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Gotham Knights vale a a pena? Análise – Review

Gotham Knights, desenvolvido pela WB Montreal e publicado pela Warner Bros. Games é um dos títulos mais esperados de 2022 e mais aguardados pelos fãs do Homem Morcego. Com uma proposta diferente e ousada, o novo jogo que tem como protagonistas os sidekicks do principal herói de Gotham, tenta se firmar em um terreno novo, sem depender do legado da série Arkham.

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A premissa é simples: Batman morreu e seus companheiros devem assumir suas responsabilidades para não deixar Gotham cair nas do crime organizado. Porém, é preciso ter cuidado! Por mais que o jogo passe a impressão de ser uma espécie de continuação de Batman: Arkham Knigth, de 2015, Gotham Knigths se passa em um universo totalmente diferente.

Escolher explorar um novo universo ao invés de seguir no legado da série Arkham é uma decisão ousada e louvável da desenvolvedora por trás do projeto. Todavia, avaliando o produto final, a escolha não parece ter sido a mais inteligente. Gotham Knights é mais um jogo com propostas ousadas, que peca na execução sem entregar tudo que promete.

A WB Montreal, desenvolvedora do jogo, foi responsável pelo lançamento de Batman: Arkham Origins, o menos popular da franquia Arkham e a entrada mais diferentona da série. Quem teve a oportunidade de jogar Arkham Origins percebe que a visão do projeto por parte da desenvolvedora era bem diferente, algo que reflete atualmente Gotham Knights.

Em termos de ambientação, não há muito o que falar sobre o mapa de Gotham. De uma certa maneira, o mapa parece ser “suficiente”, mas menos detalhado do que Arkham Knight. A forma como os protagonistas se movimentam pelo mapa também é diferente, e neste caso, um pouco mais interessante.

Reprodução: WB Montreal
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Além do famoso gancho – que agora parece estar mais ágil e rápido, tornando a movimentação entre os prédios muito mais interessante, o jogador pode utilizar uma moto para andar pelas ruas de Gotham, ou uma das habilidades específicas de cada personagem para cobrir grandes distâncias em poucos minutos.

Dentre todas as alternativas, a movimentação com a moto é a mais sem graça de todas. O veículo passa a impressão de ser muito lento e às vezes não responde bem aos inputs do jogador. Em alguns momentos é até possível questionar se era realmente necessário inserir uma moto para deslocamento os personagens, já que andar pelos prédios parece ser muito mais eficiente. A moto só se faz útil de verdade no momento em que é preciso atravessar as pontes que ligam as ilhas de Gotham.

Os personagens também são muito bem desenvolvidos. Na verdade, em termos visuais, Gotham Knights me agradou bastante. Asa Noturna, Capuz Vermelho, Batgril e Robin parecem ter sido adaptados fielmente dos quadrinhos, com algumas leves modificações para encaixa-los no enredo do jogo. Porém, seus comportamentos característicos e suas especialidades foram muito bem traduzidas para o ambiente de Gotham Knights.

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Reprodução: WB Montreal

O problema é que todo o resto parece muito abaixo do esperado. Após o início do jogo, que conta em uma cutscene extremamente longa o que aconteceu com Batman, os quatro personagens descobrem que precisam investigar alguns crimes que parecem ter ligação com a morte de Bruce Wayne. Além isso, com ajuda de Alfred, eles também descobrem que Batman já havia se preparado para ocasião semelhante, e que agora eles precisam assumir as responsabilidades do herói, pelo bem de Gotham.

Após escolher o seu personagem inicial, o jogador começa a primeira missão, sem entender muito bem como ou se é possível trocar de herói ao longo do jogo. Cada um deles possui habilidades únicas que refletem na maneira como enfrentam os desafios. Robin, por exemplo, é mais adepto da furtividade, enquanto Batgirl tem acesso a hacks a distância.

