Tactics Ogre Reborn é um jogo muito esperado pela comunidade de fãs da franquia Ogre Battle, que não ganha um jogo novo há cerca de 20 anos, se descontarmos o remake de Tactics Ogre original de PSP. Sendo este um segundo remake do mesmo jogo, nos perguntamos: será que ele justifica sua existência?
Em Tactics Ogre Reborn, você conhece a história de Denam Powell, um jovem que se junta ao movimento de libertação dos Wallister, povo ao qual ele faz parte, juntamente com Kachua, sua irmã mais velha, e Vyce, seu amigo de infância.
Os Wallister são um dos três povos que habitam a ilha de Valeria, local onde o jogo se desenvolve. Esta ilha até anos antes dos eventos do jogo era governada por um rei sábio e justo, mas a morte dele começou uma guerra civil onde os Wallister acabaram sendo oprimidos pelo povo dos Galgastani. Além destes, o continente ainda conta com os Bacram, que são os nobres da antiga casa do rei que faleceu e que contam com as tropas dos Cavaleiros Negros de Lodis para os auxiliar a manterem-se no poder.
No começo do jogo, Denam e seus companheiros recebem ajuda dos Cavaleiros de Xenobia, um continente que havia se libertado anos atrás, e acabam libertado o Duke dos Wallister para assim começar o movimento de libertação do seu povo e sonhar com um mundo onde os seus possam existir em paz.
Lentamente, entretanto, a realidade começa a revelar-se para Denam, e ele descobre que a guerra é muito mais complexa do que um lado bom e um lado mal, e ele precisa fazer escolhas duríssimas para continuar sua jornada: seus princípios ou a lealdade ao próprio povo.
Como dá para ver, a história de Tactics Ogre Reborn é um dos pontos altos do jogo. Muito diferente de um jogo de bem versus mal como estamos acostumados nos JRPG, aqui vemos um enredo onde política, religião, traições e ambições são apresentados a todo momento. Tactics Ogre Reborn conta com um elenco muito bom de personagens e uma história que está sempre pronta para surpreender o jogador.
Além da história do jogo ser complexa, vale ressaltar que ela é composta por diversos caminhos alternativos. No final de cada capítulo exceto o quarto, você é dado uma opção de seguir um caminho mais leal ou caótico, e dependendo da escolha, a história desenrola de um jeito completamente diferente. Dessa forma, terminar o jogo uma vez só não quer dizer que você viu tudo o que ele tem a oferecer. Além disso, após terminar o jogo é possível voltar nos pontos chave da história com o seu grupo atual, para continuar a campanha vendo como ela se desenrolaria de outra forma, garantindo assim um fator replay bem grande no jogo.
Neste remake, quase nenhuma modificação foi feita no enredo, que segue os mesmos pontos principais do jogo lançado originalmente no Super NES em 1995. O jogo ainda aproveita também o script da versão de PSP do jogo, que já veio com algumas alterações e uma adaptação bem melhor do que a tradução original do game.
Como o próprio nome sugere, Tactics Ogre Reborn é um JRPG Tático, ou seja, você combate inimigos num mapa e deve posicionar seus soldados para lutar contra os inimigos. Se você nunca jogou esse jogo na vida em outra oportunidade, aqui fica o aviso: ele é difícil, bem mais difícil do que os jogos tradicionais do gênero.
Apesar de Tactics Ogre já ter recebido um rebalanceamento geral no relançamento do jogo no PSP, ele ainda continuava um jogo desafiador, e isso não mudou em quase nada em Tactics Ogre Reborn. Alguns ajustes em classes foram feitos, mas no geral o que vemos aqui é que quase toda classe consegue despachar o adversário em alguns golpes, sendo que algumas classes são melhores de se usar contra outras (como arqueiros serem muito efetivos contra magos, por exemplo, ou os magos causarem uma grande quantidade de dano em cavaleiros, que por sua vez são ótimos para abater arqueiros pois mal recebem dano deles), e cabe a você montar um grupo que seja equilibrado o suficiente para enfrentar os desafios que o jogo coloca diante de você.
Outro ponto a ressaltar do sistema de combate de Tactics Ogre é que o jogo conta com permadeath, onde 3 turnos depois do seu personagem ser nocauteado, ele acaba morrendo, semelhante ao que vemos em Final Fantasy Tactics.
Nas batalhas obrigatórias, Tactics Ogre Reborn começa relativamente fácil, com o jogo te auxiliando com alguns convidados fortes e conforme o jogo avança ele vai soltando a sua mão progressivamente, até o momento em que você tem apenas os seus soldados para se virar. Um ponto legal do jogo é que ele conta com esquadrões de até 12 contra 12, o que é muito mais personagens do que a maioria dos outros jogos do gênero oferecem.
Aqui ainda vale ressaltar que há diversas batalhas muito boas durante o jogo, mas eu sinceramente achei que o jogo ainda tem algumas daquelas batalhas pegadinha onde você precisa se descabelar pra salvar algum aliado em potencial que tem inteligência artificial de ameba por se atirar contra o adversário e morrer em 2 ou 3 turnos, e também alguns chefes em especial são muito mais fortes do que os seus soldados e os soldados dele, exigindo que você mate todo o time adversário dele para depois focar-se inteiramente nele e jogar 6 ou 7 soldados seus para lutar contra ele.
