Nine Sols – Análise – Vale a Pena – Review

Desde a primeira Demo, Nine Sols foi um jogo que me chamou muito a atenção, principalmente pelo seu estilo de combate e por ser um metroidvania, um gênero que eu gosto muito. Agora, com o jogo chegando para outras plataformas além da Steam, nós, do Critical Hits, comentaremos como foi nossa aventura por Nova Kunlun.

Nine Sols começa com uma cutscene onde testemunhamos Yi, o protagonista, sendo derrotado por sua antiga mentora. Gravemente ferido e traído por seus iguais, Yi é dado como morto. O conflito resulta na queda dos outros Sols em sono profundo, mergulhando Nova Kunlun, último refúgio dos Solarianos, em séculos de quietude. A paz reina na superfície, enquanto os humanos que habitam o local idolatram os Solarianos como deuses.

O cenário avança séculos, e Yi desperta ao som de uma flauta tocada por Shuanshuan, um jovem da vila próxima. Após algum tempo desde seu despertar, Yi é abordado por Shuanshuan, que pede sua ajuda para colher uma flor sagrada usada em um ritual que, segundo os moradores, transporta os escolhidos para a “Terra dos Deuses”. Antes do ritual ocorrer, no entanto, Yi recebe uma ligação de um aliado misterioso, que o alerta sobre a importância do evento, destacando que, se perdido, levaria anos até que uma nova chance surgisse.

O ritual se revela um sacrifício, onde humanos são mortos para alimentar o processo. Quando chega a vez de Shuanshuan, Yi, tomado por um impulso de afeto, o salva, interrompendo o ciclo. O ato de rebeldia o leva a descer em um elevador que transporta os restos das vítimas, iniciando sua missão: destruir os outros Sols, coletar seus selos e buscar vingança contra aqueles que o traíram.

Conforme Yi avança em sua jornada, a verdadeira natureza de Nova Kunlun começa a se desdobrar. Governada pelos Sols, seres de poder e conhecimento excepcionais, a cidade esconde segredos sombrios. Os humanos, tratados como gado, vivem sob a ilusão de misticismo criada pelos Sols para manter o controle. O mundo do jogo, descrito como “taopunk”, combina elementos de cultura asiática, templos tecnológicos, artes marciais e ficção científica, criando uma atmosfera singular. Apesar da aparência de paraíso, Nova Kunlun é regida pela brutalidade, com violência explícita que permeia cada canto.

Ao explorar os templos e encarar os mistérios dos Solarianos, Yi descobre que o sistema é muito mais cruel do que aparenta. As revelações trazem reviravoltas que desafiam as percepções iniciais do jogador, revelando os verdadeiros objetivos dos Sols e o papel de Nova Kunlun nesse universo complexo.

O combate de Nine Sols é uma das suas principais atrações do game, combinando elementos de precisão e estratégia com a exploração característica dos metroidvanias. Descrito como “Sekiro-lite”, o jogo foca no uso de aparadas (parries) como a mecânica principal durante os confrontos. Yi, o protagonista, pode realizar combos básicos de até três ataques, esquivar, saltar e usar um gancho para alcançar lugares estratégicos ou evitar ataques. No entanto, o verdadeiro diferencial está no timing das aparadas: se executadas no momento exato, elas anulam o dano, geram uma carga de Qi e permitem que o jogador utilize habilidades especiais, como fixar um amuleto explosivo nos oponentes.

Os desafios aumentam à medida que novos tipos de inimigos e chefes aparecem. Alguns ataques, marcados por uma aura vermelha, são impossíveis de aparar e exigem esquivas precisas para evitar dano.

Conforme a aventura avança, Yi desbloqueia novas habilidades e melhorias através de uma árvore de habilidades, que inclui técnicas avançadas de combate e movimentação. Além disso, há opções de customização, como as pedras de jade, que modificam os movimentos do personagem ou ativam efeitos passivos.

