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Persona 3 Portable vale a pena? Análise – Review

Persona 3 Portable, desenvolvido e publicado pela Atlus, acabou de ser relançado para as plataformas atuais depois do sucesso estrondoso que série obteve com Persona 5. O jogo original de 2006 já havia ganho um port para o PSP em 2009, que é basicamente o mesmo jogo que agora temos a oportunidade de experimentar.

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Persona 3 tem uma importância histórica para a franquia, já que foi o primeiro jogo a obter sucesso e reconhecimento de verdade no ocidente. Além disso, dá pra dizer que foi ele quem abriu as portas para o sucesso de Persona 4 e 5 por aqui.

É difícil compreender como a Atlus consegue acertar a mão quando cria os enredos e sistemas de jogo da série. Apesar de alguns elementos sempre se repetirem, todo jogo traz um novo mistério e enredo formidável, que prendem a atenção do jogador mesmo nos momentos em que os diálogos são longos e intensos.

Reprodução: Atlus

Persona 3 não tem a mesma “profundidade” que Persona 4 ou 5, mas ainda assim é um grande jogo e neste review vou tentar te convencer dos motivos pelos quais você deveria joga-lo. Para isso, vou tentar fazer algumas comparações com os jogos mais recentes justamente para mostrar que a semente do que tanto amamos hoje foi apresentada lá atrás e vem sendo aprimorada desde então.

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Ao invés da temática de roubos e grandes invasões presente em Persona 5, Persona 3 Portable apresenta um enredo ligeiramente mais sombrio, bastante focado na relação entre vida e morte. O jogador assume o papel de um estudante que acabou de ser transferido para a cidade de fictícia de Iwatodai, onde acaba indo parar em uma espécie de pensão, junto com outros estudantes. Não demora muito até que ele descubra sua habilidade de invocar personas e acabe percebendo que boa parte de seus colegas de pensão também compartilham a mesma habilidade.

Reprodução: Atlus

Persona 3 também conta com a dinâmica de dividir seu tempo entre a escola e um jovem rapaz com poderes sobrenaturais. De dia, você é apenas mais um que precisa lidar com a pressão dos exames, interações sociais (além de alguns flertes) e outros detalhes que um jovem precisa se ocupar. A noite, as coisas mudam de figura e o jogador precisa enfrentar o magnífico e imenso labirinto do Tártaro, com o objetivo de aprofundar-se cada vez mais em suas entranhas, até descobrir os mistérios por traz da enigmática “Hora Sombria”, que nada mais é do que uma hora escondida entre o fim de um dia e o começo de outro.

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Em termos visuais, Persona 3 não é tão bonito quanto os jogos mais recentes da série, mas isso não quer dizer que não tenha seu charme. Na verdade, as animações e sprites originais receberam um belo tratamento visual e estão mais bonitas do que nunca. Algumas cenas não causam o mesmo impacto, mas o momento em que você invoca sua persona pela primeira vez, apertando uma arma contra a têmpora e apertando o gatilho me faz sentir arrepios até hoje!

Reprodução: Atlus

A maior diferença entre Persona 3 e seus predecessores são os tons sombrios que permeiam quase os momentos do jogo. Tudo parece assombrado, às vezes até “maldito”, de alguma forma. A experiência também causa mais ansiedade, o que aumenta a vontade de terminar o jogo de vez e resolver todo o mistério que se alonga durante um ano inteiro – dentro do jogo, obviamente. Embora eu compreenda os motivos pelos quais este tipo de abordagem tenha sido abandonada nos jogos posteriores, revisitar Persona 3 me fez sentir saudade de um estilo de construção de enredo bem diferente do que estamos acostumados atualmente, e que, de certa forma, era bem característicos dos jogos daquela época.

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Persona 4 também possui uma atmosfera sombria e arrepiante, mas pessoalmente, acho Persona 3 muito mais interessante neste sentido. Essa nova adaptação para as gerações modernas também tomou cuidado de tornar a história mais objetiva e removeu as cenas de animação que apareciam durante alguns momentos críticos. Tudo é resolvido através de animações criadas com o próprio motor gráfico do jogo, ou por interações que lembram bastante os romances visuais que tanto fazem sucesso na Steam. É diferente do que estamos acostumados, mas não chega a ser um ponto positivo, principalmente por adicionar um pouco mais de velocidade e dinâmica à história.

