Elden Ring se tornou um dos maiores jogos da década, e a sua expansão vem sendo um dos produtos mais aguardados no mundo do jogos, prometendo ser uma das maiores DLCs já produzidas nessa indústria. Shadow of the Erdtree chega para te fazer voltar para as terras intermédias, mas será que vale realmente a pena adquirir o novo conteúdo? É o que vamos descobrir na análise de hoje.
Desta vez, indo atrás do Bondoso Miquella, no Reino das Sombras, o Maculado busca respostas sobre o que aconteceu com os semi-deuses desaparecidos enquanto explora um mapa totalmente novo e enfrenta batalhas épicas contra chefes absurdamente difíceis e muito bem feitos.
Antes de tudo, vale um pouco de contexto: a Fromsoftware revolucionou o mundo dos jogos cerca de 15 anos atrás com o lançamento de Demon Souls e posteriormente Dark Souls, criando todo um novo gênero e sub-gênero de jogos, revitalizando a indústria. Souls-like é o meu tipo de jogo favorito e especialmente os da Fromsoftware tem um um espaço único no meu coração, e foi uma alegria tremenda descobrir que Shadow of the Erdtree é o auge do trabalho do Miyazaki e tudo de melhor que a Fromsoftware pode oferecer.
Iniciando a DLC
Para começar a explorar o novo conteúdo de Elden Ring, é necessário ter derrotado Mogh no seu palácio e Radanh durante o festival em Caelid, esse é um jeito bem inteligente que a Fromsoftware arranjou de testar seus jogadores e ver se eles estão prontos pro nível de dificuldade da DLC. Caso você seja capaz de derrotar esses 2 chefes bem difíceis, então está minimamente preparado para o que está por vir.
Ao chegar no reino das sombras, nos deparamos com uma vista linda e uma estrutura inicialmente parecida com a do jogo base, com um inimigo chamado ‘Golem da Fornalha’ logo a sua frente, sendo ele extremamente difícil e que não é recomendado tentar derrota-lo logo de cara, bem parecido com o que acontece com o sentinela da árvore no inicio do jogo base.
Após esse primeiro contato, é possível escolher entre 2 masmorras principais ou explorar a área inicial em busca das pequenas dungeons espalhadas pelo mapa, e aqui já fica o primeiro grande elogio em relação ao jogo base: as dungeons mais básicas estão muito melhores e mais bem trabalhadas.
Exploração, gameplay e combate
Uma das principais reclamações do lançamento de Elden Ring foi o CTRL C + CTRL V das dungeons mais básicas, e aqui eles variaram bastante, tem dungeon de fogo, de gelo e com designs bem distintos entre uma e outra, consertando um dos poucos problemas que o jogo base tinha.
Outra excelente decisão da DLC foi facilitar o acesso as armas novas, que geralmente é o que os jogadores estão mais empolgados para ver. Logo de cara você consegue muito fácil vários tipos de armas novas interessantes e várias pedras sombrias para melhorar elas até o nível máximo de forma rápida. É praticamente a Fromsoftware te dizendo ‘toma aí tudo que tu precisa pra experimentar o conteúdo novo e testa a vontade’.
O acesso as armas de DLC era algo difícil nos jogos anteriores da empresa, como Dark Souls, e fiquei muito feliz deles finalmente darem uma facilitada nessa parte, já que todo mundo quer realmente é trocar de arma e experimentar 100% as coisas novas da DLC. Existem 8 tipos de armas novas e uma tonelada de armas únicas com movesets impressionantes e muito bem trabalhados, é nítido que a Fromsoftware se dedicou a entregar uma experiência completa em gameplay com as novas armas da DLC.
Outra decisão que também foi super acertada foi criar um sistema próprio de level pra DLC, permitindo assim que os desenvolvedores conseguissem balancear ela de forma mais prática e impedindo que fosse possível estragar a experiência ao upar seu personagem para o nível mais alto. Por todo o mapa estão espalhados fragmentos da Umbrarvore, item que você utiliza ao sentar numa graça perdida para subir o seu nível dentro da DLC, e esse dano extra funciona somente dentro do reino das sombras.
E por falar em dificuldade, tanto os inimigos comuns, mini-chefes e chefes estão bem desafiadores, a DLC é muito mais difícil que o jogo base e é quase obrigatório você explorar bem e achar os fragmentos da Umbrarvore para melhorar seu personagem. Caso contrário, se prepare para enfrentar um verdadeiro terror em dificuldade.
Ter que explorar bem para ficar mais forte não é um problema para essa DLC, já que a exploração é ainda mais divertida que a do jogo base e o design do mapa é simplesmente genial. O jogo base, apesar de mundo aberto, tem meio que um caminho engessado para você seguir e muitas das áreas são travadas atrás de chefes avançados da história.
Mas o mapa de Shadow of the Erdtree é diferente, após derrotar o primeiro chefe obrigatório, você ganha acesso a uma legacy dungeon gigantesca que funciona como um grande Hub central do mapa. Não existe jeito certo de explorar ela e lá tem várias entradas e saídas que se conectam a todas as outras áreas do jogo.
