[o Raphael Carvalho criou essa lista bem legal com jogos dos anos 90 para PC que o pessoal mais veterano do site provavelmente jogou nas revistas que vinham com CD-Rom cheios de jogos Shareware. Tem alguma ideia legal de postagem e quer vê-la aqui no Critical Hits? Mande um email para nós com ela então!]
Ah, os anos 90. Logo vêm lembranças insólitas como Collor, a morte de Ayrton Senna ou a dança da garrafa. Mas também havia coisas boas, como o tetra do Brasil e a chegada da internet ao país. Antes da internet, aliás, computadores serviam principalmente para uma atividade: jogar. Neste artigo vamos relembrar algumas pérolas da jogatina virtual, no tempo em que não existiam Save States nem Cheat Codes para vidas infinitas. Digite WIN, aperte Enter e boa viagem!
10. Billy The Kid Returns (1993 – Alive Software)
Você provavelmente imaginou a clássica música tema (em MIDI) ao ler o título. Billy the Kid Returns reconta a estória do herói fora-da-lei americano Billy the Kid, desde a sua fuga da prisão, passando pelo deserto, enfrentando a gangue do Sombrero Jack, até a sua morte pelas mãos do xerife Pat Garrett. Algumas fases traziam perspectiva aérea e outras tinham visão de plataforma. Billy podia andar reto, diagonal, atirar com uma pistola ou duas, e pular (até mesmo para desviar dos projéteis dos inimigos).
O jogo era shareware, e vinha apenas com os três primeiros capítulos, mas era uma boa diversão mesmo assim.
9. Dangerous Dave in the Haunted Mansion (1991- Softdisk)
Esta sequência de Dangerous Dave (1988) traz de volta o herói Dave com sua espingarda em uma missão de resgate: seu irmão Delbert se perdeu em uma mansão cheia de monstros (que diabos o cara foi fazer lá?…). Pelo caminho, Dave coleciona os diamantes e ganha vidas (Daves) extras após atingir uma certa pontuação. A progressão entre os níveis se dá ao atravessar uma porta. O game não tinha save slots nem mesmo passwords – era necessário paciência, contenção urinária, coordenação motora e café, muito café, para jogá-lo até o final.
De acordo com seu criador, o designer e programador John Romero, o game foi a melhor de todas as sequências de Dangerous Dave. Em 2008 ganhou até uma versão para celulares, feita em Java.
8. Tomb Raider (1996 – Core DESIGN/Eidos Interactive)
Arqueologia nunca foi uma matéria tão gostosa! No papel da arqueóloga Lara Croft, o jogador tinha a missão de percorrer labirintos, cavernas e sítios históricos à procura dos três pedaços que formam o artefato conhecido com Scion. O objeto mítico tem conexões com ruínas peruanas, templos egípcios e a cidade perdida de Atlântida, e guarda um poder que pode mudar o destino do mundo se cair em mãos erradas.
Como o jogo era em terceira pessoa (chase-cam), a protagonista dispõe de uma ampla variedade de movimentos, incluindo escaladas e cambalhotas. O game exerceu grande impacto ao trazer uma heroína mulher – a mais aclamada desde Samus Aran, da série Metroid. A franquia continua bem sucedida até hoje, com várias sequências para diversas plataformas, e rendeu até duas adaptações cinematográficas, com a gatíssima Angelina Jolie no papel principal.
7. Diablo (1996 – Bilzzard)
Notório game de RPG/Ação, Diablo coloca o jogador na pele de um herói solitário (sem nome) que deve percorrer 16 catacumbas até descer ao próprio inferno para eliminar Diablo, o Senhor do Terror, que está assolando a pequena cidade de Tristram. Havia três classes de personagens para escolher: Guerreiro, especialista em combate corpo-a-corpo; Rebelde, especialista em armadilhas e ataques a distância; e Mago, especialista em magia.
