Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um remake tridimensional de Romancing SaGa 2, um RPG clássico do Super Nintendo de 1993 com algumas ideias super inovadoras para a sua época, como a sucessão dos personagens em diversas gerações para vencer um mal milenar. Será que essa modernização consegue fazer o jogo manter-se interessante em 2024?
Em Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven, você começa o jogo controlando Gerard, um dos filhos de Leon, Imperador de Avalon, que um dia tem seu território atacado por monstros liderados por Kzinssie, um dos Sete Heróis do passado, que acabaram sendo corrompidos por uma magia maligna.
Após ataque à capital de Avalon, Leon e Gerard juram vingança a Kzinssie, e você parte para um ataque ao território dele. Após o combate, você descobre a mecânica fundamental do jogo, que é a de sucessão, onde Leon, o Imperador, passa os poderes e habilidades dele para Gerard, e aí o jogo começa de fato. Agora, você deve expandir o império pelo resto do mundo e também derrotar os Sete Heróis, numa aventura que vai avançar mais de um milênio.
A ideia de Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven, como a sinopse sugere, é bem ambiciosa. Você pode explorar o mundo da forma como quiser, mas o jogo possui alguns sistemas que limitam um pouco o que cada geração de imperadores ou imperatrizes pode fazer. Após cumprir uma certa quantidade de quests, ser totalmente derrotado em batalha ou morrer um certo número de vezes (falaremos mais sobre isso no combate), o jogo avança para a próxima geração de heróis e você deve montar um novo grupo de guerreiros para continuar o trabalho que seus antecessores começaram.
A princípio, o jogo é bastante linear, com você recebendo missões novas, abrindo o mapa e usando fast travel de uma localidade para a próxima, resolvendo os problemas e avançando nas gerações da Família Imperial, mas lá pela metade do jogo, ele vai te pegar de surpresa em algum momento onde você vai ficar sem novas quests para fazer, e aí o que você deve fazer? Explorar o mundo!
Nessa parte, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven meio que vira um jogo aberto onde você pode ir para qualquer canto que quiser, contanto que você ache o caminho para ele, e isso é algo muito legal e ao mesmo tempo um tanto quanto confuso, já que o jogo não te explica muito bem o que ele quer que você faça. Basicamente a sua missão é vencer cada um dos Sete Heróis para salvar o mundo, mas onde eles estão? Boa sorte procurando por eles.
Dessa forma, você deve andar pelos diferentes cenários que o jogo apresenta e ir procurando as saídas deles, que assim conectam você a novas cidades e novas áreas abertas, ou viajando de barco de uma cidade com porto para novas. Ao chegar nessas novas cidades, novas quests começam a aparecer e lhe oferecem a oportunidade de anexar novas regiões para o seu império.
As quests em si do jogo não chegam a ser muito complexas, a maioria delas são resolvidas na base da força mesmo, com você vencendo monstros, alguma influência maligna ou até mesmo algum dos Sete Heróis que está causando problemas na região e deve ser vencido para que o povo do território decida juntar-se ao Império.
Além disso, como você trata de diversas gerações de personagens, é importante ressaltar que somente os primeiros dois imperadores, Leon e Gerard, possuem alguma personalidade. No mais, o jogo parece aqueles jogos onde você cria o seu personagem no começo e ele nunca mais pronuncia uma palavra, virando apenas um avatar do que acontece no mundo.
Falando um pouco agora sobre o sistema de combate e das dungeons do jogo, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven, como eu comentei lá no começo, é a modernização de um jogo de SNES, ou seja, o jogo é bem clássico seja pro bem, seja pro mal. Na maioria das dungeons, você só tem um caminho de entrada e um de saída ou um chefe, e deve ir atropelando tudo o que ousar entrar na sua frente.
Já em territórios abertos como o Deserto e a Savana, o jogo apresenta múltiplas saídas, algumas que conectam você a vilarejos, outros a entrepostos ou até mesmo a outros territórios abertos também, e servem como o hub de descobrimento do mundo, principalmente em momentos em que você precisa desbravar o mundo para encontrar os próximos heróis a vencer.
O combate do jogo é por turnos e vai agradar quem gosta desse estilo de combate, mas ele apresenta algumas ideias bem interessantes que não transformam Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven num clone de Final Fantasy com outra skin, por exemplo.
Cada personagem executa sua ação dependendo da velocidade deles, e inimigos possuem um determinado número de fraquezas, seja a armas que os seus personagens carregam, seja a elementos que eles podem usar como fogo, vento, água, luz, e assim por diante.
Ao todo, o seu grupo é composto por 5 heróis ativos, que podem ser arranjados em diferentes formações, que servem para proteger personagens mais fracos, maximizar o poder de arqueiros e magos ou até para evitar que os ataques de área dos seus adversários não atinjam mais do que um personagem ao mesmo tempo.
Cada personagem possui uma classe, e a sua missão é montar um grupo balanceado o suficiente para que você consiga segurar os ataques dos seus adversários enquanto causa dano o suficiente para que eles morram, e aí você pode ter Guerreiros, Cavaleiros, Arqueiros, Magos e ir desbloqueando novas classes como Pirata, Artista Marcial, Ninja e assim por diante conforme expande as fronteiras do seu Império.
