Todo bom jogo precisa de uma pitada de humor, por mais tenso que seja, e nem que seja com um pouquinho de sarcasmo. Mas o que acontece quando um conhecido autor que tem sua carreira diretamente ligada a esse gênero resolve criar um jogo de videogame? Algo que dá muito certo ou que pode dar muito errado, e hoje nós vamos descobrir em qual dos dois casos se encaixa High on Life.
Desenvolvido pelo cocriador de Rick and Morty, High On Life coloca você enfrentando um cartel alienígena que quer usá-la como drogas. A ideia pode não fazer muito sentido a princípio, e não melhora tanto assim conforme o jogo avança, mas a ideia é que basicamente a humanidade é uma ótima matéria prima para uma droga de uma civilização intergalática que invade a terra.
Agora, cabe a você, um jovem que passa o dia todo jogando videogames e que aparentemente não tem um grande futuro, salvar o universo e descobrir que a sua vocação era nada mais nada menos do que ser um caçador de recompensas, e que vai acabar com esse Cartel interespacial uma vítima após a outra.
High on Life leva um pouquinho de tempo até apresentar a sua estrutura básica de gameplay. O jogo começa meio estranho com você conhecendo a primeira das suas armas durante essa invasão intergaláctica. Depois disso, você viaja para outro planeta e começa a encontrar o que é preciso para salvar o seu mundo para então começar a salvá-lo de fato.
Nesse meio tempo, a arma que você pega no começo do jogo vai falar e falar e falar e falar mais um pouco e simplesmente não calar a boca praticamente nunca, e esse é o primeiro grande problema do jogo. Eu não sei se os desenvolvedores têm medo do jogador ficar entediado hoje em dia ou o quê, mas chega um momento em que High on Life se torna um pouco cansativo porque as armas não param nunca de falar.
Há boas piadas, há momentos bem engraçados e palavrões que a gente não espera acontecendo, mas é tanta verborragia entre um momento e outro agradável desses que é difícil passar muito tempo jogando o jogo sem ficar zonzo, o que acaba transformando essa ideia e e a escrita de Justin Roiland em algo que perde o impacto que poderia ter durante o game.
E o pior de tudo é que o jogo não precisava fazer isso, porque o loop de gameplay de High on Life não é ruim. Está longe de ser o melhor jogo de tiro que eu já joguei na vida, mas pra ruim ele realmente não serve. Há batalhas divertidas, há momentos em que você tem que correr para não ser morto, há chefes interessantes e bons colecionáveis espalhados pelo cenário, mas tudo isso acaba perdendo um pouco do brilho que poderia ter por causa dessa fala incessante das armas.
Isso não é algo que acontece de cara, e sim algo que vai se acumulando conforme você avança no jogo. O grande problema de High on Life é que quanto mais tempo seguido você fica jogando o jogo, mais atordoado você fica pelas armas dele, então, se você for uma pessoa que joga pouco em sequência, pode até ser que isso não seja um grande problema para você, mas que acabou me incomodando de verdade.
O jogo até tem uma variação interessante de cenários e de inimigos, e quando as armas não estão tagarelando, o que acontece bem menos do que deveria, o jogo se sustenta tranquilamente e oferece um gameplay sólido que vai divertir quem quiser jogá-lo até o final.
Graficamente, High on Life é um jogo bonito, e a atualização mais recente corrigiu os problemas de performance bizarra que o jogo tinha no Xbox Series X, já que era para ele estar funcionando a 60 quadros por segundo, mas alguma coisa parecia estranha e jogo não conseguia realmente chegar a esse número.
A trilha sonora do jogo e a dublagem estão dentro do que a gente espera de um jogo desse tipo, mas aqui também fica uma reclamação:
a Squanch Games, desenvolvedora e publicadora desse jogo, não trouxe nem legendas para ele em português, deixando o público que não tem domínio do inglês de fora da festa.
Como High on Life é um jogo que se foca demais dentro das suas próprias piadas e humor que reage ao que está acontecendo na tela, quem não tem um domínio bom do idioma provavelmente vai se sentir perdido, e o problema das armas que falam demais pode ser ainda mais grave, já que no fim é só uma pistola que não cala a boca e que não fala nada com nada.
Mas e aí, High on Life vale a pena?
High on Life não é um jogo de tiro ruim, mas que acaba pecando pelo excesso de piadas e de personagens que não conseguem ficar quietos.
Eu não sei se foi falta de confiança da desenvolvedora na solidez do gameplay do jogo ou o quê, porque ele é divertido, mas a falação toda em volta do gameplay acaba prejudicando um pouco o aproveitamento do título, além dele não ter vindo com legendas em português.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox Series X.
Resumo para os preguiçosos
High on Life não é um jogo de tiro ruim, mas que acaba pecando pelo excesso de piadas e de personagens que não conseguem ficar quietos. Eu não sei se foi falta de confiança da desenvolvedora na solidez do gameplay do jogo ou o quê, porque ele é divertido, mas a falação toda em volta do gameplay acaba prejudicando um pouco o aproveitamento do título, além dele não ter vindo com legendas em português.
Prós
- Tiroteio sólido
- Belos gráficos
- Bom humor
Contras
- Os personagens não calam a boca um instante e isso cansa
- Sem legendas em português