A Capcom é uma empresa que apostou muito mais no seguro nos últimos anos do que em jogos diferentões, e Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um jogo que vem para mudar, ao menos um pouco isso. Com uma proposta de jogo que mistura ação em terceira pessoa e estratégia em tempo real, será que ele tem o que é necessário para se destacar?
Em Kunitsu-Gami: Path of the Goddess, você controla Soh, um espadachim cuja missão é proteger a dozela Yoshiro enquanto ela purifica a montanha Kafuku, que acabou sendo contaminada pelo depravamento e corrupção.
O jogo é dividido em duas partes basicamente. No dia, você deve explorar os cenários que compõem as bases, enquanto expurga maldições e liberta aldeões amaldiçoados que serão recrutados e trabalharão para você.
Esses aldeões podem receber classes diferentes, que vão sendo desbloqueadas conforme você avança no jogo, usando uma moeda que também pode ser gasta para traçar o caminho que Yoshiro deve fazer até os portões das maldições que devem ser purificados.
No começo do jogo, você tem apenas uma quantidade reduzida de aldeões, e pode colocar neles apenas a classe de lenhador, mas conforme você avança pelas fases, novas classes vão sendo desbloqueados, e você ganha acesso a arqueiros, ladrões, lutadores de sumô e assim por diante.
Quando a noite chega, você deve proteger Yoshiro das maldições, que começam a aparecer por um ou mais portões do cenário, usando tanto Soh quanto os aldeões que você recrutou. O posicionamento correto deles é fundamental, ainda mais conforme o jogo vai oferecendo desafios cada vez mais complexos, já que no começo do jogo ele é bem simples, mas conforme as fases vão avançando, cada vez mais inimigos diferentes e podersos vão surgindo.
Além dos aldeões e de Soh, você ainda pode encontrar pelas fases diversas estruturas como redes que prendem maldições por um tempo e plataformas para os seus arquieiros, além de armadilhas que podem ser consertadas pelo carpinteiro do seu grupo.
Ao final de cada fase, você libera uma base no mapa, que pode ser consertada pelos aldeões dessa fase conforme você passa de outras fases do jogo. Consertar essas estruturas te dão itens como talismãs que desbloqueiam pequenas melhorias de habilidade para Soh, para Yoshiro ou para os aldeões e também habilidades especiais para Soh, como um golpe poderoso, melhoria de habilidade para os aldeões e assim por diante.
Aqui, você precisa jogar fases novas ou rejogar as fases antigas para avançar nesses reparos, então caso você empaque num chefe, por exemplo, e esteja precisando de experiência para melhorar os seus soldados de alguma classe em específico com os pontos disponíveis (que podem ser reutilizados da forma como você quiser pra testar estratégias diferentes), você provavelmente vai acabar fazendo alguma espécie de grind, mas é bem legal esse lado light de administrador onde você vai recuperando as bases aos poucos.
Além das fases normais, você enfrenta chefes especiais entre algumas fases, que são maldições grandes e específicas que requerem estratégia para você vencer. Inicialmente eles são bem tranquilos, como você ter que usar apenas arqueiros para vencer um adversário que fica voando, e fazê-los atingir esse inimigo até ele cair no chão e você poder contribuir com a pancadaria, mas, novamente, à medida em que você vai derrotando os chefes, os desafios vão ficando realmente complexos.
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess também aproveita para soltar umas bolas curvas de vez em quando nas fases, mudando um pouco a perspectiva da combinação de gêneros e te forçando a usar apenas os seus aldeões para expurgar as maldições, te transformando num comandante de tropas que fica vaondo como um fantasma pelo mapa enquanto não pode contriburi com eles para vencer os adversários.
Para ser sincero, eu me diverti bem mais com o jogo do que eu esperava. Apesar do jogo não ter um combate complexo, esse está longe de ser o foco dele. Na verdade, a ideia é você até conseguir vencer muitos adversários com a sua espada e combos, mas construir uma formação de defesa e de ataque onde a maior parte dos inimigos que você derrotar será de forma automatizada pelos seus soldados recrutados, o que acaba sendo bem legal e uma fuga da mesmice dos jogos atuais.
Graficamente, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um jogo cheio de estilo, usando visuais emprestados do folclore japonês dos Yokai, semelhante a Ghostwire: Tokyo. Além disso, todos os personagens executam aqueles passos da dança Kagura enquanto expurgam os demônios, algo que ficou bem legal durante o combate.
No Xbox Series S, console onde eu testei o jogo, apesar das texturas do chão ficarem em baixa resolução, no geral o jogo tem gráficos dentro do esperado para um título menor. A ação é rápida o suficiente e eu não encontrei nenhum problema de performance mesmo quando tinha um monte de inimigos na tela e eu girava a minha espada freneticamente.
A trilha sonora do jogo também é boa e tocada com instrumentos característicos do Japão, e o jogo tem uma leve dublagem que pode ser tanto em inglês quanto em japonês, mas também possui legendas em português para quem não entende nenhum desses dois idiomas conseguir ficar por dentro de tudo.
Mas e aí, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess vale a pena?
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess reúne muito bem uma mistura entre estratégia e ação em terceira pessoa, e é o tipo de jogo ideal pra quem está querendo fugir da mesmice dos títulos grandes atuais. Se você gosta de folclore japonês então, melhor ainda, pois o jogo traz todo o estilo visual dos yokai e músicas tradicionais, sendo um ótimo jogo para quem procura algum desses elementos.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox Series S fornecida pela publisher. Jogo disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series.
Resumo para os preguiçosos
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess combina habilmente estratégia e ação em terceira pessoa, sendo uma excelente escolha para quem deseja escapar da mesmice dos grandes títulos atuais. Se você aprecia folclore japonês, este jogo é ainda mais imperdível, pois oferece um estilo visual autêntico com yokai e trilhas sonoras tradicionais, tornando-se uma ótima opção para aqueles que buscam esses elementos.
Prós
- Boa mistura entre estratégia e ação
- Desafio progressivo que força o jogador a pensar para resolver os problemas
- Bons visuais e trilha sonora
- Bom sistema de reparo de bases
Contras
- Alguns momentos meio parados nos combates
- As vezes você vai empacar e precisar jogar a mesma fase várias vezes para melhorar seus aldeões