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Reprodução: WB Montreal

Depois desta primeira missão, o jogo te coloca para explorar o mapa de tentar entender como funcionam as facções e o sistema de missões do jogo. As missões são, na verdade, crimes que estão ocorrendo e precisam ser impedidos. Cada crime pode oferecer pistas sobre outros crimes ou atividades diversas… algo que é um tanto difícil compreender num primeiro momento, mas que depois acaba fazendo sentido ao sermos apresentados ao quadro de investigações.

Os jogo é divido em noites, onde é possível escolher um dos heróis para fazer uma espécie de patrulha por Gotham, em busca de informações e combate ao crime. Conforme os crimes vão sendo resolvidos, desafios vão sendo liberados e recompensam o jogador com materiais, novos uniformes e equipamentos.

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Reprodução: WB Montreal

Este, aliás, é um dos aspectos mais legais de Gotham Knights, já que você pode personalizar o visual do seu personagem com base nos uniformes que ele usa. Cada uniforme oferece uma personalização limitada, mas bem interessante, quem fazem com que você consiga realizar cada noite com um visual diferente. A moto também pode ser personalizada, mas como o foco é só na mudança de cores, não é nada muito impressionante.

Resolver crimes lhe garante experiência e permite avançar na história, liberando missões principais que vão gradualmente, oferecendo contexto sobre o que aconteceu com Batman e sobre a atividade de mais vilões em Gotham. Pouco a pouco, o jogador vai descobrindo as atividades de vilões clássicos como Pinguim, Dr. Frio, Carra de Barro e etc, ao mesmo tempo, em que vai percebendo as ligações com uma organização criminosa secular, chamada “A Corte das Corujas”.

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Reprodução: WB Montreal

A Corte das Corujas é uma das primeiras e mais interessantes adições ao universo de Batman, após o reboot de 2011. A forma como essa entidade foi adicionada em Gotham Knights merece destaque e foi um dos principais motivos que me fizeram continuar interessado no jogo. Meu problema foi com outros aspectos não tão interessantes que comprometeram a qualidade da minha experiência.

O primeiro deles – e talvez o mais importante – é o combate. Não dá pra negar que a fórmula original da série Arkham já saturou depois de ter sido utilizada em tantos jogos. Mas espera-se portanto, que uma mecânica batida seja substituída por algo melhor ou superior, o que não é o caso de Gotham Knights.

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Reprodução: WB Montreal

Distribuir socos e pontapés é visualmente mais bonito, mas bem menos impressionante. Se você reclamava que os jogos da série Arkham resumiam o combate a apertar um ou dois botões, vai acabar se decepcionando ao perceber que Gotham Knights faz a mesma coisa, só que pior!

O que antes pelo menos oferecia uma experiência mais empolgante – já que era preciso prestar atenção para encadear combos e apertar o botão de contra-ataque no momento certo para não levar pancada, foi substituído por um sistema diferente, esquisito e com certeza muito mais lento e desinteressante.

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Os combos continuam lá, mas agora os ataques são divididos entre curta e longa distância. Cada personagem possui uma arma e estilos diferentes, mas os ataques a longa distância, não parecem particularmente úteis no combate, exceto no caso do Capuz Vermelho que possui duas pistolas.

Reprodução: WB Montreal

Muito se falou sobre a nova mecânica de “momentum” de Gotham Knights, onde seria possível causar mais danos conforme a orientação e movimentação anterior do personagem. Só que isso acaba se resumindo, na maioria dos casos, em apertar o botão de ataque no momento em que se finaliza o ataque anterior. Só isso, nada demais.

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A possibilidade de contra-atacar também não existe mais. Agora ou você esquiva, ou você bate. Esquivar-se no momento certo permite que você possa atacar e derrubar seu oponente, mas é tudo tão lento que às vezes nem vale a pena tentar se dar ao trabalho. A própria mecânica e esquiva é um tanto quanto esquisita, e é bom tomar cuidado para não ficar preso entre um inimigo e um canto sem saída, já que se isso acontecer não há muito o que fazer a não ser apanhar muito!

Você também pode liberar alguns ataques especiais elementais. Cada ataque causa um efeito diferente ou é resistente à algo específico. Em alguns deles você causa dano massivo, em outros não é interrompido enquanto leva um golpe. A proposta parece boa, mas não refinada o suficiente. Dá a impressão de lentidão, de falta de dinamismo.

