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Sea of Solitude – Review

Quem achou que os jogos só serviam para nos transformar em super-heróis, grandes esportistas ou um grande soldado em meio de uma enorme guerra, está completamente enganado. Podemos sim viajar nestes mundos e fantasiar, mas os jogos também são capazes de nos fazer refletir sobre diversos aspectos de nossas vidas.

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Sea of Solitude vem com essa proposta, de nos fazer refletir sobre algumas questões de nosso cotidiano e, quem sabe, nos fazer pensar de uma forma diferente e mudar algumas coisas em nossas vidas, e duas dessas questões são a solidão e a depressão, mas será que ele consegue cumprir seu papel?

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Sea of Solitude nos coloca no controle de Kay, uma garota de 19 a 21 anos em meio à uma cidade fictícia completamente alagada e sem fazer a menor ideia do que está acontecendo. Apesar de não sabermos o que estamos fazendo em meio de uma enorme enchente, logo começamos a entender do que o game se trata.

Passamos grande parte do jogo em nosso pequeno barco e saltando de telhado em telhado enquanto fazemos de tudo para não cair no mar e para não sermos engolidos pelo enorme mostro que nos ronda o tempo inteiro. Logo passamos a entender que tudo se passa dentro da cabeça da própria Kay enquanto ela tenta encontrar uma saída para aquele pesadelo íntimo e pessoal.

Mas não vá pensando que o monstro é irracional, muito pelo contrário, ele conhece Kay como ninguém e muitas vezes a ofende e diz coisas horríveis à ela, além de se transformar como bem entender. Caso você não saiba para onde deve ir, Kay é capaz de usar um pequeno “sinalizador” que emite uma luz branca de sua mão e que lhe mostra o caminho, sendo uma simples e tímida referência que ainda há luz até mesmo em meio a escuridão e que essa luz pode te indicar uma saída.

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Enquanto jogamos, podemos encontrar pequenas gaivotas que podem ser espantadas e que nos mostram para onde devemos ir. Além disso, o jogo também esconde algumas garrafas com mensagens dentro delas, nos contando tudo o que se passa dentro da cabeça de Kay e esse é um detalhe bem interessante. O jogo também conta com um ciclo de luz/escuridão que é muito bem aplicado e me deixou intrigado para saber como que a equipe de desenvolvimento conseguiu fazer essa transição tão suave mas ao mesmo tempo tão evidente.

A atenção nos detalhes não passa despercebida e pude notar que em muitos momentos Kay sente medo do ambiente em que ela se encontra. Em alguns momentos, devemos pular no mar enquanto o monstro nos cerca e é clara a reação de medo da garota. Em outros, podemos ver Kay se assustando com os trovões e relâmpagos em meio de uma tempestade e esse é um detalhe que eu sempre adoro ver nos jogos, pois demonstra o quão focada a equipe estava em trazer a sensação de vida para seus personagens.

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O trabalho de dublagem também é muito bom, fugindo do tradicional inglês americano para o inglês britânico. Infelizmente o jogo não conta com legendas em português e pode ser um desafio para quem não tem o domínio da língua inglesa.

Voltando para a história, Sea of Solitude aborda temas de medo, solidão, traição e até mesmo bullying e mostra que os monstros podem estar dentro de nós mesmos sem sequer percebermos. O principal “vilão” parece ser a própria Kay, mas não porque ela deseja fazer mal a alguém, mas sim porque algumas decisões que ela tomou ou deixou de tomar pode afetar aqueles ao seu redor, até mesmo sua família e namorado.

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Com o desenrolar da história, Kay começa a entender o que está acontecendo ao seu redor e que muitos dos monstros apresentados e inclusive ela, são frutos de más decisões do passado. Kay, então, parte em busca de redenção com aqueles que ela magoou sem saber. Ao invés de tentar mudar o passado, o jogo nos força a encarar as consequências e o que passou passou, e nos resta apenas seguir adiante e tentar não cometer os mesmos erros.

Isso também serve para fazer com que Kay continue seguindo sua jornada e é uma boa mascarada na linearidade do jogo que, apesar de ter um grande mundo para ser explorado, não existe nenhum tipo de sidequest ou algo muito interessante a se fazer a não ser continuar seguindo com a história.

Apesar de ser um jogo curto e que pode ser completado em cerca de 4 horas ou um pouco mais, Sea of Solitude é um grande título produzido pelo estúdio alemão Jo-Mei Games e publicado pela EA e que nos faz olhar a vida com outros olhos, fazendo com que paremos de olhar para nosso próprio umbigo e comecemos a pensar mais naqueles que estão ao nosso redor e no sofrimento que podemos causar a eles e até nós mesmos, afinal, todo mundo acaba sofrendo junto.

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Review elaborado com uma cópia para PlayStation 4 fornecida pela Eletronic Arts.

Resumo para os preguiçosos

Sea of Solitude vem com a proposta de nos fazer refletir sobre algumas questões de nosso cotidiano como depressão, medo, rejeição e até mesmo bullying. Usando de mecânicas simples e gráficos cartunescos muito bem trabalhados, o jogo nos leva em uma saga de redenção que nos faz parar de olhar para o próprio umbigo e começar a nos importar mais com aqueles ao nosso redor.

A história pode ser concluída em cerca de 4 a 6 horas, mas não pense que ele tem um ritmo acelerado e uma história superficial. Muito pelo contrário, Sea of Solitude conta com uma boa narrativa e a dublagem é impecável, fugindo do tradicional inglês americano para o inglês britânico. Infelizmente o jogo não conta com legendas em português, mas isso não tira sua magia.

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Sea of Solitude não é um jogo feito para passar uma grande lição de moral e como salvar o mundo, mas passa uma mensagem para repensarmos algumas de nossas atitudes e mostra que, às vezes, os monstros podem ser nós mesmos.

Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Bom trabalho de dublagem
  • Transição entre luz e trevas impressionante
  • Enredo
  • Gráficos
  • Puzzles

Contras

  • Não possui legendas em português
  • Relativamente curto, durando cerca de 4 a 6 horas
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Willian Oliveira
Willian Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Will, Bill, Willian, o nosso querido colaborador é conhecido de várias formas dentro do site. Bill escreve principalmente notícias de games e é um Sonysta declarado, mas nosso Sonysta oficial continua sendo o Leo, apesar de o Bill ser o mini-Leo, salvo pela falta de massa encefálica.