The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II dá continuidade à longa e querida franquia de JRPGs The Legend of Heroes, que conquista uma legião de fãs a cada novo lançamento. Desta vez, tivemos a oportunidade de jogar a sequência direta de Trails through Daybreak, e neste review vamos discutir se o jogo vale a pena.
A história se passa poucos meses após os eventos do primeiro Trails through Daybreak. Depois de enfrentar e derrotar a organização criminosa Almata, Van Arkride e seus aliados desfrutam de um breve período de tranquilidade. No entanto, essa paz é interrompida por uma série de assassinatos misteriosos em Calvard.
As evidências coletadas nas cenas do crime apontam um culpado inesperado: o próprio Van. Agora, ao lado de sua parceira Elaine, ele precisa investigar os casos, reunir pistas e descobrir quem está por trás dessas acusações antes que sua situação se complique ainda mais. Assim começa mais uma jornada repleta de conspirações, reviravoltas e batalhas estratégicas.
As primeiras horas do jogo servem como um grande tutorial, no qual você aprenderá a maioria das mecânicas. Durante esse período, o jogo ensina como utilizar a viagem rápida, comprar itens com os mercadores, pescar, desbloquear baús e muito mais. Essa introdução é bem executada, pois enquanto avançamos na missão principal, conseguimos assimilar as mecânicas, conhecer os personagens, revisitar seus passados e entender a direção que tomaram desde o final de Trails through Daybreak I até aqui.
Apesar de o jogo fazer um ótimo trabalho ao explicar suas mecânicas, em alguns momentos, a quantidade de informações apresentadas de uma só vez pode ser excessiva, tornando a assimilação um pouco confusa. Isso pode fazer com que alguns detalhes passem despercebidos. No entanto, um ponto positivo é que todos os tutoriais permanecem acessíveis no menu do jogo, permitindo que você os consulte sempre que precisar relembrar algo. O único problema encontrado foi um erro gráfico nos tutoriais, onde, em vez do ícone do botão correspondente ao comando necessário, aparecia a mensagem “Unk” (unknown). Isso me levou a testar diversos botões até descobrir o correto para realizar determinada ação indicada pelo tutorial.
Além do menu de tutoriais, o jogo também conta com um extenso glossário, reunindo uma grande quantidade de informações sobre a franquia, incluindo detalhes sobre personagens, cidades, facções e muito mais.
As missões secundárias em Trails through Daybreak II, mesmo quando partem de premissas simples, são bem desenvolvidas e, no geral, bastante divertidas. Um exemplo disso é a primeira missão secundária, na qual precisamos investigar um problema no mercado da cidade. Aparentemente, um dos vendedores de doces está utilizando ingredientes de baixa qualidade, e os clientes começaram a reclamar.
Durante a missão, conversamos com várias pessoas para entender melhor a situação, já que tudo parece muito suspeito. Após reunir algumas informações, começamos a formular uma teoria sobre o que pode estar acontecendo e decidimos seguir o principal suspeito. No entanto, essa parte da missão me desagradou, pois a mecânica de seguir sem ser detectado acabou sendo entediante. Já não sou muito fã desse tipo de mecânica na maioria dos jogos, e aqui a experiência foi ainda mais frustrante devido à movimentação extremamente lenta do NPC perseguido. Apesar desse momento mais arrastado, a missão como um todo manteve seu impacto positivo.
Ao final, ainda temos diferentes opções de abordagem para lidar com a situação, cabendo a nós decidir qual rumo tomar. Cada escolha pode conceder aumentos específicos em alguns atributos do personagem. Essa é apenas uma das muitas missões secundárias disponíveis no jogo, que oferecem variedade e recompensas interessantes ao longo da jornada.
O combate em Trails through Daybreak II é dividido em duas categorias principais. A primeira é a Field Battle, que adota um estilo de ação em tempo real, permitindo atacar os inimigos repetidamente, esquivar e utilizar Quick Arts (magias). Além disso, é possível carregar um ataque poderoso após acertar uma sequência de golpes. Esse ataque carregado pode atordoar (stun) o inimigo por um tempo, abrindo espaço para mais ofensivas.