Há em especial dois ou três inimigos que me fizeram suar em combates específicos, mas também é bom ressaltar que o sistema de combate de Tactics Ogre Reborn é muito divertido, e é impressionante que um jogo com quase 30 anos de idade ainda é melhor do que a maioria dos outros jogos do gênero que vieram depois dele. Mesmo com diversas mudanças em relação a esse jogo original, a essência dele permanece, e ela é incrível.
Além das batalhas obrigatórias, o jogo ainda conta com um modo de treinamento extremamente necessário para subir o nível dos seus soldados para que eles enfrentem os adversários de igual para igual. Aqui, vale ressaltar que o jogo impõe um nível máximo a cada certa quantidade de fases para o seu grupo, de modo que você não pode chegar no nível 99 contra um grupo inimigo de nível 20, por exemplo.
Essas duas mudanças são novidades em Tactics Ogre Reborn em relação ao jogo de PSP, já que nele não havia modo de treinamento (apesar desse existir na versão de SNES e PlayStation), nem limite de nível. Além disso, na versão de PSP o jogo contava com encontros aleatórios em áreas do mapa que não fossem cidades, onde você enfrentava grupos de ladrões, mercenários e assim por diante, algo que foi removido nessa versão do jogo. Respondendo a uma pergunta no Twitter, Yasumi Matsuno, diretor do jogo, disse que eles tiveram que fazer uma escolha entre um e outro, que ele até gostaria que o jogo contasse tanto com treinamento quanto com batalhas aleatórias, mas que simplesmente não tiveram recursos para tal.
Outra modificação que foi feita no jogo é o fato de que agora é bem mais fácil de recrutar uma unidade nova da metade pro fim do jogo e subir o nível dela sem precisar ficar arriscando a vida dela em batalhas mortais. Como agora você só pode subir de nível até um certo número, caso você treine por exemplo com apenas uma unidade de nível baixo, ela ganha toda a experiência do treinamento, então na maioria dos casos o seu soldado ou soldada acaba chegando no nível máximo do grupo em questão de um round de treinamento.
Além dessa modificação de qualidade de vida, vale ressaltar que a Square Enix também adicionou em Tactics Ogre a possibilidade de dar Zoom Out durante os combates, algo que não era possível no PSP nem no SNES e também mudar a perspectiva dos cenários para um plano, para ficar mais fácil de enxergar o que está acontecendo, já que é impossível rotacionar o cenário como em Final Fantasy Tactics. Outra novidade bem vinda ainda é a possibilidade de acelerar as animações dos combates, diminuindo bastante o tempo que uma luta demora.
Graficamente, Tactics Ogre é um jogo com um visual que envelheceu muito bem. Diversos retoques foram feitos nos gráficos do jogo, e a nova interface de usuário e as novas ilustrações combinaram muito bem com os gráficos já existentes do jogo. Para completar, a trilha sonora de Tactics Ogre é muito boa, e o jogo agora ganhou uma dublagem que captura bem a essência dos personagens que você vai conhecendo durante a história. Vale ressaltar que é uma pena que o jogo não venha com a opção de texto em português, e quem não entende o idioma inglês infelizmente perde um dos melhores componentes do jogo.
Mas e aí, Tactics Ogre Reborn vale a pena?
Tactics Ogre Reborn traz várias pequenas mudanças e ajustes no sistema de combate de jogo que certamente se não agradarem, vão deixar veteranos da série pelo menos curiosos com esse jogo, além de diversas melhorias de qualidade de vida que fazem esse jogo ser sim a sua melhor versão de um jogo que está quase fazendo 30 anos.
Com um enredo muito bom que poderia inclusive ser adaptado como uma dessas séries que tentam competir com Game of Thrones, personagens carismáticos e um sistema de batalha desafiador e muito divertido, Tactics Ogre Reborn tem tudo para agradar quem é fã do gênero, mesmo que já tenha jogado esse jogo em suas versões anteriores.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecido pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Tactics Ogre Reborn traz várias pequenas mudanças e ajustes no sistema de combate de jogo que certamente se não agradarem, vão deixar veteranos da série pelo menos curiosos com esse jogo, além de diversas melhorias de qualidade de vida que fazem esse jogo ser sim a sua melhor versão de um jogo que está quase fazendo 30 anos.
Com um enredo muito bom que poderia inclusive ser adaptado como uma dessas séries que tentam competir com Game of Thrones, personagens carismáticos e um sistema de batalha desafiador e muito divertido, Tactics Ogre Reborn tem tudo para agradar quem é fã do gênero, mesmo que já tenha jogado esse jogo em suas versões anteriores.
Prós
- Excelente sistema de combate
- História madura e cheia de reviravoltas
- Personagens muito carismáticos
- Boas novidades adicionadas a um jogo clássico
Contras
- Sem legendas em português