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South Park: The Stick of Truth – Review

Se eu te perguntar quais foram os melhores jogos baseados em filmes, séries ou livros que você já jogou, aposto que você não vai conseguir completar uma mão. Pois agora você pode adicionar mais um jogo a esta pequena lista: South Park: The Stick of Truth.

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Desenvolvido pela Obsidian Entertaiment, South Park: The Stick of Truth é o jogo definitivo para os fãs do desenho – e também para os não tão fãs assim, pois a quantidade absurda de referências à cultura pop e ao universo do próprio programa farão com que você não resista a dar uma espiada no que Cartman e seus amigos já aprontaram nos 17 anos da série.

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Isso, é claro, se você não se ofender facilmente com piadas sobre negros, homossexuais, judeus, nazistas, alienígenas, e peidos. Muitos peidos.

Sendo o novo garoto da vizinhança, que acaba de chegar na aparentemente pacata e fria South Park, sua primeira missão é sair de casa e fazer novos amigos. Há uma quantidade suficiente de itens para você personalizar seu personagem e fazer com que ele seja a sua versão perfeita de papel e cartolina. Mas não se preocupe com o seu nome: a recepção de Cartman em seu grupo será calorosa o bastante para chamá-lo de “Douchebag” pelo resto do jogo.

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South Park é grande e completamente livre para ser explorada. É incrível a quantidade de detalhes que os devs conseguiram incluir no jogo, e há referências à série e à cultura pop em todo o lugar, principalmente nas centenas de itens que podem ser coletados e vendidos. O próprio jogo o obriga a sair andando pelas calçadas da cidade e a entrar em cada uma das casas dos garotos, com inúmeras quests do tipo “vá até tal lugar e pegue tal item”, e um sistema de fast-travel (dirigido pelo Timmy) posicionado em pontos estratégicos do mapa. E a interação não fica apenas ao caminhar por South Park. É possível – e encojorado – interagir com o cenário abrindo bolsas, quebrando coisas, e utilizando alguns poderes especiais dos personagens para descobrir itens e locais secretos.

Ao conquistar a amizade (no Facebook, pelo menos) das crianças, você é convidado a participar da brincadeira que todos estão jogando; ou melhor, da batalha milenar entre humanos e elfos pela posse do “Graveto da Verdade”, que “tem o poder de controlar o universo”. Liderado pelo grande Rei-Feiticeiro Cartman, sua primeira missão é escolher uma das 4 classes do jogo: guerreiro, ladrão, mago e… judeu. Cada uma tem seus poderes e habilidades especiais, mas esta é a única diferença entre elas; durante o jogo, você pode equipar qualquer armadura e qualquer arma, independentemente da classe escolhida. Para os fãs mais conservadores de RPG, este pode ser um dos pontos fracos do game.

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Como estamos falando de um RPG, as batalhas são disputadas por turno, pois, segundo Cartman, é assim que as pessoas lutavam na idade média. É possível escolher entre os ataques especiais de cada classe (como o “Jew-Jitsu”, para os judeus) e os ataques dos dois tipos de armas. Mais uma vez, a grande quantidade de itens que podem ser utilizados tanto no equipamento quanto durante a própria batalha (não deixe de atirar seu cocô no inimigo), proporcionam inúmeras estratégias de jogo, com variados tipos de buffs, debuffs, efeitos de status, modificadores de dano, etc. O problema é que você provavelmente não vai experimentar todos, pois a extrema facilidade das lutas pode acomodá-lo àquele golpe que acaba com a batalha no primeiro round.

Os eventos em tempo real adicionam um ótimo dinamismo ao cansativo esquema de luta por turnos dos RPGs tradicionais. Basta apertar um botão no tempo certo para bloquear o ataque do inimigo, e quase todos os golpes requerem alguma ação do jogador, como girar o analógico/clicar com o botão do mouse em um determinado momento. Tem até um mini-game estilo Guitar Hero para usar os poderes de bardo do Jimmy. Eu experimentei este sistema no Costume Quest e gostei bastante. Em Stick of The Truth, ele ficou ainda melhor.