A segunda categoria é a Command Battle, que pode ser ativada com Shards. Esse é o tradicional sistema de combate por turnos, no qual podemos movimentar os personagens dentro de uma área delimitada para posicioná-los estrategicamente antes de atacar. Diferente de muitos JRPGs clássicos, onde os personagens e inimigos ficam alinhados em uma formação fixa, aqui o cenário é totalmente 3D, trazendo mais dinamismo às batalhas.
Como mencionado anteriormente, o jogo faz um bom trabalho explicando as mecânicas básicas, mas apresenta muitas opções de combate logo no início, o que pode ser um pouco intimidador. Além dos ataques comuns com espada, há ataques especiais que consomem mana (EP) e os Crafts, golpes poderosos que utilizam a barra de CP. Com tantas possibilidades disponíveis desde o começo, pode ser difícil definir a melhor abordagem, especialmente para jogadores novatos na série.
A ordem dos turnos é bem intuitiva, sendo exibida em uma barra que mostra os próximos movimentos e como cada ação afeta a posição do personagem na sequência. Além de atacar, também podemos usar o turno para nos defender, o que reduz significativamente o tempo de espera para a próxima ação.
Durante o Command Battle, dois personagens podem se aproximar para realizar um ataque combinado ainda mais poderoso, ampliando as estratégias disponíveis. Além disso, em batalhas comuns (exceto algumas específicas e lutas contra chefes), podemos alternar entre o modo de turno e a Field Battle para atacar livremente.
Vale destacar que, se formos atingidos por um Deadly Strike – um golpe especial que o inimigo utiliza quando está com pouco HP –, seremos forçados a permanecer no Command Battle, dando ao inimigo a vantagem do turno.
A ambientação de Trails through Daybreak II é um dos seus grandes destaques. Os cenários são bem construídos, ajudando a criar uma atmosfera envolvente ao longo da jornada. Cada personagem também é muito bem trabalhado, com designs detalhados e personalidades marcantes, tornando a experiência ainda mais imersiva.
A trilha sonora é outro ponto positivo, contribuindo para a ambientação tanto nos momentos de exploração quanto nas batalhas. Além disso, os efeitos sonoros durante os confrontos adicionam impacto e reforçam a dinâmica do combate.
A dublagem em inglês, idioma que escolhi para jogar, está excelente, com interpretações que trazem ainda mais vida aos personagens. Para quem prefere a experiência original, o jogo também conta com dublagem em japonês.
Entretanto, um ponto negativo é a ausência de legendas em português. Para um jogo tão focado em narrativa, essa limitação pode ser um obstáculo para muitos jogadores que não dominam o inglês, dificultando o entendimento da história e dos diálogos. Essa falta de acessibilidade é uma grande desvantagem, especialmente para os fãs brasileiros que têm interesse no título.
Mas e aí, The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II vale a pena?
The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II entrega uma experiência robusta para os fãs da franquia, expandindo a narrativa e aprimorando as mecânicas de combate introduzidas no primeiro jogo. Com uma história repleta de mistério e reviravoltas, um sistema de batalha dinâmico e uma ambientação detalhada, o jogo mantém a qualidade da série e proporciona horas de exploração e desafios. No entanto, a ausência de legendas em português e a complexidade inicial das mecânicas podem dificultar a experiência para novos jogadores. Ainda assim, para aqueles familiarizados com a franquia e dispostos a mergulhar no universo de Calvard, Trails through Daybreak II é uma sequência que vale a pena conferir.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II continua a história de Van Arkride após os eventos do primeiro jogo, trazendo uma narrativa envolvente e um sistema de combate dinâmico. Com mecânicas refinadas e missões secundárias bem elaboradas, o jogo mantém a qualidade da franquia. A ambientação e a trilha sonora se destacam, mas a ausência de legendas em português pode ser um obstáculo para alguns jogadores.
Prós
- A história mantém o padrão da franquia
- Ótimo sistema de combate
- Missões principais e secundárias bem elaboradas
Contras
- Falta de legendas em português
- A grande quantidade de mecânicas apresentadas de uma vez pode ser intimidadora