Um detalhe interessante do sistema de combate de Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é que o jogo não possui um sistema de level up com pontos de experiência. Nesse jogo, temos uma espécie de evolução do sistema de level up de Final Fantasy II, onde o que você usa no combate sobe de nível, dessa forma, se o seu Imperador for um Mago que usa bastante o elemento de Fogo, o atributo Fogo dele vai ficando cada vez melhor.
Outro detalhe muito interessante do sistema de combate do jogo é que cada personagem pode ser derrotado um certo número de vezes até ele morrer definitivamente e ter que ser substituído, dessa forma, você tem que tomar muito cuidado em ter um grupo equilibrado e não ser irresponsável durante as dungeons, ou pode acabar com um grupo capenga antes do fim de uma batalha. Outro ponto legal desse sistema também é que se o seu imperador chega a 0 pontos de vida, aquela geração acaba ali, e você tem que criar um novo grupo e seguir adiante.
Aqui é importante ressaltar que o progresso que a geração passada fez é mantido a cada geração, então se você adotar um grupo numa geração e gostar dele, é muito provável que você vá conseguir continuar usando personagens semelhantes nas próximas, e eu meio que acabei fazendo isso durante a maior parte do tempo porque os herdeiros dos meus personagens eram muito mais fortes do que os outros que o jogo oferecia e eu não ia parar para ficar upando outros personagens. Nem sempre a minha escolha acabava sendo a ideal, mas os desafios acabavam sendo vencidos na força bruta mesmo.
Durante as dungeons, os confrontos contra os inimigos são na maioria dos casos tranquilos se você souber o que fazer e usar as técnicas de acordo, mas é importante ressaltar que os confrontos contra chefes, principalmente contra os Sete Heróis, são bem desafiadores, principalmente porque mais de uma vez você vai chegar na hora de enfrentá-los no limite dos seus heróis, com 2 ou 3 de LP em alguns casos, e precisar de alguma estratégia muito bem pensada para vencê-los, e mesmo assim, as vezes não vai conseguir.
Por um lado, isso é uma frustração só chegar ao final de uma dungeon e dar de cara contra um adversário que você não consegue vencer (e isso acabou acontecendo comigo) por outro, isso é o jogo te mandando explorar o mundo um pouco mais, fazer outras quests que provavelmente estão abertas e voltar futuramente mais poderoso para enfrentar esse desafio em outra geração.
No fim das contas, esse sistema é interessante, ainda que seja meio sem sentido algumas quests ficarem suspensas, ou pela metade, esperando que passe cento e poucos anos até você concluí-la, mas enfim, seria pior ter que reiniciar toda quest inacabada a cada nova sucessão, ainda mais que o jogo não te avisa quando elas acontecem.
Graficamente, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um belo jogo dentro das limitações técnicas que ele se impôs. A ideia do jogo não é ter gráficos ultra realistas e nem nada do tipo, estabelecendo um estilo de arte de anime e gráficos que funcionam bem até mesmo no Nintendo Switch e com diversos inimigos na tela. Além disso, mesmo no console da Nintendo o jogo tem bons tempos de carregamento.
Por fim, a trilha sonora do jogo é boa, com boas músicas de cenário, combate e chefes, e a dublagem também é bem feita, mas infelizmente ele não tem legendas em português, o que vai ser um sério problema para quem queira aproveitá-lo e não domine o idioma. Seria muito legal se a Square Enix desse a esses projetos menos ambiciosos dela (como o Tactics Ogre Reborn e o mais recente Visions of Mana) a mesma atenção que ela dá a jogos como a franquia Final Fantasy.
Mas e aí, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven vale a pena?
Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é muito melhor do que ele parece a princípio. O progresso no jogo não vai ser tranquilo a todo tempo, e houve momentos em que eu me sentia completamente perdido sobre para onde ir e o que fazer para avançar, mas quando o jogo clica, é muito difícil de conseguir largá-lo, já que você vai querer ir sempre atrás de um novo território, vencer um dos Sete e assim por diante.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um remake de um clássico RPG do Super Nintendo, que traz inovações para sua época, como a sucessão de personagens ao longo de gerações. No jogo, você assume o controle de Gerard, filho do Imperador Leon, após um ataque liderado por Kzinssie, um dos Sete Heróis corrompidos. O combate por turnos, junto com a mecânica de sucessão, leva você a expandir o império e derrotar os Sete Heróis, em uma aventura que atravessa gerações. A progressão do jogo é linear, mas se abre para exploração, onde o jogador deve encontrar os heróis e resolver quests para expandir o império.
O sistema de combate é interessante por não seguir o tradicional esquema de subir de nível, com habilidades que evoluem conforme o uso. Além disso, a ideia de perder personagens de forma definitiva adiciona um nível estratégico. Graficamente, o jogo mantém uma estética de arte estilo anime e funciona bem até mesmo no Nintendo Switch. A trilha sonora e dublagem são bem feitas, mas a falta de legendas em português pode ser um obstáculo para alguns jogadores. Apesar de algumas limitações, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven consegue modernizar um clássico, oferecendo uma experiência muito interessante para fãs do gênero para 2024.
Prós
- Um mundo muito rico e divertido de explorar
- Bom sistema de combate
- Diversas possibilidades de condução da história
- Belos gráficos, ainda que limitados
Contras
- Falta de legendas em português prejudica bastante a penetração do jogo no nosso mercado
- Alguns picos de dificuldade