O jogo tinha perspectiva isométrica e cenários elaborados, que remontam à Europa medieval e aos antigos templos dos astecas. Diablo também tinha um modo multijogador online para partidas com até quatro jogadores simultâneos. À época, não havia controle contra cheats, de modo que muitos jogadores fortaleciam “ilegalmente” seus personagems, ocasionando batalhas épicas que normalmente seriam impossíveis.
6. Xatax (1994 – Pixel Painters)
Algumas vezes a simplicidade é extraordinária aos nossos olhos. Essa era a premissa de Xatax, com seus efeitos sonoros em MIDI e gráficos simpáticos e coloridos. No século XXV, depois de uma era de paz e segurança, uma força alienígena chamada Xatax ameaça destruir a raça humana, completamente desarmada. Xatax devora tudo que vê pela frente e deixa apenas um rastro de destruição, assimilando todos os seres vivos que consome. Uma antiga nave de combate é restaurada e enviada para combater Xatax. E o piloto é você.
O game tinha 3 episódios com 8 níveis cada, mas apenas o primeiro aparecia na versão shareware. Havia também um sistema de gravação por senha: o usuário anotava um código super complicado, que lhe permitiria retomar o jogo no nível em que parou, com todas as armas, vidas extras e pontos acumulados até então. O grande truque era mexer a nave freneticamente na vertical e martelar a tecla Ctrl (tiro), para não perder nenhum oponente e marcar o máximo de pontos possíveis.
5. Wolfenstein 3D (1992 – idSoftware)
Este título é uma adaptação do antigo Wolfenstein, lançado na década de 1980, para uma nova dimensão – literalmente. Aqui, o jogador assume o papel do espião aliado da Segunda Guerra William “B.J.” Blazkowicz, que deve fugir da prisão nazista de Castle of Wolfenstein. Depois da fuga, Blazkowicz deve executar uma série de ofensivas contra os nazistas. Existiam 3 episódios com 10 níveis cada, sendo que apenas o primeiro estava disponível na versão shareware.
A adaptação de um jogo de espionagem 2D para um jogo de tiro 3D foi bem recebida pelo público e pela crítica. Wolfenstein 3D ajudou a popularizar o então nascente gênero de tiro em primeira pessoa. Enquanto o original dava ênfase à discrição, na adaptação a prioridade era correr e atirar em tudo que se mexe. Os programadores John Romero e Tom Hall conseguiram até incluir algumas passagens secretas em paredes.
O game chegou a ser proibido na Alemanha em 1994 pelo uso de imagens e símbolos nazistas. Na versão para Super Nintendo, Adolf Hitler teve o nome trocado para Statmeisster e o sangue dos inimigos foi tingido de verde.
4. Doom (1993 – idSoftware)
Lembra-se de que falei sobre John Romero mais acima? Doom também é obra dele! Um dos títulos precursores do estilo tiro em primeira pessoa, Doom é tão popular quanto controverso, devido à alta quantidade de sangue e violência. O herói é um fuzileiro naval deportado para Marte por desobediência. Lá, um experimento de teletransporte dá errado e o soldado enfrenta uma invasão de criaturas do inferno.
Doom foi o primeiro jogo a desencadear um sem-número de módulos customizados (mods) feitos pelos fãs – vários deles apenas para fazer graça. À época, vários provedores de internet sofriam quedas e lentidão no tráfego de rede, devido ao grande número de jogadores conectados. Foram necessárias adaptações em firewalls e antivírus para bloquear transferências de pacotes de dados relacionados ao Doom. O game ainda teve 4 sequências e pacotes de expansão, lançados ainda nos anos 90.
Curiosidade: o herói do jogo não tinha nome. Os fãs apenas o chamavam de o cara do Doom. Romero explica: “nunca houve um nome para o fuzileiro de Doom porque ele é você”.
