Hogwarts Legacy vale a pena? Análise – Review

Após muitos anos sem um jogo de impacto no universo de Harry Potter, Hogwarts Legacy chega prometendo ser o melhor jogo que este universo já viu, mas será que realmente vale a pena? É isso que vamos descobrir na análise de hoje.

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Criar o personagem é a primeira coisa que fazemos assim que iniciamos o jogo, e apesar dos modelos existentes serem bem legais e bonitos, faltou liberdade para o jogador escolher mais estilos diversos. Não é possível mudar a estatura do personagem, adicionar tatuagens como quiser e apesar de existir a opção de colocar uma cicatriz, não podemos escolher aonde ela vai ficar, limitando bastante as opções do jogador. Apesar disso, as opções existentes são interessantes e é possível fazer um personagem bem legal.

O jogo começa com o professor Fig recebendo o personagem principal, que é um caso especial, já que você está prestes a ser admitido em Hogwarts no quinto ano da escola, algo bem incomum de acontecer. Por causa disso, Fig ficou responsável por te ensinar o básico e coisas que esperariam de um aluno do quinto ano.

Quando estamos finalmente indo para Hogwarts, professor Fig está conversando com seu amigo Jorge, que lhe dá um item misterioso que sua falecida esposa aparentemente deu a vida para proteger, Jorge e Fig não compreendem muito bem o objeto, mas o nosso personagem consegue enxergar uma luz estranha vindo dele, e ao tocar ele se abre revelando uma chave misteriosa. Momentos depois somos atacados por um enorme dragão que também estava envolto dessa luz misteriosa, Jorge é dado como morto enquanto Fig nos teletransporta e nos salva na última hora.

Nós paramos em umas ruínas após o teletransporte e exploramos ela, é aí que descobrimos que o que nós enxergamos nessa luz estranha é um tipo magia ancestral, e essa luz é o rastro dela, algo que somente nosso personagem pode ver, um dom extremamente raro.

Após explorar as ruínas, vamos parar no banco de Gringotes, com o objetivo de ir até o cofre 12, onde a suposta chave deveria nos revelar alguma coisa. Conseguimos entrar no cofre e resolver os desafios dentro dele para adquirir um artefato, mas aí Ranrok aparece, o primeiro vilão da história e nos ataca com tudo. Graças a nossa habilidade de ver magia ancestral, conseguimos escapar diretamente para Hogwarts, onde vamos participar da cerimônia para escolher uma das 4 casas e é aí que o jogo realmente começa.

Quando o chapéu seletor está em nossa cabeça, ele faz diversas perguntas que servem como uma “simulação” para te encaixar em uma das quatro casas, e após ele fazer isso, o jogador tem o direito de escolher mudar caso queira, já que o chapéu seletor leva em consideração o pedido do jogador, assim como aconteceu com Harry nos filmes e livros.

A partir daí podemos avançar na história e entender mais sobre essa magia ancestral que podemos usar, e o professor Fig será nosso grande aliado nessa jornada, enquanto pessoas maldosas como Ranrok vão tentar te impedir ou te capturar para algum propósito sombrio que só é revelado conforme você avança no jogo.

A história principal é simples, mas bem cativante, temos um protagonista capaz de fazer algo que ninguém mais pode fazer e isso se torna o ponta pé inicial. Apesar da premissa super simples, a história é executada super bem e prende a curiosidade do jogador para saber o que vai acontecer a seguir.

Recomendo começar o jogo seguindo diretamente a história principal sem parar, pois você começa o jogo com uma varinha emprestada e precisa avançar um pouco na história até adquirir a sua, em mais ou menos 2 horas de gameplay na história principal você será capaz de comprar sua varinha no Olivaras e ter um personagem bem mais forte para explorar o mundo e fazer as missões secundárias.

E como o jogo funciona?

Após essa longa introdução, estamos finalmente livres para explorar Hogwarts e seus arredores, marcações no mini mapa indicam pontos de interesse do jogador e as missões principais, podemos explorar todo o castelo de Hogwarts, Hogsmeade e todos os arredores, assim como a grande floresta proibida, mas tudo isso é feito de forma lenta e gradual, as coisas vão sendo apresentadas aos poucos e isso pode desagradar quem quer rushar direto a história principal.

