Dragon Quest é uma das franquias mais importantes do mundo do videogame (na minha prévia, eu chamei ela de Led Zeppelin dos JRPGs, o que é uma ótima classificação, modéstia à parte) e seu terceiro capítulo é considerado um dos melhores dela, e é exatamente por isso que a Square Enix está lançando Dragon Quest III 2D-HD Remake, um remake do jogo original com o estilo gráfico favorito de 10 em 10 fãs da companhia. Será que esse jogo consegue entregar o que promete?
Em Dragon Quest III 2D-HD Remake, acompanhamos um RPG clássico que conta a jornada de um jovem herói, descendente de um renomado guerreiro, cuja missão é derrotar o temível Baramos para salvar o mundo.
A narrativa se desenrola em um universo extenso, repleto de terras mágicas, onde o protagonista e seu grupo de aventureiros enfrentam diversos desafios ao explorar reinos distantes, adentrar calabouços e confrontar monstros poderosos.
Com o objetivo de honrar o legado de seu pai e evitar a destruição iminente, o herói embarca em uma aventura épica, marcada por encontros memoráveis e mistérios antigos.
Embora seja um remake, Dragon Quest III 2D-HD Remake mantém muito de seu conteúdo original. Os jogadores notarão rapidamente que o jogo exige atenção e que qualquer erro pode ser fatal, pois os personagens são frágeis e o progresso não é tão ágil. Como é comum em RPGs japoneses, o equipamento adequado é essencial para o herói, mas, no início da aventura, o dinheiro é limitado. Isso faz com que o jogador precise passar por fases de “grind”, especialmente ao chegar em uma nova cidade e perceber que os recursos são insuficientes para melhorar o equipamento do grupo antes de prosseguir na história.
Essa é a realidade do jogo principalmente nas 10 a 12 primeiras horas iniciais. Depois de algumas missões principais da campanha concluídas, essa dificuldade diminui um pouco, mas eu ainda me encontrei precisando contar as moedas para conseguir atualizar os equipamentos dos meus personagens de vez em quando.
Outro elemento que o jogo preserva é a estrutura de formação e progressão do grupo. Embora o herói seja um personagem fixo, os outros membros da equipe são recrutados no início da jornada, e cabe ao jogador equilibrar o grupo com classes tradicionais, como Guerreiro, Mago, Clérigo e Ladrão, para superar os desafios.
Além disso, após chegar ao nível 20 e a uma cidade em específico no jogo, você pode (e deve) trocar a classe dos seus personagens que não são o herói, para construir classes híbridas que herdam as habilidades da classe anterior e podem assim fazer combos como um Guerreiro que sabe usar magias de cura de um Clérigo, ou o bom e velho Sábio, que possui todas as magias do jogo ao seu dispor.
Para aqueles que jogaram o remake da franquia lançado no Nintendo DS, Dragon Quest III 2D-HD Remake será bastante familiar, pois muitos elementos foram mantidos. Contudo, algumas mudanças, como o reposicionamento de itens e novidades como o minigame de “Monster Wrangler”.
Dessa forma, eu inclusive consegui usar um guia de Dragon Quest III para o Nintendo DS para os momentos em que eu me senti perdido no jogo, já que à partir de um certo ponto do game, ele te solta no mapa e você precisa ir atrás de uma certa quantidade de objetivos na ordem que você preferir, e nem todos são tão diretos assim.
Aqui, é importante falar um pouco sobre o sistema de dia e noite de Dragon Quest III 2D-HD Remake. Esse sistema já estava presente anteriormente, e é bem legal como você tem quests que só pode fazer à noite e quests que você só pode fazer de dia. Dependendo do local onde você se encontra, só é possível avançar em alguma das duas fases do dia, além de encontrar inimigos diferentes e monstros diferentes para capturar para o minigame de Monster Wrangler.
Para os fãs de longa data e para aqueles que começaram em RPGs japoneses com Final Fantasy e ainda não exploraram Dragon Quest, este jogo é uma excelente oportunidade. Ele exemplifica bem o estilo dos RPGs clássicos da época, mas se você só jogou Final Fantasy, há uma série de diferenças que você vai notar de cara.
A primeira delas é no combate do jogo, já que você não pode escolher qual adversário você vai atingir, e sim apenas grupos de adversários. Funciona da seguinte maneira, digamos que você vai enfrentar 6 Slimes, o jogo escolhe qual deles vai ser atingido caso o seu ataque atinja só um inimigo por vez. Também há a possibilidade de você usar ataques ou magias que podem atingir todos os adversários ao mesmo tempo, mas você nem sempre está 100% no controle das ações do combate.
Em outras oportunidades, você pode enfrentar, por exemplo, 2 esqueletos, 2 slimes e mais 2 esqueletos, e aí não pode atacar os 4 esqueletos ao mesmo tempo, você precisa escolher um dos dois conjuntos de 2 inimigos para atacar, dessa forma, você precisa pensar bem nas suas ações antes da batalha para que ela seja o mais previsível o possível, apesar disso nem sempre acontecer.