3. Quake (1996 – idSoftware)
Romero ataca novamente! Ao contrário da natureza de ficção científica de Doom – posteriormente retomada em Quake II -, Quake se passa em um universo mais fantasioso, com uma atmosfera medieval e gótica que pode despertar medo nos mais desavisados. Também estão presentes níveis com cavernas e dragões, em um total de 32 áreas. Depois do sucesso de Doom, Quake elevou a experiência de jogar online com outras pessoas a um novo nível, com uma nova ferramenta para facilitar a busca por oponentes pela internet, o Quakespy.
A estória: um herói (novamente sem nome) foi incumbido de atravessar o portal experimental Slipgate, criado pelo governo, para deter uma ameaça misteriosa. Trata-se de um poderoso inimigo de codinome Quake, que conectou o Slipgate ao seu próprio sistema de teletransporte para enviar tropas mortíferas à dimensão dos seres humanos, com o propósito de pôr à prova as nossas habilidades de combate. Moleza, hein?
2. Duke Nukem 3D (1996 – 3d Realms)
Como falar sobre tiro em primeira pessoa sem mencionar Duke Nukem? Seria como falar sobre banho de mar no Recife sem falar dos tubarões. O terceiro título da franquia trazia, como diz o título, gráficos tridimensionais e perspectiva em primeira pessoa. Duke retorna do espaço e é atingido por inimigos desconhecidos. Ao se recuperar do impacto, encontra um cenário distópico na Terra, com aliens-policiais-porcos patrulhando Los Angeles e raptando mulheres. Duke descobre que os sequestros são apenas um pretexto para encobrir uma invasão alienígena, e viaja até o espaço para acabar com a festa. De volta a Los Angeles, Duke deverá liquidar pessoalmente o malvado Imperador Cycloid.
Duke Nukem 3D apresentava um cenário totalmente interativo. Qualquer objeto poderia ser acionado ou destruído. Era hilário ouvir o som da descarga e a frase “Ahhh… much better!” quando Duke se aliviava no mictório. Como vários jogos de tiro da época, DN3D foi alvo de grande controvérsia, não apenas pela violência mas também pelo apelo erótico: na boate havia algumas strippers que mostravam os seios quando Duke interagia com elas, oferecendo dinheiro e dizendo “Shake it, baby”. Duke também não economizava palavrões nos diálogos. A controvérsia rendeu censuras e adaptações do game em alguns países, sendo que a comercialização foi proibida no Brasil em 1999.
1. Half-life (1998 – Sierra/Valve Software)
É claro que o número 1 da lista não poderia ser outro senão Half-life. O game foi bastante aclamado e considerado um marco para da sua época. Aqui, você encarna a solidão e o silêncio do cientista Gordon Freeman, que deve sobreviver à invasão alienígena de Xen, decorrente de um experimento malsucedido na divisão de materiais anômalos do laboratório subterrâneo de Black Mesa (já notou que esses experimentos científicos complexos sempre têm consequências não previstas que fazem aparecer criaturas sanguinárias e nojentas? Pois é. Ainda bem, assim a nossa diversão está garantida…). Enquanto busca respostas, Gordon precisa enfrentar até mesmo sua própria espécie: o governo enviou forças militares para apreender, interrogar e matar todos os envolvidos, com o propósito de abafar o incidente. Na pele de Gordon, você está absolutamente sozinho nessa guerra.
O icônico pé-de-cabra virou uma espécie de símbolo do jogo. Gordon adquire outras armas ao longo da estória, mas eventualmente precisará confiar apenas no pé-de-cabra. O game teve duas sequências nos anos 2000, ganhou mais de 50 prêmios Game of the Year e estabeleceu um padrão de qualidade para todos os títulos subsequentes do gênero. Em 2008, entrou para o Guiness como o jogo de computador mais vendido de todos os tempos. Certamente a obra-prima definitiva do mestre John Romero. Assim como Doom, Half-life também ganhou toneladas de mods, sendo Counter-Strike o mais famoso.
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E você, já jogou todos esses games? Quantos você ainda joga atualmente, para descobrir ou para relembrar? Sabe de algum game que não entrou nesta lista?