Reprodução: WB Montreal
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Para um jogo em que a proposta é justamente passar a maior parte do tempo lutando, a falta de uma mecânica de combate empolgante acaba sendo uma falta grave. Dá preguiça de lutar em alguns momentos! E por vezes a briga parece ficar desnecessariamente complicada!

Pessoalmente, também gosto de jogos que ofereçam abordagens diferentes para a mesma situação. No caso de Gotham Knights, temos sempre a oportunidade de tentar resolver tudo na furtividade, sem alertar inimigos ao redor. Porém, a mecânica de furtividade também é muito fraquinha. Chamá-la de razoável é bastante adequada, já que ela não tem nada de mais principalmente quando comparada aos jogos da série Arkham.

Na série Arkham, inclusive, o que mais se dizia era que “o jogo te permitia sentir como se estivesse na pele do Batman”. É evidente que algo precise mudar, já que não dá pra se sentir na pele do Batman em um jogo onde não se joga com o Batman. Só que o resultado das mecânicas de Gotham Knights é tão esquisito, que parece que os sidekicks não prestaram muita atenção aos ensinamentos do Homem-Morcego.

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Reprodução: WB Montreal

É claro que o jogo possui seus bons momentos, mas eles acabam ficando muito mais por conta a narrativa do que pelo jogo em si. O combate não é interessante, sair explorando a cidade também não e em alguns casos, sair coletando os colecionáveis e vencendo os desafios é o melhor que podemos fazer.

Mas até isso cansa! Alguns desafios são fáceis demais e soam mais como uma atividade que não precisava ter sido adicionada. Cito como exemplo a liberação das viagens rápidas, que depois de uma rápida explicação, descobrimos estar bloqueada pela ação de alguns drones de vigilância. Para resolver o problema, é preciso escanear os drones, que estão espalhados em alguns pontos do mapa.

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O problema é que os drones não são fáceis de localizar nem com o RA do jogo – que funciona como uma espécie de Modo Detetive, só que mais rápido. A atividade de escanear é fácil, mas ficar esperando o Drone passar perto do local indicado no mapa é chato e enfadonho.

Reprodução: WB Montreal

Os desafios acabam te recompensando com novas roupas, materiais, esquemas de cores e etc. Alguns desafios também tentam “forçar” o jogador a resolver tipos de crimes específicos para que seja considerados “vencidos”. O problema é que alguns crimes não são interessantes de resolver, então é como se o jogo te forçasse a jogar algo que não é tão legal, por uma recompensa que pode não ser tão interessante.

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Os crimes espalhados pela cidade não são nada parecidos como o que vimos nos jogos do Homem-Aranha, por exemplo. Alguns deles são claramente inspirados no jogo da Insomniac, mas falta um tempero, algo que os faça ficar realmente interessante! Até agora, resolvi a maioria deles por pura obrigação e considerando que não sou o Batman nem nenhum vigilante que se propõe ao sacrifício de combater crimes, esperava que o jogo ao menos tornasse essa atividade mais interessante.

Por falar em RA, também tenho uma crítica quanto à isso: o botão de acionamento! O RA – ou Realidade Aumentada, permite que você encontre objetos e pistas escondidas pelo cenário. Ao pressionar o botão “baixo” no direcional, um pulso é liberado e os objetos são destacados rapidamente no cenário. Ao apertar e pressionar o botão, é possível verificar o cenário com mais calma e prestar atenção em tudo que esta à sua frente.

Reprodução: WB Montreal
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O problema é que quando digo que apertar o botão faz com que o pulso destaque os objetos rapidamente, não me refiro à agilidade do RA, mas sim ao tempo em que os objetos permanecem destacados na tela. Portanto, é preciso que você fique apertando o botão seguidamente em algumas ocasiões para ter ideia de tudo que precisa ser explorado no cenário, algo que seria extremamente mais fácil, prático e ágil se o botão do RA fosse no analógico direto/esquerdo e não no botão do direcional!