Ao explorar, diversas atividades surgem e NPCs pedindo sua ajuda para missões secundárias, algumas dessas são bem elaboradas, mas a maioria são coisas simples e repetitivas, como pegar item X e entregar no lugar Y, ou os desafios de Merlin que estão espalhados por todo o mapa e são pequenos puzzles super simples que te recompensam com XP e slot no inventário de equipamentos. Ainda assim é divertido fazer algumas dessas missões, mas nem todas valem a pena, já que poucas oferecem alguma recompensa realmente boa além do XP oferecido, então sempre passe o cursor em cima do indicativo da missão e olhe o que ela oferece.

No geral, existe pouco incentivo do jogo para te fazer desprender da linha de missões principais, já que a maioria é monótona e é simplesmente muito mais interessante seguir direto pela história principal e saber o que acontece. Isso é um problema ainda mais grave depois que você termina o jogo, já que o fator replay dele é praticamente inexistente.

Aqui também podemos falar de um outro defeito do jogo, que é o ritmo lento até demais. Não me leve a mal, adoro jogos com um ritmo devagar como The Witcher 3 que tem horas e horas de gameplay, mas você sempre tem algo bacana pra fazer e adicionar ao seu personagem. Mas aqui o jogo demora demais para te entregar as coisas bacanas que ele tem a oferecer, e as missões secundárias ruins apenas deixam esse defeito ainda maior. Um grande exemplo disso é a sala precisa, uma excelente atividade extra do jogo (vamos falar mais dela ao decorrer do review), mas foi preciso jogar 9 horas inteiras para ter acesso a ela, o que definitivamente era um recurso que poderia estar presente desde as primeiras horas de gameplay e não tem motivo nenhum pra ter sido jogado mais pra frente do jogo, é algo divertido e que preencheria uma parte do vazio que o ritmo lento do jogo deixa as vezes.

Existem algumas atividades extras super interessantes para se fazer no jogo além das missões secundárias comuns. Ao avançar na história principal de Hogwarts Legacy, você será capaz de comprar uma vassoura e sair voando por boa parte do mundo aberto fora dos castelos de Hogwarts, uma atividade bem legal e útil na hora de explorar lugares que você ainda não foi (também é possível montar hipogrifos e voar por aí).

O campo de quadribol está no jogo, mas infelizmente a atividade não está disponível no jogo, o que é uma lástima completa. O jogo tem todas as mecânicas possíveis para se fazer um jogo divertido de quadribol, e esse campo estar presente no jogo causa uma sensação de que fazia parte dos planos dos desenvolvedores, mas não deu tempo de incluir (talvez em uma futura DLC isso seja possível).

Outra coisa bem legal é a sala precisa, que você desbloqueia em uma das missões principais. Após desbloquear ela, você ganha um espaço pessoal só seu que pode ser personalizado como você preferir, comprando móveis, decorando o lugar e adicionando coisas úteis, como uma área para plantio, uma mesa de poções e um Tear para melhorar suas roupas.

Dentro da sala precisa também é possível investigar certos itens que você adquire mas estão com uma interrogação no ícone, sendo necessário avaliar ele primeiro para descobrir o que o item faz.

A cereja do bolo na sala precisa é a capacidade de criar animais em um viveiro que existe lá. É possível capturar animais que estão sendo ameaçados por caçadores mundo afora e trazer para seu viveiro. Caso você alimente e cuide deles corretamente, eles darão itens valiosos que você pode usar para melhorar seu equipamento.

Assim que chegamos a Hogwarts, é mostrado como podemos aprender novas magias, e é algo bastante simples: basta ir as aulas, boa parte dos jogos de RPG usam pontos de XP ou algo do tipo para você desbloquear habilidades extras, aqui você precisar ir em aulas (algumas obrigatórias para a história e outras não) para aprender uma determinada magia. Ao aceitar a missão da sala de aula, você precisará cumprir algumas atividades especificas pelo mapa, como por exemplo coletar páginas de livros perdidos ou fazer duelos de bruxo. Após isso, basta retornar a professora e um mini-game para aprender aquela magia é liberado.

Após avançar a uma determinada parte do jogo, uma árvore de talentos é liberada, onde você pode melhorar as habilidades das magias que você já possui e melhorar diversos aspectos básicos do seu personagem (como você pode ver na imagem acima). Não subestime essa aba de pontos de talento, pois existem melhorias extremamente poderosas em cada uma das essas opções de magias e artes das trevas.

