Bayonetta 3 é o maior exclusivo de final de ano do Nintendo Switch, e um dos jogos mais aguardados do console nos últimos anos, mas será que ele vale a pena? É o que discutiremos hoje.
Em Bayonetta 3, tudo começa exatamente como nos jogos anteriores, ou seja, Cereza está cuidando da vida dela numa boa, quando do nada “uma nova tempestade” começa, mas uma muito maior do que todas já vistas até aqui: um inimigo que vem de consumindo outros universos e que agora chegou ao da Bayonetta para acabar com ela.
Além desse inimigo, uma jovem misteriosa chamada Viola acaba aparecendo também para ajudar Bayonetta a derrotar esse inimigo, já que em todos os outros universos ela foi derrotada por ele. Nisso começa uma aventura em busca atrás das Engrenagens do Caos, que servirão para você chegar reunir o poder necessário para vencer a Singularidade.
Como dá pra imaginar, Bayonetta 3 não economiza em ambição e em escala, e o jogo mostra isso logo de cara: Bayonetta agora tem a habilidade de invocar monstros gigantes para auxiliá-la no combate, até porque a maioria esmagadora dos seus novos inimigos, os Homúnculos, criaturas que são parte humano e que estão à serviço da Singularidade, são enormes e ocupam uma boa quantidade de espaço na tela.
Na maioria dos casos, Bayonetta é minúscula ao lado dos adversários, e você terá que ralar para evitar os ataques dos inimigos e contra-atacá-los na hora certa. O combate de Bayonetta 3 permanece o mesmo que o dos jogos anteriores, mas essa mudança na escala dos adversários veio para dar uma mexida interessante no que estamos acostumados na franquia.
Há momentos em que tudo funciona maravilhosamente bem, e que você realmente se sente muito poderoso distribuindo a porrada em cima dos inimigos e fazendo eles pagarem por entrarem no seu caminho, mas há alguns momentos também em que cansa ter que enfrentar mais um gigante ou dois quando você só quer ver como a história continua.
No geral, o saldo é bem mais positivo do que negativo, é claro, já que o combate sempre foi um dos destaques da franquia Bayonetta, mas sinceramente ficou faltando um pouco mais de momentos em que você enfrenta inimigos do seu tamanho que não morrem com dois tapas. O jogo até dá a impressão de que esses momentos vão ser mais frequentes no começo da campanha, mas conforme ele avança, eles ficam cada vez mais raros até desaparecerem por completo.
Conforme você avança em Bayonetta 3, você vai encontrando as Bayonettas de outras realidades alternativas, e ganhando não só as armas delas, mas também as invocações delas para você usar livremente nos combates, Nenhuma arma de Bayonetta e Bayonetta 2 voltaram nesse jogo exceto pelas pistolas da protagonista, caso o game encontre saves de Bayo 1 e 2 no seu console. Por um lado, eu fiquei de cara de não poder usar o meu combo de espada e shotgun que eu usava nos primeiros dois jogos, mas isso deu lugar a armas bem criativas e interessantes, então foi uma mudança bem-vinda no fim das contas.
Além do combate, as partes da Bayonetta ainda contam com momentos em que você tem que usar alguma das criaturas que ela invoca para resolver puzzles no cenário. A maioria deles são bem fáceis, mas é legal ver como a Platinum Games resolveu investir em mais momentos diferentes do jogo não ser uma grande sucessão de encontros de combate como nos seus antecessores.
Infelizmente, duas ou três partes desses momentos diferentes que acabaram não ficando tão legais assim, uma delas que se repete controlando a Bayonetta, que acaba sendo um minigame chato e desajeitado que eu não vou revelar qual para evitar o spoiler, e um com a Jeanne, na última fase onde controlamos ela, e que eu também não vou revelar o que acontece para não dar spoilers.
E para completar, cada fase ainda conta com uma parte de exploração onde você pode fazer lutas opcionais, encontrar tesouros espalhados pelo cenário e upgrades para sua vida e quantidade de poder mágico, a exemplo dos jogos anteriores da série.
Além da Bayonetta como deu pra ver acima, você controla mais dois personagens em Bayonetta 3: Jeanne e Viola. Cada uma delas tem um gameplay diferente da protagonista, então vamos falar um pouco sobre como são as partes delas.
Começando por Jeanne, aqui temos um jogo completamente diferente dos outros dois. Ao invés do combate tradicional de Bayonetta, o que vemos é um jogo bidimensional no estilo que é chamado de “ação de elevador”, focado no stealth e onde a personagem é bem mais frágil do que você espera por conta de um campo de força que está impedindo que ela use os poderes dela como ela gostaria. No geral as fases aqui são legais, ainda que eu ache que se a parte da Jeanne tivesse uma fase a menos seria o tamanho ideal.
Já as partes da Viola são bastante parecidas com as da Bayonetta, mas com uma diferença fundamental no combate: ao invés de você começar o Witch Time desviando dos ataques no momento certo, você deve bloqueá-los no momento correto, com o botão R ao invés do ZR. Isso quebrou completamente o meu cérebro nos primeiros momentos em que eu joguei com a Viola, afinal de contas, é uma mecânica diferente, onde se você não apara na hora certa o golpe, você ou bloqueia e não leva dano, o que acontece em poucos momentos, ou você leva na cara por ter apertado o botão tarde demais.
