Sempre que sou incumbido de fazer uma análise de uma remasterização, acabo ficando na dúvida do que dar prioridade: a qualidade do jogo, ou a remasterização em si. Com Devil May Cry 4: Special Edition eu não tive esse tipo de problema.
Como todo mundo já deve saber, o quarto título da franquia que insiste em fazer demônios chorar foi o único game da série a dar as caras na geração PS3/Xbox 360. Apesar do sucesso que os jogos de PS2 obtiveram, somados ao bom recebimento que Devil May Cry 4 teve, era de se esperar que tivéssemos visto mais um game sendo lançado que seguisse a ordem cronológica estabelecida. Ao invés disso, a Capcom resolveu rebootar a série com DmC, o que não foi necessariamente uma coisa ruim.
Na verdade, a linha cronológica de Devil May Cry é uma verdadeira bagunça. Quem jogou os jogos em sequência de lançamento pode não ter percebido, mas assim como outras séries japonesas como Metal Gear Solid, a história de DMC começa cronologicamente pelo terceiro título, sendo seguido pelo primeiro, depois pelo quarto e por último pelo segundo. Resumindo, a sequência é a seguinte:
Devil May Cry 3 » Devil May Cry » Devil May Cry 4 » Devil May Cry 2
Portanto, é bem possível que você não consiga entender bem o que está acontecendo sem antes jogar os jogos anteriores ou talvez dar uma procurada na Wikipédia.
Outra alteração interessante é a alteração no protagonista. Logo no início do jogos somos apresentados a Nero, um híbrido de demônio com humano que tem tudo para ser um irmão mais novo de Dante. Nero faz parte da Holy Knights Order, uma ordem eclesiástica que venera o demônio Sparda – aquele mesmo, pai de Dante e de Vergil – . Logo depois da primeira cutscene do jogo, a coisa começa a ficar feia quando Dante aparece do nada e assassina o “Papa” da ordem, também conhecido como Sanctus. Dessa forma, o protagonista do game acaba se tornando o vilão em um primeiro momento, até que a história se desenrole e você entenda direito o que esta acontecendo.
Eu realmente não gosto de dar spoilers sobre a história dos jogos que analiso, mas acho importante comentar que os eventos que são apresentados no decorrer do jogo tem ligação direta com a morte de Vergil – ou Nelo Angelo – em Devil May Cry. A Yamato tem um importante papel na trama inclusive, quase mais importante do que o papel dos próprios protagonistas. Outra coisa que eu tenho que comentar é que a partir de determinado momento, você troca de personagem e começa a jogar com Dante. Mas isso já era de se esperar, né?
A jogabilidade segue os padrões de todos os jogos anteriores. Por ser um Hack n Slash, você consegue mais pontos por vencer mais inimigos, mas o estilo faz toda diferença em Devil May Cry 4. Sair esmagando botões é fácil, mas fazer as sequências corretas é algo que conseguido por poucos e recompensado de forma bastante generosa.
Nero possuí um diferencial inédito até então. Por ser híbrido, seu braço direito tem poder demoníaco a dar com o pé ~ tudumtss ~ e acaba facilitando bastante a aplicação de combos já que oferece a possibilidade de “puxar” os inimigos. Já Dante apresenta os mesmas mecânicas vistas nos jogos anteriores, principalmente em Devil May Cry 3. É um pouco difícil pegar o jeito principalmente se faz tempo que você jogou algum jogo desta franquia, mas nada que um pouco de treino não resolva. Alguns bugs foram corrigidos nesta versão remasterizada, e dessa forma a possibilidade de emendar alguns combos nos outros ficou muito mais fácil devido ao fato dos controles terem sido aperfeiçoados.
Os gráficos da franquia como um todo sempre foram avaliado como “bons”, mas dificilmente alguém vá acabar lembrando de Devil May Cry pela sua excelente renderização. A remasterização do jogo cumpriu o que prometeu e deu uma melhorada de leve na aparência do game, mas também não é nada que possa ser considerado uma obra prima. É só pegar como referência outros títulos que tiveram suas versões “remastered” lançadas pela Capcom e comparar, dessa forma fica bem óbvio que no aspecto gráfico a melhora se dá só pela substituição de algumas texturas e polimento de algumas arestas. Não é lá grandes coisas, mas também não é um trabalho a ser desprezado. Costumo dizer que gráficos assim são “ok”.
De qualquer forma, o maior impacto da remasterização é justamente esse: apresentar um jogo antigo com aparência nova. Alguns bugs são corrigidos, poucas melhorias são feitas nos controles e é isso ai…nada de muito especial. Eu particularmente acredito que essa prática serve mais para quem nunca teve a oportunidade de jogar o game na geração passada e quer aproveitar para jogar agora, ou para aquele cara que é muito fã e deseja ter a sua cópia atualizada pra jogar de vez em quando.
Talvez a fim de incentivar esse fã mencionado acima é que a Capcom tenha colocado alguns extras na “Special Edition”, como a possibilidade de se jogar com outros personagens durante a campanha, novas skins e informações adicionais sobre a lore do game que podem ser acessadas dentro do próprio jogo. Adições são sempre bem vindas, o processo de remasterização é válido, mas se você espera comprar o jogo para ter uma experiência muito diferente das versões de PS3 e Xbox 360, melhor repensar suas compras.
Review elaborado numa versão para PC do jogo. Código de review fornecido pela produtora.
Resumo para os preguiçosos
Devil May Cry 4: Special Edition é sim um jogo muito bacana, mas que é destinado a um público específico e que sabe o que procura numa remasterização. Mesmo assim, o título é um daqueles que mesmo que você não entenda porcaria nenhuma da história, pelo menos vai se divertir descendo o braço nos inimigos e se esforçando para tentar alcançar o maior número de pontos possíveis!
Prós
- Jogabilidade divertida e empolgante características dos jogos da franquia
- Melhoras nos controles
- Special Edition trás novos personagens e informações adicionais
Contras
- Gráficos podem ficar abaixo do esperado
- História uma pouco confusa
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