parceiro ou acabar dando o golpe final em seu amigo. O estilo de combate lembra bastante o da série Souls, com um pouco mais de fluidez e classe e muito menos refinado. Os golpes são muito bonitos de se ver, o mapeamento dos botões é bem feito e o tempo de resposta do personagem entre um golpe e outro é aceitável, mas a falta de precisão consegue imperar sobre todos eles, principalmente se você já estiver estressado por ter morrido e tido que fazer tudo outra vez.

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A câmera do jogo também não é das melhores e é necessário ficar focando e desfocando do inimigo para poder saber onde ele está. Necropolis ainda tem a irritante mania de spawnar inimigos em suas costas, e fora pelo som que alguns fazem é impossível saber que eles estão chegando – principalmente se você tiver focado em outro inimigo. Este é outro motivo para não jogar sozinho.

O sistema de crafting do jogo é bem interessante, sendo que com os itens que obtemos em baús e que os inimigos dropam ao morrer podemos criar diferentes pedaços de carne para cura e poções que têm resultados aleatórios que podem ser conhecidos usando outros itens.

Eu não saberia explicar que itens são estes, já que em todas as descrições de absolutamente todos os itens Necropolis opta por utilizar o humor ao invés de ser objetivo na explicação. Assim, ao invés de ser engraçado ele acaba privando o jogador de toda e qualquer informação que o ajudaria a entender que ele está, sim, avançando no jogo, e não jogando a mesma coisa de novo e de novo.

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No caso das poções a ideia de tentativa e erro dos resultados aleatórios é interessante, mas em todo o resto isso só enche o saco. Você tem que ser um ninja do entendimento de piadas para saber o que faz a habilidade na qual você gastará seus valiosos pontos para ter. A seguir um exemplo: “centering oneself without looking like a total dip is kind of difficult, and for God’s sake, don’t get your nose pierced”. Eu gostaria de saber o que diabos essa habilidade faz, mas tudo o que sei é que não devo colocar piercing no nariz. “Unlock Your Inner Power Potential” é outro exemplo de uma piada que poderia ser substituída por uma explicação objetiva.

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Sempre haverá diante do jogador três desafios que, quando cumpridos, darão recompensas que poderão ser usadas para comprar habilidades ou obter a bênção dos deuses, o que aumenta a vida e stamina. Não é tão simples resolve-lo pois nem sempre o jogo colocará diante de nós os inimigos específicos para cumpri-los, então eles são bem esquecíveis, principalmente pela falta de informação.

Você poderia me dizer que estou reclamando da impressão de repetição por morrer por não ter entendido ou não saber o que é um roguelike, mas eu com certeza sei. Esse sentimento ve por vários motivos como o início sempre igual e dungeons iniciais parecidas, por problemas de inicialização que o jogo possui, como o primeiro loading que, pelo amor do Pai, demorava mais de cinco minutos a cada vez que eu e o David Brito (que testou o jogo comigo) morríamos e a falta da sensação de avanço que Necropolis passa. Ele tenta ser um roguelike, mas precisa melhorar muito para despertar no jogador aquela vontade de enfrentar tudo novamente após morrer, o que os bons roguelikes geralmente fazem.

Também enfrentamos travamentos ao iniciar o jogo e só depois de muita luta descobrimos que ele só podia ser aberto mudando o idioma para inglês. Encontramos também alguns bugs simples, mas nada que prejudicasse o andamento do jogo.

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Necropolis tem um estilo artístico interessante, que combina com seu estilo e apesar de não ser a minha preferência, não deixa a desejar em nada. A falta de detalhes nos cenários valoriza os inimigos e as armas, assim valorizando o combate, o que faz ele ser tão prazeroso. Trilha sonora é quase inexistente aqui, o que também é um ponto positivo, já que o destaque neste caso é dado para os sinais de inimigos se aproximando e também para os combates.

Resumindo: Eu gostei de Necropolis? Sim, MUITO. Eu o recomendo? Nem um pouco. Apesar de ter potencial e ser bem viciante quando jogado com amigos, o jogo passa a impressão de ainda estar em alpha ou acesso antecipado, deixando para o jogador uma série de problemas bobos que poderiam ser facilmente corrigidos e que acabam tornando a experiência com ele esquecível e por vezes frustrante. Estou cuspindo num prato que me serviu uma comida agradável, mas torço para que a desenvolvedora o melhore e diminua o preço para que eu possa recomendá-lo para alguém no futuro.

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Review feito por mim porque o Eric teve preguiça. Cópias do jogo para PC fornecidas pela Harebrained Schemes.

Resumo para os preguiçosos

Necropolis um dia será um ótimo roguelike e muito bom para se jogar com amigos, mas atualmente ele possui uma série de problemas que não o beneficiam em nada. Seu combate é divertido, mas conta com ataques sem precisão e impacto e uma câmera inconstante. O elemento roguelike passa o sentimento de repetição ao invés de oferecer um novo desafio ao jogador que provavelmente se cansa depois da segunda ou terceira morte.

Seu visual é bem feito e bem pensado, a falta de som é justificável e a história de fundo é ok, mas o que é mais frustrante no jogo é a falta de informação em tudo que é substituída por um tipo de humor que é indecifrável muitas vezes, além dos problemas de inicialização.

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Nota final

55
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Combates divertidos
  • Bom para se jogar com amigos
  • Variedade de inimigos
  • Desafiador e cheio de conteúdo

Contras

  • Repetitivo
  • Combate sem precisão e impacto
  • Câmera instável
  • Humor indecifrável que substitui a informação
  • Já falei que é repetitivo?
  • Problemas de inicialização
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.