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Opinião – The Last of Us Parte 2 não é um jogo político

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The Last of Us Parte 2 finalmente está disponível para o público, e como era de se esperar, o jogo está sendo metralhado de opiniões negativas por parte dos fãs no Metacritic. Mas por que isto está acontecendo se o jogo em nenhum momento trata sobre temas políticos, apesar do que a maioria das análises diz? Bom, é exatamente sobre isso o que eu vou falar hoje.

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Atenção: falaremos sobre spoilers de The Last of Us Parte 2 abaixo. Você foi avisado!

The Last of Us Parte 2 Beijo

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Você provavelmente está se perguntando o que diabos eu quero dizer com esse título. Afinal de contas, se você acha que toda obra é política, eu só posso estar maluco por usar um título desses. Se você acha que não tem que ter política em tudo, entretanto, e colocar lésbicas e outras minorias num jogo é politizá-lo, então eu estou errado pelas duas abordagens, certo? Mais ou menos.

Durante a jornada de The Last of Us Parte 2, temos diversas cenas que fogem completamente do normal de jogos AAA (anteriormente eu havia colocado meios de entretenimento, mas a intenção era de falar de jogos de alto orçamento mesmo): lésbicas se beijando e transando, uma das jovens com pelos visíveis nas axilas, uma mulher musculosa que venceria 90% dos homens do mundo numa competição de queda de braço e assim por diante.

Apesar dessas, e outras (tem uma em específico que eu não vou comentar aqui por ser um dos plot twists do jogo), todas essas diferenças em relação a meios de entretenimento mainstream são retratadas sem nenhuma palavra sobre sexualidade gay, padrões de beleza e outros tópicos que são temas atuais de discussão na nossa sociedade. Tudo está implícito, e tudo é retratado de forma normal, exatamente como deveria acontecer mais frequentemente.

The Last of Us Parte 2 Abby

Eu sou a última pessoa recomendada para falar sobre isso exatamente por ser um homem branco de 33 anos, mas uma hora deve cansar falar só sobre sexualidade, lesbianismo, padrões de corpo e coisas do tipo, não é mesmo? Eu já vi diversas colegas do meio dos games, por exemplo, reclamando que estão cansadas de serem sempre chamadas para conversar sobre representatividade feminina no mundo dos games, que elas gostariam de ser chamadas para conversar sobre outros assuntos, como Final Fantasy, Uncharted ou coisas do tipo, por exemplo. É exatamente aí que está o pulo do gato de The Last of Us Parte 2.

Veja bem, The Last of Us Parte 2 é um jogo sobre vingança, e sobre como ela não é algo positivo. No mundo do jogo, não há apenas homens brancos de quase 30 anos endurecidos pela vida, há diversos outros tipos de pessoas, e este é uma das grandes conquistas da Naughty Dog dentro do título: retratar pessoas “diferentes” fazendo “coisas normais” (a frase talvez possa ser escrita de uma maneira melhor, mas no momento é o que me ocorre).

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É verdade que há personagens LGBT e de outras representatividades (como a Abby extremamente musculosa) em outros jogos, mas não na concentração que The Last of Us Parte 2 coloca.

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Dessa forma, eu reitero o que escrevi como título: The Last of Us Parte 2 não é um jogo político, é um jogo com personagens diversos substituindo os arquétipos sempre usados dentro de jogos tradicionais de ação. No próprio mundo real é impossível encarnar “a personagem diva pop” durante 24 horas por dia. Uma hora essa pessoa tem que cozinhar, fazer xixi, enfim, trabalhar, enfim, exercer “atividades normais”, e eu duvido que ela também queira encarnar esse personagem esteriotipado o tempo todo.

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Ou melhor, se você considera que tudo é político, sim, The Last of Us Parte 2 é um jogo político, mas que aborda todas estas questões com uma naturalidade tão grande que pode ajudar muito mais a convencer pessoas que não achem a existência destas minorias como algo normal do que outros tipos de conteúdo que colocam esta representação de forma mais agressiva e acabam caindo naquela velha discussão preguiçosa de “ser político” (quando na verdade tudo é político, apenas depende do ângulo que você vê a obra).

Se você não consegue enxergar essa mensagem passada pelo jogo, tá mais do que na hora de rever alguns conceitos dentro da sua cabeça, pois o que menos The Last of Us Parte 2 possui é “lacração” de forma gratuita.

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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.