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Sacred 3 – Review

Procurando um bom game para jogar no fim de semana? Então você clicou no review errado. O único desafio em Sacred 3 é saber o que vai te cansar primeiro: a jogabilidade repetitiva, a falta de senso de progressão, ou os diálogos vergonhosos e irritantes. Eu fui vencido pelos três.

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O terceiro game da franquia chega completamente diferente de seus antecessores. Se você jogou Sacred 2, esqueça aquele ARPG de mundo aberto e classes variadas. A única coisa mantida dos games anteriores foi o universo de fantasia de Arcaria.

Logo de cara você deve escolher entre os três tipos de heróis básicos de qualquer jogo de fantasia, como o bárbaro fortão, o arqueiro especialista em ataques à distância, e algum personagem feminino com características “místicas”. Nenhum deles é personalizável: você simplesmente escolhe o seu e vai direto para a campanha. E é aí que começam os problemas.

Sacred 3 ignorou a cartilha dos jogos de ação e RPG, removendo ou alterando elementos básicos que fazem o gênero ser divertido. A começar pelo loot. Os inimigos e os baús só dropam ouro e orbs de energia e vida. Não existem novos itens como poções, armas ou armaduras, e seu personagem sequer tem um inventário. Os heróis até possuem algumas características que os diferem uns dos outros, mas isso influencia muito pouco na jogabilidade.

A situação fica ainda pior quando chegamos na skill tree. Ela é praticamente inexistente, sendo resumida a habilidades ativas e passivas pré-definidas, que são liberadas linearmente conforme seu char chega a determinado nível. Ativar algum novo ataque ou poder consome o ouro coletado nas missões. As poucas armas que você “ganha” também seguem o mesmo esquema, tanto de liberação quanto de upgrade.

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Mesmo sendo um ARPG completamente “capado”, o gameplay consegue agradar um pouco (pelo menos nas primeiras horas de jogo). Os ataques respondem rápido, a esquiva funciona bem para defender, e alguns poderes especiais fazem um bom estrago.

Os tipos de inimigos também obrigam a utilizar algumas estratégias diferentes, como apertar o botão que quebra escudos e interrompe ataques, e há armadilhas espalhadas pelo cenário, como bombas ou pedras gigantes lançadas pelo alto por vulcões e desabamentos. Já as batalhas contra os chefes são um pouco mais dinâmicas, exigindo mais do que o simples apertar frenético do botão ataque.

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No caso dos personagens, o problema em Sacred 3 é a falta de customização; já nos inimigos e no gameplay, o vilão é a repetição. Após 2 ou 3 horas de jogo, você começa a notar que absolutamente tudo se repete. Mudam-se as aparências dos inimigos, mas os ataques são os mesmos. Mudam-se os objetos que caem do céu, mas eles sempre vão cair em algum momento. E os poucos objetivos que vão além de (obrigatoriamente) acabar com todos os monstros de uma área para poder ir a outra, como girar uma manivela ou explodir um portão, novamente se repedem ad inifinitum. Ou, pelo menos, até a campanha ou sua paciência acabar. O que vier primeiro.

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Se, por alguma razão obscura, você ainda quiser jogar Sacred 3 sozinho, logo vai perceber que o enfoque do game está no multiplayer. É simples e rápido sair ou entrar de qualquer partida, seja de seus amigos ou de alguma pessoa aleatória na internet. Mas o jogo não foi muito bem balanceado para suportar os dois modos, e quem sofre é o single player, alternando momentos quase impossíveis de se vencer sozinho, com áreas tediosas de tão fáceis, porém demoradas porque a vida dos monstros também sobe conforme seu personagem evolui.

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E se, mesmo assim, essa força obscura continuar te obrigando a jogar Sacred 3, há outro obstáculo a ser superado: o fraquíssimo roteiro. Eu não me importo em jogar mais um game de fantasia meio medieval, cheio de nomes estranhos e personagens clichês. O problema no Sacred 3 foi a tentativa completamente frustrada de transformar isso em comédia. Os diálogos e as falas são tão terríveis que parecem que foram escritas pelos roteiristas do Zorra Total em um dia inspirado (e com consultoria do Eric).

Não bastasse a baixa qualidade do voice acting, ainda tem a alta frequência disso durante a campanha. Além da irritante personagem que te acompanha telepaticamente pela jornada, suas armas são equipadas com espíritos auxiliares que têm vida, voz, e personalidades próprias. Eles soltam algum comentário estúpido ou sem graça no final de todos os combos. Agora imagine isso acontecendo em uma campanha de cerca de 10 horas, onde basicamente tudo o que você faz é engatar combo atrás de combo nos inimigos. Pois é.

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Uma das poucas áreas em que a Keen Games realmente acertou foram nos cenários. Posso até não ter me divertido muito explorando o mapa de Ancaria, mas não posso negar que ele é realmente belo. Apesar de completamente lineares e cheio de paredes invisíveis, os cenários são coloridos, bonitos e bem abertos, fugindo das tradicionais cavernas claustrofóbicas de outros ARPGs.

A câmera é fixa na visão isométrica tradicional, mas em momentos importantes da campanha, ela se desloca para outro ângulo, mostrando o que acontece em outras partes do cenário. Isso é uma das poucas coisas onde a repetição não estraga a experiência, já que foi o máximo de inovação que Sacred 3 conseguiu trazer ao gênero.

Mais uma vez, fica o conselho: se você jogou os outros games da série e gostou, fique longe de Sacred 3. A não ser que você queira se desapontar, pois, comparado ao anterior, Sacred 3 é quase um sacrilégio. Se você não conhece a franquia e procura algum jogo simples para matar freneticamente sem pensar muito com alguns amigos, também evite Sacred 3. Talvez ele consiga entretê-los por algumas horas, mas vocês provavelmente se verão cansados da repetitividade e do humor infantil, e logo perceberão que poderiam ter investido todo aquele tempo em um jogo melhor e mais gratificante.

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Resumo para os preguiçosos

Sacred 3 é o terceiro game da franquia, agora sob responsabilidade da Deep Silver. Se algum dia você teve a ideia de jogar um ARPG sem os principais elementos dos jogos de ação e de role playing game, como loot ou desafios interessantes, Sacred 3 foi feito para você. Se não, é melhor procurar outro jogo para matar monstros freneticamente sem pensar muito. Apesar de ser visualmente bonito e ter uma jogabilidade divertida no começo, a repetitividade, a falta de sensação de progressão, e os diálogos vergonhosos e irritantes, fazem com que Sacred 3 seja quase um sacrilégio para os fãs da série.

Nota final

45
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Cenários bonitos, abertos e coloridos
  • Facilidade de entrar e sair de partidas multiplayer

Contras

  • Diálogos irritantes, insistentes e sem graça
  • Repetitividade excessiva de monstros e desafios
  • Linear demais: tanto na história quanto na evolução do personagem
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Diego Melo
Diego Melohttp://criticalhits.com.br
Diego Melo é graduado em jornalismo pela Unesp de Bauru. Gosta de joguinhos eletrônicos desde que se entende por gente. Prefere o PC, mas não deixa de jogar em seu New 3DS, PS3, e Xbox One de vez em quando.