No geral, os combates de Dragon Quest III 2D-HD Remake são divertidos e bem ágeis também. A Square Enix incluiu a opção de você acelerar as batalhas de forma bem rápida, e a inteligência artificial dos personagens também ajuda a você automatizar o processo enquanto está upando.
Ainda sobre a automação, é importante mencionar um detalhe: a inteligência artificial no modo automático de batalha e a função de cura rápida, “handy heal”, poderiam ser aprimoradas. No modo automático, a estratégia não é otimizada, levando personagens a usarem ataques individuais em vez de magias de área que poderiam derrotar vários inimigos de uma vez.
Além disso, o perfil de IA do curandeiro muitas vezes não cumpre bem seu papel, desperdiçando MP em ataques ao invés de priorizar a cura dos aliados, mesmo quando eles estão com a vida baixa.
Antes de finalizar, vale falar ainda sobre o minigame de Monster Wrangler que foi adicionado ao jogo. Inspirado em Dragon Quest Monsters, a ideia é você explorar os cenários do jogo e “capturar” monstros para fazerem parte do seu grupo de combates de monstros, onde você batalha contra outros grupos de monstros de outros treinadores e assim ganha recompensas.
Esses combates acontecem nos porões das Estalagens e adicionam muitas e muitas horas de diversão ao já extenso jogo, e apesar de serem apenas um minigame, elas podem certamente fazer algumas pessoas esquecerem completamente da campanha principal do jogo para apenas explorar o mundo atrás de um grupo mais forte de monstros.
Para completar esta parte, o jogo também ganhou uma nova classe chamada de Monster Wrangler que usa o poder destes monstros dentro das batalhas e que acaba sendo super versátil e ajudando bastante na hora de vencer os chefes e inimigos mais cabeludos dentro do jogo.
Graficamente, Dragon Quest III 2D-HD Remake é um belíssimo jogo, com gráficos que realmente mostram o carino que a Square Enix colocou nesse remake. O jogo realmente impressiona e você vai se perder olhando para a tela em diversos momentos, além dele remeter àquela época do PS1 onde cenários tridimensionais e personagens em sprides 2D conviviam juntos em jogos como Alundra, Grandia e assim por diante.
A trilha sonora do jogo também é bem legal, e a música épica dos combates e da navegação do cenário berram “estou partindo numa aventura”. Por fim, é uma pena que Dragon Quest III 2D-HD Remake não terá legendas em português. Seria ótimo ver a franquia recebendo o mesmo cuidado que Final Fantasy, mas, para os fãs que compreendem inglês, este remake é uma adição de qualidade aos RPGs deste ano.
Mas e aí, Dragon Quest III 2D-HD Remake vale a pena?
Dragon Quest III 2D-HD Remake é uma carta de amor à franquia e um remake que respeita o conteúdo do jogo original adicionando novidades, renovando os gráficos e trazendo alguns detalhes que até mesmo os veteranos em Dragon Quest vão gostar. Um remake imperdível para fãs de longa data e uma excelente porta de entrada na franquia para quem nunca jogou um jogo dela.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecida pela Square Enix.
Resumo para os preguiçosos
Dragon Quest III 2D-HD Remake impressiona visualmente com sua estética 2D-HD, encantando os fãs com gráficos detalhados e nostálgicos que lembram clássicos do PS1. A narrativa segue um jovem herói em uma aventura épica para derrotar Baramos, explorando terras mágicas e enfrentando monstros. A estrutura do jogo preserva elementos clássicos do RPG original, como o sistema de classes e a progressão de grupo, oferecendo liberdade para criar classes híbridas. Além disso, o novo minigame Monster Wrangler, inspirado em Dragon Quest Monsters, adiciona uma camada extra de diversão, permitindo capturar e treinar monstros, aumentando a variedade de jogabilidade.
Apesar dos pontos positivos, Dragon Quest III 2D-HD Remake enfrenta algumas dificuldades. A inteligência artificial no modo automático de batalha e o “handy heal” poderiam ser otimizados, pois não priorizam uma estratégia eficiente, comprometendo a cura dos aliados. Além disso, o combate exige planejamento, pois não permite selecionar adversários específicos, o que limita o controle estratégico. A falta de legendas em português também pode frustrar fãs que não dominam o inglês. Mesmo com esses desafios, o remake se destaca como uma ótima opção para amantes de JRPGs e promete uma experiência nostálgica e rica para veteranos e novos jogadores.
Prós
- Belíssimos Gráficos
- Bastante divertido
- Diversas opções de qualidade de vida
- Minigame de Monster Wrangler muito divertido
Contras
- A IA do modo de cura rápido e das batalhas deixa a desejar, não confie nelas
- O jogo não tem legendas em português