Reprodução: Atlus

Explorar o Tártaro também acaba sendo uma mistura de sensações bem esquisita. Me lembro de que na época do PS2, minha principal preocupação era o fato do Tártaro ser gerado quase que proceduralmente – o que fazia que os seus andares raramente repetissem de formato e disposição de maneira bem parecida com o Mementos do Persona 5. Por mais que hoje em dia já esteja acostumado com esse tipo de exploração procedural, Persona 3 Portable consegue manter sua ansiedade lá em cima durante a exploração ao apresentar uma escassez incrível de locais seguros que permitem salvar seu jogo. Nada diferente de outros jogos da série, mas pessoalmente, acho Persona 3 Portable mais sacana e desafiador neste sentido.

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Outro ponto alto de Persona 3 Portable são as músicas e toda a trilha sonora do jogo. Sim, eu sei que serei criticado por isso, mas não posso deixar de registrar minha opinião de que Persona 3 Portable tem uma trilha sonora mais legal do que Persona 4. Enquanto você explora, a música parece saber ser sinistra o suficiente para combinar com o labirinto do Tártaro, enquanto durante as batalhas, sabe ser animada e pra cima o suficiente, de maneira que você se empolgue com a rinha de personas.

Reprodução: Atlus

Apesar de ter apresentado uma série de características básicas que aparentemente acabaram aparecendo em jogos subsequentes, Persona 3 Portable conta com algo que não esta presente em Persona 4 ou 5: a possibilidade de jogar com uma protagonista, ao invés do tradicional rapaz de cabelos azuis que aparece em toda arte promocional do jogo. Ao que tudo indica, o personagem masculino é canônico. Porém, alguns fãs relatam que a história e os social links da personagem feminina são muito mais interessantes.

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Fazem quase 20 anos que Persona 3 deu as caras pela primeira vez, e apesar de ter recebido uma série de atualizações e melhorias na qualidade de vida, Persona 3 Portable ainda apresenta alguns aspectos que não são tão interessantes assim. Um deles é a própria exploração do Tártaro, que mesmo soando muito interessante no começo, acaba ficando repetitiva e soando longa demais da metade para o final do jogo.

Reprodução: Atlus

Conforme você vai passando pelos andares, a estética e ambientação vão mudando, mas nem isso ajuda a tornar a exploração mais interessante depois de um tempo. Tudo resume-se à sair da entrada e encontrar a saída o mais rápido possível, cuidando para não morrer no meio do caminho e perder parte de seu progresso.

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Outro detalhe que poderia ser melhor, é o sistema de fusão. É difícil engolir o sistema de Persona 3 Portable após jogar Persona 5 Royal. Isso porque fundir seus demônios em Persona 3 Portable é quase um jogo de adivinhação e um processo muito mais complexo do que em Persona 5 Royal. Isso, para quem gosta de completar todo o compêndio de criaturas – sem a necessidade de ficar com o Excel aberto na janela ao lado, acaba sendo um pé no saco.

Reprodução: Atlus

No original, o jogador podia somente controlar seu personagem, não podendo interferir na tomada de decisões dos demais membros do grupo. Em Persona 3 Portable isso muda completamente, e agora o jogador pode ao menos escolher em que momento quem deve curar quem, antes de ver seu grupo ser dizimado pela sombra à sua frente.

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Como mencionado acima, da metade para frente, o que me manteve jogando foi a vontade de descobrir tudo que estava por trás do Tártaro e da Hora Sombria. Contudo, não foi fácil aguentar todas as repetitivas horas de exploração – mesmo após todas as melhorias de qualidade de vida.

Reprodução: Atlus

Isso não significa que Persona 3 Portable seja um jogo ruim. Muito pelo contrário, Persona 3 é um jogo tão bom que continua divertido e interessante mesmo quase 20 anos após seu lançamento! A diferença é que alguns detalhes não envelheceram tão bem quando deveriam, e a exploração tornou-se mais difícil e mais repetitiva do que gostaríamos.

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Ainda assim, Persona 3 Portable é um dos maiores acertos da Atlus e continuam sendo um jogo imprescindível para qualquer fã da série.

Review elaborado com uma cópia do jogo para Playstation 5 fornecida pela publisher. Jogo disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e Switch.

Resumo para os preguiçosos

Persona 3 Portable é com certeza a melhor forma de experienciar Persona 3 atualmente. Contando com uma repaginação visual competente e adição de excelentes detalhes que melhoram sua qualidade de vida, Persona 3 Portable só peca pelos aspectos inerentes que não envelheceram tão bem quanto gostaríamos. Ainda assim, este é um excelente jogo que continua soberbo mesmo após tantos anos do lançamento.

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Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Repaginação visual competente;
  • Adição de melhorias na qualidade de vida;
  • Enredo sombrio, misterioso e divertido.

Contras

  • Exploração do Tártaro é longa demais.
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.