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7ª temporada de Black Mirror está enganando os fãs com diferentes versões do episódio Bête Noire

7ª temporada de Black Mirror está enganando os fãs com diferentes versões do episódio Bête Noire

A sétima temporada de Black Mirror mal estreou e já está deixando os fãs intrigados com um experimento narrativo ousado. O segundo episódio, intitulado Bête Noire, está sendo transmitido em diferentes versões para os assinantes da Netflix, criando uma experiência tão desconcertante quanto a própria trama da série.

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No centro do episódio está Maria (Siena Kelly), uma pesquisadora de alimentos que vê sua realidade começar a se fragmentar após o reencontro com uma antiga colega de escola, Verity (Rosy McEwen). O que começa com pequenos desentendimentos — como a lembrança do nome de uma rede de fast food — logo evolui para questionamentos mais profundos sobre a natureza da realidade e da sanidade.

“Barnies” ou “Bernies”? O mistério começa

Uma das primeiras cenas marcantes mostra Maria discutindo com colegas sobre o nome do restaurante onde seu namorado trabalhou. Segundo ela, o local se chamava “Barnies”, mas os demais insistem que o nome correto é “Bernies”. A busca no Google confirma que eles estão certos, e até o boné do namorado parece refletir essa nova realidade. A confusão é tamanha que a própria Maria começa a duvidar de sua memória.

No entanto, o que parecia apenas um enredo elaborado se transforma em algo ainda mais complexo quando os próprios espectadores percebem que assistiram a versões diferentes da mesma cena. Alguns relatam que viram o boné com “Barnies” no início do episódio, enquanto outros garantem que sempre leram “Bernies”. A internet foi inundada com comparações de capturas de tela e relatos de amigos que assistiram simultaneamente a episódios com detalhes divergentes.

O espectador como parte do experimento

Não é a primeira vez que Black Mirror brinca com as percepções do público. Em 2018, a série lançou Bandersnatch, um filme interativo com múltiplos finais baseados nas escolhas do espectador. Mas Bête Noire vai além: em vez de oferecer escolhas conscientes, a série manipula silenciosamente a experiência, criando uma sensação de desorientação que ecoa o enredo do próprio episódio.

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A tática lembra o fenômeno conhecido como “Efeito Mandela”, quando um grande grupo de pessoas compartilha uma lembrança errada de um fato ou acontecimento. Ao aplicar essa lógica à própria exibição do conteúdo, Black Mirror insere o público diretamente na narrativa, fazendo com que todos se sintam, assim como Maria, vítimas de uma realidade instável e moldável.

Uma trama que imita a vida — e vice-versa

Ao longo do episódio, Maria começa a notar alterações sutis e perturbadoras: um e-mail escrito por ela aparece com outro conteúdo, a marca do leite vegetal muda, e até sua alergia a nozes é questionada por registros de vídeo que contradizem sua memória. No fim, descobre-se que Verity está manipulando a realidade com um dispositivo tecnológico capaz de transportar pessoas para universos alternativos.

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A genialidade de Bête Noire está justamente na forma como o roteiro e a distribuição do episódio se fundem. Ao lançar versões diferentes do mesmo conteúdo para o público, a produção replicou o mesmo tipo de gaslighting que Verity impõe a Maria — confundindo, desorientando e mergulhando o espectador em uma experiência angustiantemente real.

E agora? Perguntas sem resposta

Até o momento, a Netflix e o criador Charlie Brooker não se pronunciaram oficialmente sobre a existência das múltiplas versões. A plataforma chegou a publicar no X (antigo Twitter) a palavra “bernies”, ao que o perfil oficial da série respondeu com “barnies” — alimentando ainda mais a confusão.

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A estratégia tem levantado diversas questões: quantas versões do episódio realmente existem? Como a plataforma decide qual versão exibir para cada usuário? Existem outros momentos do episódio em que as mudanças ocorrem sem que tenhamos percebido?

Enquanto essas respostas não vêm, o episódio se consolida como um dos mais engenhosos e provocativos da temporada, mantendo viva a essência inquietante que tornou Black Mirror um fenômeno da ficção especulativa.

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Confira também:

Black Mirror é uma série de televisão britânica antológica de ficção científica criada por Charlie Brooker e centrada em temas obscuros e satíricos que examinam a sociedade moderna, particularmente a respeito das consequências imprevistas das novas tecnologias.

A série está disponível na Netflix.

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