A cena final da segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, na qual Sauron derrama lágrimas após matar Celebrimbor, surpreendeu os espectadores e trouxe uma dimensão inesperada ao vilão. Em uma série marcada por intrigas, traições e manipulações, a morte de Celebrimbor não foi apenas um ato de violência, mas um momento de profunda introspecção para Sauron, que demonstrou uma vulnerabilidade rara em sua trajetória. O ator Charlie Vickers, intérprete de Sauron, explicou o motivo dessa reação emocional incomum e o impacto que isso pode ter no desenvolvimento da personagem.
Na trama, Celebrimbor, o lendário ferreiro élfico, foi enganado por Sauron para forjar os nove anéis dos homens, que contêm o sangue negro do vilão. Inicialmente desavisado das verdadeiras intenções de Sauron, Celebrimbor eventualmente percebe a armadilha em que foi colocado e toma a decisão de enviar os anéis para longe de Eregion sob os cuidados de Galadriel. Desesperado para recuperar os anéis, Sauron recorre à tortura para extrair de Celebrimbor a localização das joias. No entanto, o Elfo, em vez de ceder à pressão, desafia Sauron com palavras que o provocam profundamente. Isso resulta em um surto de raiva que leva Sauron a matar Celebrimbor com uma flecha disparada diretamente em seu coração.
Em entrevista ao The Hollywood Reporter, Vickers revelou que, ao contrário de outras mortes que Sauron causou ao longo de sua jornada, a de Celebrimbor carrega um peso diferente. O vilão, geralmente impassível e calculista, demonstra aqui uma fragilidade emocional. O ator sugere que a reação de Sauron é alimentada por uma mistura de respeito e frustração. Celebrimbor era mais do que uma vítima comum; ele era um parceiro de grande talento, alguém que Sauron admirava e poderia ter continuado a usar em sua busca pelo poder. O assassinato, portanto, não é uma simples eliminação de um obstáculo, mas um ato que carrega implicações mais profundas para Sauron.
Além disso, Vickers aponta que as palavras finais de Celebrimbor são cruciais para desencadear essa explosão emocional. O Elfo sugere que Sauron, mesmo sendo o arquiteto por trás da criação dos anéis, tornou-se um escravo dessas próprias criações. Essa afirmação atinge Sauron em um ponto sensível, pois ele sempre foi obcecado pelo controle — tanto sobre si mesmo quanto sobre o mundo ao seu redor. A ideia de estar preso por suas próprias ambições é algo que desestabiliza o vilão, levando-o a um raro momento de perda de controle. Vickers descreveu a cena como “incomum” para Sauron, algo que o próprio ator não esperava quando a filmou, mas que acabou sendo um ponto de virada emocional significativo.
Essa vulnerabilidade revelada em Sauron marca uma mudança importante em sua caracterização dentro da série. Nas adaptações anteriores da obra de J.R.R. Tolkien, especialmente na trilogia de filmes de Peter Jackson, Sauron é retratado como uma presença quase desumanizada, um símbolo de mal puro e inquestionável. No entanto, em Os Anéis de Poder, a série opta por explorar uma versão mais complexa do vilão. O Sauron de Charlie Vickers não é apenas um ser maligno em busca de poder absoluto; ele também é uma figura marcada por falhas emocionais, desejos contraditórios e momentos de introspecção. Sua reação à morte de Celebrimbor é um reflexo dessa complexidade.
O impacto dessa cena também reverbera em relação ao futuro da série. Embora ainda não haja confirmação oficial sobre a terceira temporada de Os Anéis de Poder, espera-se que a continuação da jornada de Sauron aprofunde sua luta interna por controle. Com a trama se aproximando da criação do Um Anel — um marco central na história da Terra-média —, o dilema emocional de Sauron e sua busca por domínio total prometem ser elementos cruciais na narrativa.
Além disso, a cena destaca a fragilidade de Sauron como um personagem que, embora poderoso, é suscetível a suas próprias emoções e falhas. Celebrimbor, mesmo em sua derrota e morte, consegue atingir Sauron de uma maneira que poucos o fizeram antes. Sua provocação final, que sugere que o vilão se tornou prisioneiro de sua própria criação, parece abalar profundamente o autocontrole de Sauron, um traço que sempre foi uma característica definidora de sua personalidade. Esse momento de fraqueza pode ser visto como um prenúncio de futuras explorações da psique de Sauron na série, revelando que, por mais temido que ele seja, até mesmo ele está sujeito às limitações emocionais e aos conflitos internos que o tornam uma figura mais humana e tridimensional.
No contexto mais amplo de Os Anéis de Poder, essa humanização de Sauron contribui para uma abordagem mais rica e matizada do vilão, desafiando a visão tradicional de mal absoluto associada a ele. A série parece empenhada em apresentar um retrato multifacetado do personagem, onde suas motivações e reações vão além de simples vilania. Com isso, Os Anéis de Poder se posiciona para continuar a explorar os dilemas internos de Sauron nas temporadas futuras, transformando-o em um dos antagonistas mais intrigantes da televisão atual.
Se passando milhares de anos antes dos eventos de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, a série ocorre durante o período conhecido como a Segunda Era da Terra Média, mostrando a ascensão de Sauron ao poder e a criação dos Anéis do Poder. A produção foi criada por J. D. Payne e Patrick McKay com base na obra de J. R. R. Tolkien.
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