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The Evil Within – Review

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22 de março de 1996 foi um dia que mudou a indústria de games para sempre. Nesse dia, Resident Evil foi lançado e uma legião de pessoas foi conquistada pela combinação de ação, terror e um clima aterrorizante. Muita coisa se passou após isso, e seu criador, Shinji Mikami, deixou a Capcom para perseguir novos desafios. Hoje, nós vemos o primeiro deles, The Evil Within, que é um jogo com toda cara do Mikami. Tanto pro bem quanto pro mal.

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The Evil Within não perde tempo, o jogo começa te atirando em um hospital psiquiátrico onde um suposto assassinato em massa aconteceu. E aconteceu mesmo, porque você entra e tem cabeça rolando por tudo que é canto, sangue, tripas e afins. Logo em seguida, você dá de cara com aquela cena que foi divulgada no trailer da E3 do jogo, onde o cara da serra elétrica te persegue e você tem que se esconder dele, dando a impressão de que esse será um jogo que, diferente de criações anteriores de Mikami, você será o rato, e não o gato, mas essa impressão infelizmente é passageira.

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O que acontece em seguida é uma série de alternâncias entre partes tensas do jogo, onde escuridão e som ajudam a criar um clima, de fato, assustador, e partes de ação, onde você não tem outra opção a não ser meter bala no que aparecer pela frente. E é aqui onde o jogo fracassa. O sistema de combate de The Evil Within é cheio de problemas, que acabam tornando um jogo que já é difícil em algo com partes completamente ridículas e injustas.

Eu realmente não sou o melhor atirador do mundo, mas pense no seguinte: o jogo te força a carregar poucas, bem poucas, balas por aí. Fosse apenas isso, tudo bem, afinal estamos num Survival Horror e isso é tradicional do gênero, mas não, The Evil Within é um jogo cheio de momentos ridículos, onde você atira no meio da cara do inimigo e… erra! Isso mesmo, o jogo te faz desperdiçar algo em torno de 20 a 30% dos seus tiros por simplesmente não detectar as caixas de colisão das balas nos inimigos.

O pior é que as dicas de como preservar munição do jogo acabam sendo uma furada. O jogo te sugere atirar nas pernas dos inimigos para que eles caiam. Feito isso, você pode riscar um fósforo e queimar o inimigo deitado (o que me faz eu me perguntar por que ele não risca o palito de fósforo e joga no inimigo em pé, já que ele pega fogo como se tivesse tomado banho de querosene) e o monstro morre. Só que acertar um tiro no pé do inimigo de longe é algo que vai te fazer gastar várias balas, porque as malditas teimam em não acertar as pernas dos monstros.

Pior, se você tenta atirar neles de perto, há riscos de você ser agarrado por eles, o que é um ataque não tem como defender (se ele te agarrou, não importa que você esteja com um machado chegando na testa dele, ele vai te morder, esfaquear ou seja lá o que o inimigo quer fazer com você), resultado em preciosos pontos de vida perdidos. No fim das contas, o que era para ser uma parte divertida do jogo acaba tornando todo combate num suspiro, fazendo você pensar “puta merda, lá vem mais 20 inimigos e eu aqui com 2 balas”. O jogo até te dá a opção de matar os inimigos por trás com umas mecânicas de stealth no melhor estilo The Last of Us, mas nem sempre elas funcionam e às vezes os inimigos têm um sentido aranha louco que faz que eles se virem bem na hora que você vai pega-los e aí, meu amigo, o agarrado é você.

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Como armas, você pode usar algumas armas tradicionais como uma pistola, uma shotgun e um rifle sniper e outras não tão tradicionais assim, como uma besta ou tochas e machados espalhados por aí. Esses dois últimos estragam em um ataque, ou seja, você ganha um “free kill” toda vez que consegue pegar um desses por aí. Eles até ajudam a poupar munição, mas eu realmente não consigo entender como o personagem principal do jogo não pega uma porcaria dum martelo gigante que eu vi jogado em mais de 10 cenários diferentes pra rachar a cabeça dos inimigos no meio quando ele está com exatas zero balas no revolver dele.

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Das armas citadas acima, a Besta é uma das mais interessantes pelo fato de você poder criar virotes (as flechas da besta) para ela que possuem diferentes características, como explodir (tipo as flechas do Rambo em Rambo II), pegar fogo, envenenar inimigos, explodir e deixar todo mundo cego e por aí vai. Nem sempre isso vai ser útil, já que as explosões também tiram vida de você, mas volta e meia quebra um galho.

Além disso, você ainda tem um ataque corpo a corpo que serve para absolutamente nada. Para matar um inimigo, você precisa dar uns 10 ou 15 socos nele. Com quantos socos do inimigo você morre? Uns 4 ou 5, às vezes menos. Sim, o sistema de combate não é nada justo com o jogador. Ao invés de você morrer por sua culpa, por não ter agido de forma inteligente, você morre muitas e muitas vezes porque o jogo foi mal programado nesse sentido. É possível que a Bethesda conserte isso no futuro (seria muito legal da parte deles entregarem um jogo que possa ser jogado e que seja difícil só por ser difícil e não por causa das mancadas técnicas deles), mas no momento o sistema de combate mais atrapalha do que qualquer coisa. Só para fazer uma comparação rápida, na versão e PC ao menos, ele mostra tudo o que poderia dar de errado com o combate de The Last of Us (que apresenta mecânicas bastante semelhantes) e estragar uma boa parte do jogo.