Há alguns dias do lançamento, foi divulgado que Gotham Knights rodaria em 30 fps no PS5, algo que por si só já é um assunto polêmico e geralmente não costumamos abordar em nossas análises. É óbvio que todo mundo preferente uma taxa de quadros maiores, mas 30 fps costumam dar para o gasto quando se faz necessário.

O problema é quando o jogo setado em 30 fps não consegue entregar essa taxa de quadros em alguns momentos do jogo! Mesmo no PS5, Gotham Knight apresenta severos problemas e desempenhos, inclusive durante cutscenes! Esperamos que o problema seja resolvido no lançamento através de um patch de atualização, mas a versão disponibilizada para análise apresentou severos problemas de desempenho que não poderíamos ignorar.

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Reprodução: WB Montreal

Hoje em dia é muito comum um jogo ser dilacerado pela crítica por não ter atendido ao hype criado pela própria comunidade. Mas poxa vida, WB Montreal! Não esperava que fosse me decepcionar tanto com Gotham Knights, principalmente por esperar que finalmente tivéssemos uma experiência próxima as tramas da HQ do Homem-Morcego.

Atualmente, meu interesse pelo jogo continua só pelo enredo – já que quero descobrir o que realmente aconteceu. Mas a vontade de continuar jogando é pouca, tanto pelo combate decepcionante quanto pelos problemas de desempenho.

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Vale ressaltar que Gotham Knights também permite que você resolva crimes  com ajuda de um amigo ou outra pessoa qualquer. Caso decida jogar o multiplayer, você e seu amigo podem escolher o personagem que mais lhe agrada e sair resolvendo missões por aí. Na verdade, vocês nem precisam resolver o mesmo crime. Cada um pode sair para um lado do mapa e fazer o que bem entender. No fim, os dois recebem a recompensa pelas atividades finalizadas e fica por isso mesmo.

Reprodução: WB Montreal

Em alguns momentos parece que para possibilitar partidas em multiplayer, a WB Montreal precisou “limitar” Gotham Knights de alguma forma, o que impacta diretamente a experiência singleplayer. Por mais que não possa afirmar isso categoricamente, ressalto que é a impressão que se passa, já que o jogo insiste em oferecer mecânicas não tão polidas como deveriam.

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Também acho que posso mencionar outra impressão que tive à respeito de Gotham Knights: a de que o projeto inicial era oferecer um game as a service, mas que precisou ser alterada após o fracasso de Marvel Avengers. As mecânicas de combate razas e superficiais me fizeram lembrar muito do jogo dos Vingadores, principalmente pela falta de criatividade e repetitividade.

Reprodução: WB Montreal

Não dá pra dizer que Gotham Knights não é divertido. O problema é que ele fica muito abaixo do que poderia ser, independente do hype que foi criado em torno do jogo. Apesar de nada ter a ver com a série Arkham, Gotham Knights é quase um desrespeito à uma das franquias mais importantes dos últimos anos, principalmente porque à todo momento deixa o gostinho de que poderia ter sido muito melhor.

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Resumo para os preguiçosos

Gotham Knights é um jogo que promete muito, mas entrega pouco! Apesar de não ser uma sequência da série Arkham, o game também tem início após a morte de Batman e tenta tragar a atenção o jogador permitindo que ele assuma os papéis de Asa Norturna, Capuz Vermelho, Batgirl e Robin, na tentativa de manter o legado do Homem-Morcego.

Apesar de vários problemas de desempenho, o ponto negativo mais impactante com certeza é o combate, que ao invés de dinâamico e empolgante acabou tornando-se lento e enfadonho. Com certeza uma das maiores decepções de 2022.

Nota final

50
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Enredo entrelaçado tal qual nas histórias em quadrinhos;
  • Personagens fiéis aos originais;

Contras

  • Desempenho fraco no PS5 – taxa de 30 fps muitas vezes não é alcançada;
  • Sistema de combate fraco e confuso;
  • Falta de missões secundárias interessantes;
  • Presença de elementos que poderiam simplesmente não terem sido adicionados ao jogo.
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.