Final Fantasy é uma das minhas franquias favoritas desde a época do PlayStation, quando eu descobri Final Fantasy Tactics e Final Fantasy VII. A geração do PS3 e do Xbox 360 infelizmente fez esse interesse diminuir um pouco, graças ao fraco Final Fantasy XIII e a capítulos totalmente caça niqueis, como All the Bravest. Nem a Square Enix parecia ter confiança mais na série, já que a companhia demorou para lançar Bravely Default no ocidente (um Final Fantasy em tudo, exceto no nome) e demorou mais ainda para lançar Final Fantasy Type-0, que é um dos melhores Final Fantasy dos últimos anos e da franquia como um todo.
Em Type-0, você controla uma porrada de personagens. Ao todo, são 14 os integrantes da Class Zero, um esquadrão de elite da academia de Vermillion Peristylium, num mundo que está em constante guerra entre quatro nações detentoras de cristais. A academia faz parte do Domínio de Rubrum, que luta contra o estado de Militesi, uma nação imperialista que começou a avançar para cima dos outros estados e a conquista-los graças à sua tecnologia superior, que anula os efeitos dos cristais e torna as forças desses estados praticamente inúteis, já que dos cristais saem os poderes mágicos deles.
O jogo em si começa com uma espécie de documentário no melhor estilo History Channel, dando o tom da aventura, e é assim que você vai conhecer a maioria da história. O jogo basicamente se alterna entre duas formas de gameplay. Na primeira, você tem um certo tempo até executar a próxima missão e é livre para explorar o mundo, conversar com NPCs e cumprir missões opcionais. Esse tempo geralmente é usado para adquirir itens e aumentar o nível dos seus personagens, e você vai querer usa-lo da forma mais espera o possível, já que você vai precisar dos seus 14 personagens.No outro modo, você está em missão, e deve avançar pelos cenários, enfrentando inimigos e fazendo o que um Moogle manda, já que ele é o comandante da sua missão.
Final Fantasy Type-0 é um jogo focado no combate, e provavelmente é por isso que a Square Enix não estava tão confiante assim sobre o sucesso do jogo no ocidente. Boa parte do tempo você vai estar lutando, seja para pegar níveis, seja para avançar na história. O combate em si é bem divertido. Nele, você controla um personagem e executa os comandos mapeados para os botões enquanto move-se pelo cenário. Dessa forma, você ataca e defende-se em tempo real, quanto outros dois membros do seu grupo são controlados pela inteligência artificial.
A inteligência artificial poderia ser bem menos burra, entretanto. Em alguns momentos ela demora tempo demais para curar-se ou curar o seu personagem (já que você só pode curar-se usando itens, ninguém sabe usar Cure em si mesmo), já em outros, ela tem um desejo suicida de ficar exatamente onde o chefe larga o ataque mortal, e no fim das contas é mais fácil lutar sozinho do que ver seus personagens morrendo um a um. Isso é mais verdade do que nunca num dos chefes no começo do jogo, quando você enfrenta um robô gigante com um ataque mortal cuja única defesa é ficar no canto do mapa. Só você fica, seus aliados preferem ficar mais pra frente e serem atingidos, só pra tornar as coisas mais difíceis para você.
Fora esses pequenos problemas, entretanto, o combate do jogo é bastante profundo. Cada personagem funciona de maneiras diferentes, e o personagem “principal” está longe de ser o melhor de todos. Dependendo de quem você usa, a arma muda, e as características de ataque mudam também, já que alguns personagens usam espadas, outros pistolas, uma personagem usa uma flauta, já outra usa uma maça, e você basicamente vai alterando entre poder de ataque e velocidade de ataque.
É verdade que a vida fica bem mais fácil depois que você descobre que há uma janela de ataque, após você desviar de um ataque do inimigo, onde é possível causar um dano crítico, mas o jogo também não perdoa muitos erros, e você provavelmente vai ver os seus personagens morrendo, ainda mais se você não der level up em todos os membros do seu grupo.
Como eu já disse duas vezes, isso é necessário, basicamente porque quase não há Phoenix Down no jogo, aquele item que faz o seu personagem reviver. Ou seja, morreu? Chama o próximo personagem, porque esse não vai reviver tão cedo. Algo que eu não gostei muito, entretanto, é que você só pode alternar entre os personagens vivos em batalha, e não é possível fazer uma substituição de personagens à la Final Fantasy X nem via menus, a menos que você entre numa cidade. Isso é meio chato na hora de dar level up nos personagens, porque você precisa ficar entrando e saindo das cidades pra trocar os personagens (e fazendo o tempo até a próxima missão passar) ou matando seus personagens do seu grupo de propósito pra usar os mais fracos.
Como o jogo é a remasterização de um jogo de PSP, vale ressaltar que os gráficos não são grandes coisas. A remasterização do jogo contentou-se em melhorar a resolução e as texturas dos gráficos do jogo de PSP e só. Há alguns momentos em especial que sentimos como isso impacta no jogo. Final Fantasy Type-0 tem um enredo adulto e cheio de momentos tensos, que não combinam em nada com personagens sem nenhuma expressão facial. É até engraçado ver alguns personagens somente mexendo a boca pra cima e pra baixo enquanto falam de maneira tensa ou irritada, pois acaba parecendo até um episódio de South Park qualquer, quando eles colocam alguma cabeça de algum famoso da vida real falando (ou um canadense).
Outro fator que me incomodou bastante nessa remasterização foi o fato da câmera do jogo ser terrível. Ok, o PSP não tinha um segundo analógico, o que fazia o jogo ter que assumir as rédeas de escolher um ângulo ótimo para que você enxergasse o que acontece. Acontece que no Xbox One e no PS4 há um segundo analógico e o jogo continua com essa mania de virar a câmera em todo momento que ele acha conveniente, incluindo no sistema de travar a mira do personagem, o que incomoda em alguns casos.
A trilha sonora do jogo é muito boa, tanto nas composições quanto nos efeitos sonoros. Para completar, a dublagem do game também é bem feita e há a opção de você jogar com o jogo na dublagem japonesa. Vale ressaltar que o game não vem legendado em português.
Resumo para os preguiçosos
Final Fantasy Type-0 é um excelente RPG que infelizmente é prejudicado em parte pelos problemas de câmera e pela remasterização preguiçosa nos gráficos. O jogo realmente tem uma história muito boa e um sistema de combate cheio de profundidade e bem desafiador, oferecendo no mínimo 40 horas de diversão.
Prós
- História madura e muito bem conduzida
- Bom sistema de combate
Contras
- Problemas de câmera
- Gráficos fracos
- Sem legendas em português
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