No mais, o que vemos é que Viola é uma adição bem legal à franquia Bayonetta, já que ela está longe de ser a mulher confiante que a Bayonetta é. A personagem é desajeitada, se irrita fácil e os momentos mais engraçados do jogo acabam acontecendo com ela. Para ser sincero, eu achei as partes da Viola inferiores às da Bayonetta, principalmente pelo combate parecido mas diferente, que exige bem mais atenção, felizmente, a maior parte do jogo é com a protagonista no comando, então não chega a ser uma proporção que incomode.
Uma mudança positiva que o jogo fez é que agora a loja de Rodin não limita a quantidade de itens de cura que você pode estocar. Nos jogos anteriores, era possível levar 3 itens de cura pequenos e 1 grande, mas felizmente agora dá pra carregar quantos você quiser, e você provavelmente vai precisar deles.
Com isso, o veredito que dá pra dar da parte de gameplay de Bayonetta 3 é que a Platinum Games foi ousada e ao invés de apostar só no seguro e trazer o mesmo combate de sempre alternado entre cutscenes de muita ação e humor, ela foi além, trouxe variação e tentou coisas diferentes. Nem todas elas funcionam, é verdade, mas se tem uma coisa que a gente pode afirmar é que Bayonetta 3 não pode ser chamado de mais do mesmo.
Mas isso significa que Bayonetta 3 é um jogo grandioso então? Sim, mas que também tem seus problemas, e agora nós vamos falar sobre o principal dele: a performance do jogo.
Bayonetta 3 é um jogo divertidíssimo, mas que parece que está rodando no Ultra Low na maior parte do tempo. Eu não sou uma pessoa que reclama de gráficos na maior parte das vezes, mas é impressionante a quantidade de sacrifícios gráficos que a Platinum Games teve que fazer pro jogo funcionar no Nintendo Switch e mesmo assim ele ainda tem problemas de performance.
Há diversos momentos durante o combate em que dá pra ver os slowdowns acontecendo na tela durante o combate, afinal de contas, o jogo não economiza em inimigos gigantescos, invocações gigantescas e assim por diante. Isso chega a tirar a graça do jogo? Não, mas é inegável que dá pra notar em vários momentos os problemas de performance do jogo, e de duas uma: ou a Platinum Games parte pra uma engine nova que permita otimizações maiores, ou a Nintendo começa a considerar seriamente num novo hardware que atenda às necessidades da a criatividade dos seus desenvolvedores e parceiros.
Não só no combate o jogo tem seus engasgos de performance, eles não acontecem quando tudo está calmo, mas nesses momentos, se você começa a prestar atenção aos cenários, dá pra ver que eles são bem feinhos também, e que há pontos em que a diferença de resolução entre os personagens controlados e os planos de fundo são gritantes, como a fumaça que consome tudo que está presente em muitos pontos do cenário e que é liberada por alguns inimigos.
Para completar, a trilha sonora de Bayonetta 3 é maravilhosa, e a nova dubladora da protagonista é simplesmente sensacional, tendo conseguido capturar a essência da Bayonetta perfeitamente. Só é uma pena que o jogo não tenha vindo com legendas em português. Torçamos para que a Nintendo mude essa postura o quanto antes, já que ela tem dado passos cada vez mais firmes no nosso mercado.
Mas e aí, Bayonetta 3 vale a pena?
Bayonetta 3 é um jogo muito bom que não tem medo de ousar e de apostar alto, seja no combate, seja na sua escala, seja no enredo. Nem sempre tudo o que o jogo tenta dá certo, é verdade, mas ele funciona muito mais do que não funciona, e o resultado é um dos melhores jogos do Nintendo Switch certamente.
O principal defeito do jogo, entretanto, é que os gráficos de Bayonetta 3 realmente sofrem em diversos momentos, seja no modo dock, seja no modo portátil, mas esse é um preço pequeno a pagar por um jogo desse calibre.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecida pela Nintendo.
Resumo para os preguiçosos
Bayonetta 3 é um jogo muito bom que não tem medo de ousar e de apostar alto, seja no combate, seja na sua escala, seja no enredo. Nem sempre tudo o que o jogo tenta dá certo, é verdade, mas ele funciona muito mais do que não funciona, e o resultado é um dos melhores jogos do Nintendo Switch certamente.
O principal defeito do jogo, entretanto, é que os gráficos de Bayonetta 3 realmente sofrem em diversos momentos, seja no modo dock, seja no modo portátil, mas esse é um preço pequeno a pagar por um jogo desse calibre.
Prós
- Combate divertidíssimo
- Cutscenes muito bem dirigidas e divertidas
- Bayonetta segue sendo carisma puro
- Boas variações de gameplay para fazer o jogo não cair na mesmice
Contras
- O jogo tem muitos problemas de performance
- Além dos problemas de performance, a baixa resolução de cenários e elementos da tela chega a incomodar em vários momentos
- O combate do jogo apostou muito no “maior é melhor” e isso funciona na maior parte do tempo, mas tem alguns pontos em que isso não funciona bem