Os combates contra chefes são um ponto alto de Nine Sols, oferecendo batalhas memoráveis. Cada encontro é único e exige que o jogador domine os sistemas do jogo para superá-los. Além disso, os chefes opcionais espalhados por Nova Kunlun proporcionam desafios adicionais para aqueles que buscam explorar cada canto do mundo.

Embora o combate seja cativante e recompensador, a dificuldade pode afastar jogadores menos experientes ou que prefiram uma experiência mais acessível. Ainda assim, para aqueles que apreciam a sensação de superação, Nine Sols oferece um sistema de combate que é, ao mesmo tempo, desafiador e incrivelmente satisfatório.

A exploração em Nine Sols segue a estrutura clássica dos metroidvanias, oferecendo um mapa interconectado que recompensa a curiosidade do jogador. Cada área do mapa é repleta de segredos, itens valiosos e atalhos que facilitam a navegação em visitas futuras. Durante a exploração, é possível encontrar as pedras de jade, que funcionam de forma semelhante aos amuletos de Hollow Knight, oferecendo vantagens estratégicas e permitindo uma ampla variedade de builds para Yi.

Além dos amuletos, itens que expandem a lore do jogo podem ser entregues a Shuanshuan no Pavilhão das Quatro Estações, o principal hub do jogo. Esse local serve como uma zona segura onde aliados se reúnem, e também permite o acesso a outras funções importantes, como melhorias de saúde máxima através de itens fornecidos a Shennong e o aumento do uso do cachimbo para cura.

O mapa de Nine Sols é funcional e intuitivo. Durante a primeira visita a um novo bioma, o jogador explora cada canto, desbloqueia atalhos e encontra nós de descanso, que funcionam como as tradicionais bonfires dos jogos soulslike. Esses pontos permitem descansar, teletransportar-se para o Pavilhão e acessar a árvore de habilidades para evoluir Yi. Para aqueles que desejam explorar profundamente e buscar o final verdadeiro do jogo, o mapa é projetado de maneira que todas as habilidades possam ser desbloqueadas antes do chefe final.

Um detalhe interessante são os NPCs que carregam chips de mapa para as áreas exploradas. Esses chips mostram informações úteis, como a quantidade de chefes e itens de lore restantes em cada bioma, ajudando o jogador a planejar o progresso. Contudo, o jogo não oferece marcadores personalizados, o que pode dificultar a localização de áreas escondidas que ainda não foram acessadas, exigindo uma boa memória ou anotações por parte do jogador.

Embora o design do mapa seja bem estruturado, algumas decisões podem desagradar. O sistema de fast travel é limitado, permitindo viagens apenas entre o Pavilhão e os nós principais, o que pode tornar a navegação menos prática. Esse design parece ter sido escolhido para incentivar o jogador a interagir mais com o hub central, mas ainda assim, pode gerar frustração. Além disso, o jogo apresenta uma progressão mais linear em comparação a outros metroidvanias. A ordem dos chefes é fixa, o que reduz a liberdade de escolha, mas isso é justificável pelo foco na narrativa. Ainda assim, fãs que valorizam maior liberdade podem achar essa abordagem menos atraente.

Apesar desses pequenos inconvenientes, Nine Sols oferece uma experiência de exploração envolvente, com um mapa que combina funcionalidade e desafio, recompensando aqueles que se dedicam a desvendar seus segredos.

Mas e aí, Nine Sols vale a pena?

Nine Sols é, sem sombra de dúvidas, uma experiência marcante dentro do gênero metroidvania, combinando combate técnico, exploração e uma narrativa envolvente. O jogo consegue equilibrar seus desafios com recompensas significativas, oferecendo tanto momentos de ação quanto reflexões sobre sua rica história e universo.

Apesar de algumas limitações em termos de progressão e navegação, essas escolhas contribuem para reforçar a imersão no mundo de Nova Kunlun. Para jogadores que apreciam mecânicas desafiadoras e uma jornada carregada de mistérios, Nine Sols é um título que merece atenção.