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Além do combate, o jogo ainda oferece alguns desafios diferentes, como quebras cabeça que vão desde salas inteiras a desafios pontuais ou ainda armadilhas. Essas armadilhas costumam ser linhas que estão ligadas na dinamite e que explodem a menos que você as desative ou ainda são dum tipo de relógio onde você deve apertar o botão na hora certa para que ela não exploda na sua cara. Dica: aperte sempre antes dele chegar na área certa, pois o jogo tem um certo delay entre o seu aperto de botão e o reconhecimento do comando. Eu perdi várias cabeças pra aprender isso da pior forma.

Outro problema do jogo é que há bem poucos lugares onde você pode salvar, e você tem que estar atento para encontra-los, caso contrário você é forçado a jogar até o fim do capítulo (algo que pode demorar até duas horas) para entrar na tela de save. Muitas vezes você vai acabar perdendo a entrada pra sala de save e, caso morra, vai ter que refazer algumas partes grandes e chatas.

Mas vamos falar de coisa boa? Os monstros presentes em The Evil Within são bem interessantes. Eles são baseados em filmes de terror asiáticos e vão desde os clássicos “caras loucos que querem estourar a sua cabeça numa pedra” a uma mulher encapetada que parece mais a Samara do chamado. Há uma boa variação de inimigos para quebrar um pouco o desafio. É uma pena o sistema de combate não ajudar muito, mas pelo menos o jogo tenta te oferecer desafios diferentes pra variar um pouco a ação nas mais de 15 horas de jogo.

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Mas e a história? Bom, a história de The Evil Within lembra um pouco partes da história de Resident Evil 4: um culto está acolhendo pessoas doentes, com peste e para morrer e elas acabam se tornando monstros/zumbis/sei lá eu o que exatamente que matam toda e qualquer pessoa que não faça parte desse grupo. Além disso, tem um cara maluco que estava internado num hospício chamado Leslie que você segue às vezes e o “núcleo polícial” do jogo, composto pelo detetive Sebastian Castellanos (personagem principal do jogo, com tanto carisma quanto uma rocha), Joseph Oda e Julie Kidman.

A história do jogo é revelada bem aos poucos, por meio de diálogos entre os personagens, de pesadelos e de documentos que você vai encontrando por aí, no melhor estilo Resident Evil 4. Ela poderia muito bem ser a história de um filme de terror asiático. Tanto pro bem quanto pro mal, mas não deve nada (e é melhor até) que alguns dos capítulos mais recentes da franquia Resident Evil.

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Graficamente, The Evil Within é muito bonito, mas oldschool. O jogo tem aquelas faixas pretas no estilo Resident Evil 4 que podem irritar alguns. Parece mais que o jogo foi feito para os esquema de monitor Ultra Wide (aqueles 2500x1080p), pois qualquer monitor convencional, seja 16:9 ou 16:10 fica com as faixas. Dá pra arrumar isso com alguns comandos no console, mas o jogo fica aproximado demais e perde parte do conteúdo exibido nas bordas.

Se você conseguir superar esse fato, dá pra ver que The Evil Within é muito bonito. Os cenários são bem feitos (apesar duma grama bugada que apareceu durante o começo da aventura) e os modelos não decepcionam. Há também uma cacetada de sangue e vísceras espalhadas por aí que ajudam a criar ainda mais aquele clima de “você é o próximo”. Uma pena o jogo vir travado em 30 frames por segundo até na versão de PC. É possível desbloquear isso com um comando no console, mas haja computador pra manter o game nesse framerate (o meu não conseguiu e eu tenho um Core i7 4790k e uma Geforce GTX 770). Felizmente, o framerate do jogo não costuma cair abaixo dos 30 frames por segundo.

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A trilha sonora do jogo é regular. Os efeitos sonoros ajudam bastante a criar o clima, mas a dublagem de Sebastian deixa um pouco a desejar às vezes. Você está com várias horas de ação e ele ainda fala uns “what is going on here?” com a naturalidade de quem está recém entrando num mundo bizarro, ao invés de estar lá há dias. Isso acaba quebrando um pouco o clima do jogo. Ah, e ele não tem legendas nem dublagem em português também.

Resumo para os preguiçosos

The Evil Within é um jogo com uma ótima proposta, mas que infelizmente acaba perdendo parte do encanto por causa de um sistema de combate que atrapalha muito mais do que ajuda. Não fosse isso, ele teria uma mistura excelente entre a ação de Resident Evil 4 e o suspense de Resident Evil 1, e certamente ganharia uma nota bem melhor, mas até que a Bethesda conserte isso, fica difícil aproveitar de fato o jogo, já que você vai passar boa parte dele morrendo por causa de momentos ridículos e desperdiçando munição em tiros que ignoram os inimigos.

Nota final

65
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Boa mescla de momentos de terror com ação
  • Belos gráficos
  • História interessante

Contras

  • Personagem principal genérico
  • Sistema de combate horroroso
  • Sem legendas ou dublagem em português
  • Bugs atrapalham bastante a imersão (pelo menos na versão de PC)
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.