PARANORMASIGHT: The Seven Mysteries of Honjo vale a pena? Análise – Review

Desenvolvido pela Square Enix, PARANORMASIGHT: The Seven Mysteries of Honjo (que vamos chamar só de Paranormasight daqui em diante) é um game bastante incomum para o catálogo da Square Enix. Conhecida principalmente pelos RPGs, aqui a desenvolvedora aposta em uma visual novel recheada de elementos de suspense e algumas doses de terror. Mas será que essa mistura vale a pena?

• Inscreva-se no nosso canal do Youtube!

No game, somos apresentados à área de Honjo, localizada próxima à cidade de Tóquio. Esse local aparentemente comum é conhecido pela lenda dos “Sete Mistérios de Honjo”, que garantem a seus portadores acesso ao “Rito da Ressureição” — uma magia desconhecida capaz de trazer uma pessoa de volta à vida, contanto que “o preço certo” seja pagado.

Nesse cenário, somos apresentados a um grupo de personagens bastante distintos, mas que têm o objetivo comum de colocar suas mãos no ritual secreto. Para isso, eles devem usar suas diferentes maldições para coletar os recursos necessários para ativar o Rito, ao mesmo tempo que têm que evitar ser vítimas de outros usuários de poderes sobrenaturais.

Embora o começo de Paranormasight seja bastante linear e acompanhe a história de um único personagem, que nos apresenta às mecânicas principais do game, ele logo fica mais interessante e passa a apresentar diversas histórias interconectadas. Através de um hub, o jogador pode visitar as cenas disponíveis na ordem que desejar, sendo obrigado a acompanhar aos poucos as narrativas de cada um dos protagonistas.

Nesse sentido, ajuda muito o fato de que o game consegue estabelecer logo de cara personagens com motivações e características bastante interessantes. Podemos seguir desde a história de uma dona de casa rancorosa com a morte de seu filho até a trama de uma jovem do ensino médio que não lida bem com o suposto suicídio de uma amiga próxima.

Por outro lado, também acompanhamos os esforços de um detetive para coletar os Sete Mistérios de Honjo e evitar que eles sejam usados para matar pessoas. Todas essas linhas narrativas acabam se interconectando de forma interessante, e o que você aprende em uma acaba sendo bastante importante nas demais.

Como uma boa visual novel, Paranormasight é sustentado principalmente pelas longas conversas que o jogador vai ter com o elenco de coadjuvantes e antagonistas. As interações disponíveis envolvem fazer perguntas sobre temas diferentes, ver os pensamentos do personagem controlado e observar o ambiente que dá palco para a cena que está acontecendo.

Em alguns momentos, também é possível interagir com alguns itens, que nem sempre estão disponíveis. Embora geralmente para passar de uma cena para outra basta esgotar as opções disponíveis, as mais interessantes delas envolvem entender o comportamento de seu interlocutor e saber quais são as opções mais apropriadas para prosseguir.

As interações podem ficar especialmente tensas quando temos que lidar com um detentor de uma das maldições relacionadas ao passado de Honjo. Nesses momentos, é preciso ficar bastante atento às características de cada uma delas para saber como responder corretamente — algo que muitas vezes só acontece quando você acaba morrendo.

Paranormasight não é um game que deseja que o jogador falhe, sempre dando a oportunidade de voltar imediatamente à cena que provocou uma morte ou o fim prematuro de um diálogo. Nesses casos, não basta simplesmente escolher opções diferentes para sair vivo — é preciso realmente pensar no que é preciso ser feito, e o game não vai dar muitas dicas disso.

Confesso que, em alguns momentos, acabei ficando um tanto travado no game, quase chegando a desistir dele. No entanto, com alguma insistência e um jeito diferente de pensar (e algumas dicas de vez em quando), consegui avançar e perceber o quanto alguns dos desafios mais complexos do game podem ser vencidos com um pouco de observação e certa dose de criatividade.

Sem entrar em spoilers, vou me ater a afirmar que as soluções de Paranormasight sempre se encontram dentro do jogo, mas nem sempre estão dentro de suas opções de diálogo. Isso permite ao game fazer certas “quebras de barreira” interessantes e que o ajudam a se distanciar de outras experiências do gênero.

Embora seja vendido pela Square Enix como um jogo de “terror e aventura”, a experiência oferecida está bastante longe disso. Embora o game até tente dar alguns “jump scares”,  deixar os jogadores assustados não é sua intenção principal — mas seu roteiro consegue fazer com que fiquemos tensos pelo que vai acontecer em seguida.

Nesse sentido reside uma das principais qualidades e um dos grandes problemas do jogo. Paranormasight é um game com uma quantidade bastante generosa de diálogos e textos, que contribuem tanto para o aprofundamento de seu universo quanto para destruir boa parte de seu ritmo.

Caso você decide percorrer cada detalhe das interações dos personagens e verificar o banco de dados completo, se prepare para dedicar uma quantidade generosa de horas à leitura. Em minha experiência, isso fez do jogo uma experiência que não era exatamente recomendada para os momentos de cansaço ou para ambientes pouco iluminados.

Algo que também acaba depondo contra o jogo nesse sentido é o fato de que os textos não estão traduzidos para o português. Assim, a não ser que você tenha certo domínio dos idiomas japonês ou inglês, Paranormasight acaba sendo aquele tipo de experiência que não poderá ser aproveitada muito bem.

Mas e aí, PARANORMASIGHT: The Seven Mysteries of Honjo vale a pena?

Com uma história principal intrigante que se desenrola sob diferentes pontos de vista, PARANORMASIGHT: The Seven Mysteries of Honjo é uma visual novel bastante interessante e que consegue fugir do lugar comum. Apesar de depender muito de textos, o game também traz algumas ideias interessantes para a resolução de seus puzzles e faz questão de que o jogador esteja atento aos seus mínimos detalhes.

Mais uma história de investigação próxima de um thriller do que um jogo de terror, o game deve agradar quem procura por uma história densa e repleta de reviravoltas. Ao mesmo tempo, é bom estar preparado para enfrentar alguns diálogos cansativos com características circulares e estar com o inglês em dia, até porque o jogo não tem tradução oficial para o português.

Review elaborado com uma cópia do jogo para o Nintendo Switch fornecida pela Square Enix. O jogo também está disponível para PC (via Steam), Android e iOS.