Também é possível mudar os equipamentos do personagem principal a vontade, e diversos tipos de equipamento estão disponíveis no jogo, basta explorar o mundo aberto que é imenso e sair coletando eles em baús, existem diversas dungeons dentro do jogo onde você pode se aventurar e encontrará diversos itens que deixarão seu personagem forte, o que eu recomendo fortemente, pois apesar do combate ser simples, você precisará de uma certa habilidade e bons equipamentos para vencer os inimigos sem problemas.

O combate de Hogwarts Legacy era uma grande preocupação para os fãs por causa de como um duelo bruxo funciona, mas o jogo fez ele ser extremamente dinâmico e rápido, o combate não chega a ser difícil e é até que simples, mas exige um mínimo de conhecimento do jogador e uma mecânica boa para aparar ataques ou esquivar deles.

Duelos contra inimigos bruxos são os mais dinâmicos e os que extrai 100% do potencial da mecânica de combate de Hogwarts Legacy. Os inimigos irão usar diversos tipos de escudo Protego, que não podem ser simplesmente destruídos com a magia básica de combate, ao invés disso, você precisa olhar para a cor do escudo e usar um tipo de magia capaz de destruir ela. Por exemplo: escudos vermelhos só podem ser quebrados com a magia “Incêndio”, escudos amarelos com Leviosa e escudos roxos com Accio, só após quebrar o escudo que é possível causar dano nos inimigos. Cada magia tem uma cor especifica atrelada a ela, que convenientemente é a cor do escudo que ela é capaz de quebrar, facilitando assim a tomada de decisão rápida do jogador.

Quando você está prestes a receber um ataque, um indicador aparece em sua cabeça (como na imagem acima), a cor do indicador mostra se você pode aparar ou precisa desviar o ataque. Caso o indicador seja meio laranja, basta usar seu próprio escudo protego e segurar o botão para aparar o ataque inimigo e atordoar ele (o jeito mais eficaz de lidar com ataques), mas caso o indicador esteja vermelho, sua única opção é desviar.

Poções de cura também estão disponíveis, assim como diversos outros tipos de poção que ajudam seu personagem, por isso é recomendado fazer as missões da herbalista e da aula de poções, assim você poderá repor seu estoque com facilidade.

Em batalhas contra monstros e criaturas medonhas, nós não teremos tanto a dinâmica dos escudos Protego, mas ao invés disso, podemos usar a magia ancestral que nosso personagem é capaz de conjurar e assim causar toneladas de dano no seu inimigo. Monstros geralmente terão ataques incrivelmente poderosos e uma boa parte deles não é possível aparar, exigindo do jogador uma habilidade alta de esquiva.

Existe um medidor de energia para usar magia ancestral, no inicio do jogo você pode conjurar ela apenas 2 vezes seguida antes desse medidor esgotar, mas cada conjuração causa uma quantidade absurda de dano, por isso use com sabedoria e guarde isso para os inimigos mais poderosos e monstruosos.

Após usar todo o medidor da magia ancestral, você será capaz de recuperar ele ao fazer combos e derrotar inimigos em sequência, a recuperação desse medidor também é facilitada caso você tenha alguns talentos relacionados a isso.

É possível usar magia ancestral contra inimigos bruxos que são totalmente vilões também, como os capangas de Ranrok e do Rookwood. E em certas batalhas contra monstruosidades, usar um feitiço da cor certa também vai ajudar bastante na batalha, uma dinâmica parecida com a dos escudos protego contra bruxos.

Também existem inimigos fracos contra danos elementais, o exemplo mais notável do começo do jogo são os mortos vivos que não tomam dano enquanto não estiverem pegando fogo, você pode conjurar qualquer magia de fogo neles e aí começar a causar dano.

No geral, o combate de Hogwarts Legacy é simples para que uma pessoa boa o suficiente com ataque e esquiva consiga se sair bem usando apenas isso, mas o jogo te faz pensar ativamente no que você está fazendo e em cada botão que você aperta, pois o mínimo vacilo pode te levar a derrota, principalmente contra monstros, pois eles causam toneladas de dano em um único ataque. Mas uma vez que você se acostuma com o combate, pode ficar bem repetitivo e desestimular o jogador, já que o jogo tem uma progressão lenta e até você adquirir outra coisa legal pra usar em combate, já se passou horas e horas de jogatina.