Esse design permite que cada jogador tenha uma experiência única ao tentar completar o mapa da DLC, já que você pode acabar entrando nessa Dungeon central por uma parte diferente da que eu entrei e também pode sair em outra completamente diferente, ganhando acesso a uma parte nova do mapa, Shadow of the Erdtree tem o ápice do map design da Fromsoftware e é o resultado de anos de experiência acumulados.
Em questão de tamanho, o mapa é relativamente pequeno, mais ou menos do tamanho de Limgrave e Caelid juntos, mas é muito mais denso que o mapa original do jogo, que tem muitos trechos que você vai basicamente só cortar o mapa de norte a sul com o Torrent sem parar no meio do caminho.
Aqui não é assim, Shadow of the Erdtree compensa no tamanho menor com a quantidade coisas por metro quadrado para fazer, é muito raro você ficar sem algum ponto de interesse imediatamente a sua frente, é até difícil decidir qual parte você quer ver primeiro.
Variedade de inimigos e Chefes em Shadow of the Erdtree
Na questão da variedade de inimigos e chefes, Shadow of the Erdtree também capricha e melhora outro aspecto do jogo base que foi a repetição exagerada de chefes. Ela não elimina completamente o problema e existe sim alguns chefes repetidos pelo mapa, principalmente dragões, mas no geral e proporcionalmente falando, a DLC faz isso bem menos e busca trazer sempre algo novo ou uma surpresa fantástica no final de cada Dungeon do jogo, por mais básica que ela seja.
Também temos uma boa variedade de inimigos comuns e o jogo não te deixa enjoar rápido de um certo tipo de inimigo, a próxima área que você encontrar provavelmente já terá todo um ecossistema de inimigos novos.
Já os chefes, pra mim, são o grande destaque nesse assunto, a Fromsoftware tem um histórico de sempre se superar em design de chefe e nas lutas, e eles simplesmente fizeram isso mais uma vez.
Eu enfrentei mais de 25 chefes únicos da DLC, com vários opcionais muito bem feitos e divertidos, e os obrigatórios da história são simplesmente surreais de épicos. Enquanto você vai explorando, vai lendo as conversas com os NPCs e descobrindo a lore da DLC, uma preparação para o próximo grande chefe é feita que aumenta ainda mais o teor épico da luta.
Posso usar como exemplo o chefe do marketing: Messmer, o empalador. Acontece toda uma preparação para você finalmente chegar nele e ter uma das lutas mais épicas que a Fromsoftware já produziu, e ele nem sequer é a melhor luta da DLC, esse é o nível que os chefes de Shadow of the Erdtree estão.
Mais uma vez, a Fromsoftware conseguiu acertar aquele ponto tão polêmico do nível e tipo de dificuldade, os chefes estão extremamente difíceis, mas não são injustos. Pode até parecer no primeiro momento por causa da dificuldade, mas depois de umas tentativas você percebe que na verdade ele não é tão difícil quanto parecia, e que é até relativamente simples de derrotar, basta você acertar os timings da rolagem e ataque.
A curva de aprendizado implícita nos jogos da Fromsoftware que te faz naturalmente evoluir como jogador é algo absurdo e o charme da empresa, praticamente nenhuma outra desenvolvedora conseguiu replicar essa sensação nas outras milhões de tentativas de souls-like que temos hoje em dia.
Experiencia Audiovisual
Na questão audiovisual, não é de se estranhar que a Fromsoftware mais uma vez deu um show. O jogo base já é visualmente impressionante e a DLC melhora ainda mais esse aspecto.
As músicas contribuem pro ar épico que Shadow of the Erdtree tem, e as Cutscenes presentes na expansão são extremamente bem feitas.
Mas e aí, Elden Ring Shadow of the Erdtree vale a pena?
Com cerca de 30 a 40 horas de gameplay, com um tamanho maior que qualquer Dark Souls lançado anteriormente pela Fromsoftware, Shadow of the Erdtree é uma das melhores expansões de toda essa indústria e é até injusto ela ser ‘somente uma DLC’. É tão completo que ela não deve em absolutamente nada para um produto rotulado como ‘Jogo completo’.
Simplesmente não tem muito mais o que dizer em relação a isso, a Fromsoftware conseguiu entregar uma das melhores experiências de um videogame da atualidade. É possível ir além e fazer a seguinte constatação: Se Geoff Keighley, apresentador e dono do The Game Awards, permitir a inclusão dessa expansão na principal categoria de jogo do ano, ela tem boas chances de ganhar o prêmio.
Resumo para os preguiçosos
Elden Ring Shadow of the Erdtree entrega um map design genial, melhora os piores aspectos do jogo base, como as masmorras repetitivas e a reciclagem de chefes.
No geral, vale cada centavo e tempo investido na expansão, que poderia facilmente ser considerada um jogo completo se assim a Fromsoftware quisesse.
Prós
- Chefes épicos
- Map Design genial
- Melhora aspectos ruins do jogo base
- Muito conteúdo novo
Contras
- Diminuiu, mas ainda existe repetição de chefes