Você gosta de jogos de tabuleiro? Não estou falando somente dos clássicos jogos lançados pela Estrela lá na década de 90, mas sim daqueles jogos mais “moderninhos” que tentavam apresentar uma mecânica mais aprimorada e consequentemente, desafios mais entusiasmantes do que arrancar dinheiro dos seus irmãos mais novos.
Mordheim: City of the Damned é um jogo eletrônico baseado em um jogo de tabuleiro lançado no final do ano de 1999. O resultado dessa fusão? Um produto interessante, mas que é difícil de ser entendido e jogado. O game é baseado também em outra franquia bastante famosa tanto nos computadores quanto nos tabuleiros: Warhammer. Quem já está acostumado a esse vasto e interessante universo provavelmente vá reconhecer algumas facções e criaturas apresentadas no game, agora, se você pensa que esse seu conhecimento prévio vai lhe servir de alguma, esta muito enganado.
Pra começar, é preciso entender o enredo do game. Como o próprio título do game dá a entender, Mordheim é a uma cidade amaldiçoada. Só que exatamente por este motivo ela esta cheio de tesouros e artefatos valiosos para 4 facções – ou Warbands, como são chamadas no jogo – diferentes. Cabe aos comandantes de cada facção portanto, organizar expedições até a cidade e gerenciar o acampamento de forma que suas tropas consigam ter acesso facilitado a novos equipamentos, comida e uma forma de recuperar suas feridas, com o objetivo de “encher os bolsos” com os espólios que encontrarem na cidade. Algo bem parecido com o que já vimos em Darkest Dungeon, mas a diferença é que aqui o foco é o combate e os seus soldados não morrem. Só ficam extremamente feridos.
O principal problema do jogo não é gerenciar seus equipamentos mas aprender como funciona o sistema de movimentação e de batalha. Apesar do game oferecer 3 tutoriais, nenhum deles é realmente efetivo em te ensinar o que você precisa saber para se dar bem durante as partidas. A única forma de você aprender é através de sucessivas tentativas até que você encontre uma forma de jogar que torne o desafio vencível.
Eu gosto de jogos que me desafiem, mas aprecio que o jogo pelo menos me mostre todas as ferramentas necessárias para que eu possa iniciar minha jornada. No início, eu me empolguei bastante com o sistema de batalhas e fiquei animado pois acreditava que aprender tudo era só questão de tempo. Não foi. Morri inúmeras vezes, errei mais ainda e acabou que o jogo tornou-se chato antes mesmo de ficar legal.
A impressão que tive, é que o game não estava totalmente finalizado nesse sentido, o que é estranho pois eu comecei a analisa-lo logo após ele ter saído do programa Early Acess da Steam. Depois de quase desistir e de dar um tempo até que a vontade de revisitar Mordheim voltasse, resolvi encarar mais uma vez o desafio e dessa vez fui mais bem sucedido.
Superada a dificuldade inicial, pude apreciar o jogo sob outra perspectiva. Tive de aprender as regras e as fraquezas dos meus inimigos. Entender como funcionava o sistema e a efetividade dos equipamentos e quando me dei conta estava procurando informações até mesmo em materiais externos ao jogo a fim de tentar descobrir algo mais sobre a Skaven Warband, uma facção de homens ratos que logo tornou-se a minha favorita.
Logo após isso, percebi também como o jogo é detalhista ao fazer com que cada batalha “conte” na experiência de cada um dos seus personagens. Mesmo ao perder uma disputa, algumas vezes algum dos seus soldados adquire uma habilidade nova que vai favorecê-lo mais adiante, o que injeta muito mais entusiamo em mandar novos recrutas para a batalha.
Com o tempo, você acaba se dando conta mesmo de que Mordheim: City of the Damned é definitivamente uma versão eletrônica de um jogo de tabuleiro. Pouco importa se o jogo não possui um enredo cativante cheio de reviravoltas, tudo o que eu desejava era uma nova oportunidade de colocar meus lacaios para cair na porrada com meus inimigos e testar novas habilidades, equipamentos ou estratégias. Nos momentos de crise, onde eu estava sendo derrotado e quase sem fundos para financiar novas expedições, eu só lutava para cumprir logo os requisitos daquela missão em específico para sair de lá vitorioso o mais rápido possível.
Aliás, como todo bom jogo de tabuleiro, Mordheim: City of the Damned tem mais de uma forma de se vencer. Durante as partidas, você não precisa necessariamente matar todo mundo do time adversário. As vezes basta que você conheça melhor o mapa e colete alguns itens mais rapidamente do que os outros. Essa dinâmica de objetivos diferentes para cada partida torna o gameplay muito mais interessante e até mesmo mais emocionante.
Entretanto, chega uma hora em que parece não ter mais sentido para continuar. Depois de várias expedições bem sucedidas, de ter dinheiro suficiente no cofre para contratar o dobro de soldados e de não temer mais seus inimigos, o jogo parece se perder ao te desafiar. Por que eu preciso sair novamente em uma nova expedição? Quanto tempo vai demorar até que eu derrote todos os adversários controlados pela inteligência artificial do game? Será que é hora e ir jogar online com meus amigos?
Talvez, mas aqui vai um conselho: jogar online é puro sadomasoquismo se você se atrever a desafiar qualquer jogador por ai. Pelo que pude notar, sua habilidade no jogo é proporcional a quantidade de tempo que você se dedica à ele. Não é muito difícil encontrar um jogador que passou muito tempo – mas muito tempo mesmo – se aventurando pela cidade maldita e que esta na espreita de mostrar toda sua habilidade para o primeiro que aparecer. Eu demorei pra conseguir achar uma partida online, mas quando achei, apanhei como nunca na vida.
Resumo para os preguiçosos
Mordheim: City of the Damned é um jogo difícil e de certa forma mal executado. A ideia é realmente muito boa e dá pra ver que em alguns momentos o jogo parece uma mistura do gerenciamento de bases visto em XCOM, com o sistema de missões de Darkest Dungeon. Entretanto, em alguns momentos é como se você tivesse comprado o jogo de tabuleiro em algum brechó e ele tivesse vindo sem o livro de regras. O jogo não é lá muito amigável com que não tem muita experiência e alguns problemas de jogabilidade podem acabar atrapalhando até mesmo os jogadores vai veteranos. De qualquer forma, ele oferece uma experiência interessante que deve ficar muito mais legal ao ser compartilhada com seus amigos online. Eu não tenho amigos, então tive que testar com desconhecidos. Que triste.
Prós
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Jogo dinâmico baseado em outro jogo de tabuleiro da série Warhammer
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Bons gráficos
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Desafia o jogador em vários aspectos diferentes e exige que ele aprenda como tudo funciona se quiser vence
Contras
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Pouco amigável com novatos
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Bugs ocasionais
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Demanda muito tempo para ser entendido