Caso você goste de um combate mais simples e dinâmico ao mesmo tempo, Hogwarts Legacy oferece exatamente isso e diverte bastante durante toda a ação que está acontecendo, mas caso você queria algo um pouco mais profundo e cadenciado, você não vai encontrar esse tipo de coisa por aqui.

Tenha em mente que tudo o que foi explicado acima é apenas o básico das horas inicias do jogo, conforme você avança e desbloqueia talentos e mais magias, as coisas ficam ainda mais caóticas no combate, e é até mesmo possível aprender os 3 tipos de maldições imperdoáveis ao avançar no jogo.

O ponto onde o jogo mais falha no combate é a variedade de inimigos, no inicio você tem apenas alguns monstros simples e bruxos para lutar contra, e as estátuas de pedra são inimigos extremamente sem graça e que aparecem durante o jogo inteiro. E mesmo quando você avança no jogo, até existe uma variedade maior de inimigos, como mortos vivos e alguns chefes legais, mas para o tamanho e escopo de Hogwarts Legacy, a quantidade de inimigos é simplesmente pequena demais e prejudica a experiência do jogador, que logo pode ficar cansado ao ter que enfrentar o mesmo inimigo de novo e de novo.

Visualmente falando, Hogwarts Legacy é um espetáculo, até mesmo no modo desempenho do PS5, que foi como joguei o jogo por completo. A qualidade da textura não é a coisa mais bonita que já foi apresentado nessa indústria dos videogames, mas não fica devendo em absolutamente nada para um título de nova geração, e os gráficos realmente brilham e se destacam na ambientação do jogo.

A parte que poderia ser melhorada é as animações, que muitas vezes ficam bem esquisitas, principalmente quando tem um grande foco na cara do personagem principal.

A ambientação de Hogwarts Legacy é simplesmente de tirar o fôlego, caminhar pelos corredores do castelo ou passear em Hogsmeade e na floresta proibida é um vislumbre para os olhos, com todos os cenários cheios de detalhes que enriquecem o local, dando a sensação de que tem sempre algo acontecendo ali. Além disso, as estações do ano mudam conforme você progride no jogo, isso é algo espetacular para fãs de longa data de Harry Potter, pois ver os lugares já conhecidos dos filmes e livros tão bem detalhados é de deixar qualquer fã maluco.

Hogwarts Legacy está dublado e legendado em português brasileiro, com a dublagem fazendo um ótimo trabalho, com exceção de algumas vozes do personagem principal ficando bem esquisitas, tanto as vozes femininas quanto as masculinas, e algumas vozes de personagens secundários também são um pouco estranha.

Mas a dublagem recebeu um carinho especial que poucos jogos hoje em dia tem, já que a sincronização labial dos personagens foi feita para o português brasileiro, afastando aquela sensação de estranheza quando você olha um personagem falando.

Mas e aí, Hogwarts Legacy vale a pena?

Hogwarts Legacy tem qualidades absolutamente fantásticas, como a ambientação e toda a liberdade que você tem para explorar Hogwarts e seus arredores, a história principal que te deixa sempre curioso para o que vai acontecer a seguir e um combate que pode não agradar a todos, mas é certamente bem dinâmico e divertido para quem gosta.

Porém os defeitos do jogo também incomodam um pouco, existe pouca variedade de inimigos, com poucas missões secundárias interessantes, e a grande maioria sendo coisas simples que não te incentivam a fugir da história principal. O ritmo do jogo também é um pouco lento demais, precisando de muitas horas seguidas para fazer algo novo realmente acontecer.

Apesar dos claros defeitos, os acertos de Hogwarts Legacy são fantásticos e fazem o jogo valer muito a pena, principalmente para quem gosta de jogo de mundo aberto ou é fã da franquia.

Observação: não podemos deixar de comentar que Hogwarts Legacy, mesmo que não tenha a participação direta de JK Rowling, ainda assim faz parte do universo Harry Potter, logo, ela recebe direitos autorais pela obra. Nos últimos anos, a autora de Harry Potter tem usado seu dinheiro e influência para financiar grupos que lutam para tirar direitos de pessoas trans, então comprar o jogo acaba contribuindo para isso, ainda que indiretamente. Não estamos dizendo que você não deve comprar o jogo por causa disso, mas é importante deixar claro que infelizmente, é o que pode vir a acontecer.

Análise elaborada com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela publisher. Jogo disponível para PC, PS5, Xbox Series S e X.