Boa parte da graça do jogo está nos equipamentos que expandem a capacidade de customizar o personagem, e vêm com uma variedade interessante de atributos modificadores de status. Com o sistema de “selos”, que podem ser colados tanto na armadura quanto nas armas e adicionam novos poderes, você vai se ver trocando quase que constantemente de “visual”, seja para derrotar algumas hordas de bebês-zumbis-nazistas, ou apenas para ver como ficaria um judeu negro com barba e cabelos ruivos.

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O que começa como uma simples brincadeira de rpg entre Cartman e seus amigos, desenrola em uma enorme teoria da conspiração envolvendo o governo dos Estados Unidos, o restaurante Taco Bell, alienígenas, zumbis nazistas e as próprias crianças, de um jeito absurdo e coeso como só South Park consegue fazer. Nas sidequests, é possível encontrar gente famosa como Al Gore, e personagens marcantes como Mr. Hankey, o cocô natalino. Ao completá-las, seu personagem recebe habilidades especiais, como poder invocar um Jesus Cristo bad ass para ajudá-lo na batalha. E, dando forma e razão para tudo isso, está o humor contraditório, absurdo e, na maior parte das vezes, politicamente incorreto, de South Park, que satiriza a tudo e a todos (inclusive ao próprio jogo), e que me fez dar boas risadas durante praticamente toda campanha.

Ao terminar as mais de 15 horas de jogo, South Park: The Stick of Truth deixa a sensação de termos assistido (e participado) de um ótimo episódio interativo, tamanha foi a habilidade de Matt Stone e Trey Parker – criadores da série e que escreveram o roteiro do jogo-, em transportar o universo do desenho para os games. Esta sensação é reforçada desde a decisão de retratar com fidelidade o visual de “papel-cartão” do programa, até o detalhe do riff de guitarra caraterístico que toca quando o desenho volta do intervalo na TV, ao carregar o save.

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Várias pessoas relataram problemas com bugs. Eu não passei por nenhum. Somente algumas decisões de design do jogo que me incomodaram um pouco, como sistema de checkpoint estranho, que não deixa claro onde iremos voltar ao carregar o save, e o controle pouco polido na seleção das habilidades durante a batalha. De resto, South Park: The Stick of Truth, foi uma ótima experiência.

É um produto de entretenimento praticamente perfeito, que conseguiu unir dois mundos tão próximos e tão distintos como jogos e programas de TV, mas que quase sempre acabavam sendo uma merda quando criados às pressas e apenas como divulgação para o segundo. South Park: The Stick of Truth, é surpreendente, surreal, carregado de piadas e raramente frustante, e eu realmente espero que ele sirva de exemplo para as próximas produções baseadas em universos que já existem fora dos games.

Resumo para os preguiçosos

Com um sistema de batalhas simples mas bem elaborado, centenas de itens para coletar, uma pancada de customizações para o seu personagem, e mais de 10 horas na campanha principal, South Park: The Stick of Truth peca apenas na facilidade das lutas, na falta de polidez dos controles e, como um jogo de RPG, no pouco valor de replay. Mas ainda assim consegue entregar uma experiência consistente, tanto com o universo da série quanto com o mundo dos games.

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Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Extremamente fiel ao universo da série
  • Sistema de RPG leve e divertido

Contras

  • batalhas muito fáceis
  • checkpoints estranhos e controle nas lutas pouco polido
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Diego Melo
Diego Melohttp://criticalhits.com.br
Diego Melo é graduado em jornalismo pela Unesp de Bauru. Gosta de joguinhos eletrônicos desde que se entende por gente. Prefere o PC, mas não deixa de jogar em seu New 3DS, PS3, e Xbox One de vez em quando.